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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um presente para as crianças

Por Bernadete Porto *


12 de outubro, dia das crianças! A data é facilmente vista como uma das mais importantes do calendário brasileiro. 
Infelizmente, não significa a mobilização da cidade em defesa da infância e dos direitos das crianças. Para os festejos, vemos uma corrida maluca aos shoppings e comércio, em revogando o consumismo. Temo que cada passo dado em direção a este consumo as distancie da marcha em respeito à infância, à dignidade, à felicidade e à alegria.
Hoje, em homenagem à infância, quero assumir o desejo de poder lhes presentear com grandes conquistas diante dos desafios do nosso tempo.
Assim, como quem entra numa ciranda, declaro que toda criança merece ver o mundo girar e mudar.
Que sua infância seja a mais brincante possível, refazendo os gestos mais usuais, mais antigos, mais recentes. E haja permissão e propagação da brincadeira como um direito que certifica o direito à vida. Que possam acessar os modos de brincar, das brincadeiras eletrônicas às mais velhinhas, aquelas que suas avós prometeram ensinar.
Que vocês nos permitam conhecer seus heróis e que eu possa lhe confidenciar os meus, ainda hoje requisitados nos momentos mais difíceis.
Que girando, feito carrossel, vocês saibam que a nossa cidade pode (e deve) ser um lugar de encontros, tempo de permissão à convivência saudável em espaços coletivos e públicos. Para isso, é importante que a cidade resgate seus parques, praças e pracinhas, calçadas, ciclovia e demais áreas de lazer. Que vocês possam, segura e livremente, correr por entre pedras e lagoas, praias, ruas e avenidas apreciando a natureza e as brincadeiras encantadas das fadas e sacis. E assim a infância seja o tempo de memorizar a liberdade, essa que gerará movimento para que tomem a história.
Também eu lhes desejo experiências exitosas durante a escolarização obrigatória e espero que a escola seja, de fato, um “presente”, elo ao tempo da humanidade, templo de questões, de descobertas, de possibilidades. Acredito, e acredito muito, que a escola é uma instituição capaz de cultivar seres mais cooperativos, mais risonhos. Creio no conhecimento que nasce da vida, na nossa capacidade de crescimento a partir da descoberta, da ação criadora do trabalho, manifestações que atualmente se fazem distantes das instituições de ensino. Anseio ainda que o calendário letivo incorpore diferentes modos de ser e se saber humano, celebrando a diversidade, a heterogeneidade, ambiente para consolidar e anunciar o que se pensa, como se vive ou se gostaria de viver, modos de ser, de crer e gestar esperanças. Em roda, numa grande roda, salteada pela cultura popular e pela cultura infantil lhes seja permitido aprender com liberdade e afeto.
Que em nós, adultos, haja lembrança recorrente dos verbos felicitar, amar e aprender e com vocês conjuguemos a vida diante dessa graça de ser humano, pleiteando cidadania.
Bernadete Porto
bernadete@opovo.com.br
Mestre em Educação e professora universitária

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