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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Brincando com o futuro

Por Gilberto Dimenstein

Em seu laboratório repleto de brinquedos e peças coloridas espalhadas pelas mesas, o físico Mitchel Resnick, formado em ciência da computação, está ajudando a reinventar o jeito como as crianças aprendem e, assim, formar adultos mais produtivos e interessantes. "Era da informação é coisa do passado. Estamos entrando na era da criatividade", aposta.

Dentre os vários brinquedos que nasceram em seu laboratório, há uma plataforma na internet em que as crianças montam seus próprios games e histórias digitais. As invenções são compartilhadas mundialmente, formando uma rede planetária de programadores mirins. "Queremos que eles não se satisfaçam apenas em jogar, mas em produzir seus games."

A tradução do que significaria "era da criatividade", na qual o essencial é ser um permanente inovador, começa na própria arquitetura em que está esse laboratório de brinquedos.

É uma escola sem sala de aula, onde todos, professores e alunos, estão sempre inventando alguma coisa.

A sensação que temos é que todos ali brincam com o futuro.

De todos os espaços educativos que conheci, poucas coisas me impressionaram tanto como o Media Lab, subordinado à faculdade de arquitetura do MIT. O lugar consiste em uma escola criada, como o nome diz, para reinventar a transmissão de informações.

São centenas de estações de trabalho espalhadas pelos andares, reunindo engenhocas de todos os formatos. Como não há quase divisórias, temos, à medida que vamos subindo os andares, uma visão geral ao mesmo tempo caótica e organizada.

A arquitetura transmite a mensagem de que criatividade depende de uma combinação de caos, flexibilidade, diversidade e estímulo ao contato humano.

Na semana passada, assisti à apresentação dos projetos dos alunos realizados com seus professores. Celulares criados para detectar problemas de visão; tecidos inteligentes que se adaptam ao corpo; robôs preparados para executar uma ópera no palco; carros que não poluem e cujos motores ficam nas rodas. Descobriram como fazer da mão humana um mouse. Projeta-se um teclado em qualquer parte do corpo e você passa a funcionar como um computador.

Estão desenvolvendo o que eles chamam de "computação afetiva", sistemas que permitiriam às maquinas entender as emoções humanas. Isso significa que um carro pode ajudar a prever quando alguém está tenso ou cansado pelas feições do rosto e pode enviar um sinal ao motorista. Dá até para traduzir as batidas do coração.

Mais importante de tudo é arquitetura curricular, da qual o prédio serve como ilustração. Os alunos de mestrado e doutorado do Media Lab criam suas próprias metas e dizem como vão atingi-las. Podem, por exemplo, ter aulas em diversas universidades americanas sem precisar comprovar nada. Fazem também seu próprio tempo. "Podemos escolher não fazer nenhuma aula", conta Leo Burd, formado no ITA e na Unicamp, que desenvolve pesquisas no MIT para uso da tecnologia para inclusão social. "Acabamos atraindo gente muita apaixonada", acrescenta.

O professor não tem sala de aula. Trabalha em pequenos grupos, desenvolvendo as experiências.

A flexibilidade tem um preço muito mais alto do que a disciplina. O aluno tem de apresentar algo realmente consistente, inovador e criativo -o que, claro, exige muita leitura e experimentação.

A mensagem essencial está no laboratório de brinquedos de Mitchel: para formar adultos criativos é preciso mantê-los sempre como se fossem crianças, brincando com o conhecimento.

PS - Minha descrição do que vi na semana passada no Media Lab não faz justiça ao evento. Coloquei uma seleção dos projetos no www.catracalivre.com.br. Posso garantir que estou descrevendo aqui não reflete nem remotamente a sensação que se tem vendo a descrição dos projetos.

Fonte: Portal Aprendiz

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