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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Instituto Ayrton Senna e Todos Pela Educação lançam "Caminhos para melhorar o Aprendizado"



O Instituto Ayrton Senna e o movimento Todos Pela Educação lançaram ontem, dia 28 de abril, Dia da Educação, o projeto “Caminhos para melhorar o aprendizado”. Resultado de uma extensa análise coordenada pelo pesquisador Ricardo Paes de Barros, o trabalho conta com um site (www.paramelhoraroaprendizado.org.br) que apresenta as principais conclusões de 165 estudos nacionais e internacionais com base empírica e tratamento estatístico sobre os impactos de políticas de Educação no aprendizado dos alunos.

O site apresenta uma síntese destes estudos que busca identificar, isolar e analisar o impacto de diversas características do sistema educacional, das escolas e dos professores sobre o aprendizado dos alunos, especialmente em Matemática e Linguagem. Ao todo são apresentados 25 verbetes com importantes políticas educacionais e organizados em cinco grandes áreas:


1) recursos da escola;

2) plano e práticas pedagógicas;

3) gestão da escola;

4) gestão da rede de ensino; e

5) condições das famílias.

“O objetivo deste estudo é organizar e apresentar de forma ordenada o que este vasto conjunto de estudos científicos tem a dizer sobre o desenho de políticas públicas voltadas à promoção do aprendizado em escolas e sistemas educacionais brasileiros”, explica Paes de Barros, que é também membro da Comissão Técnica do Todos Pela Educação e da Academia Brasileira de Ciências.

O projeto analisou diversos fatores que podem influenciar no aprendizado dos alunos, como a habilidade cognitiva do professor e a garantia das condições básicas para a frequência escolar e o sucesso dos alunos. As pesquisas selecionadas buscam a relação de causa e efeito e apresentam o impacto dos fatores, isoladamente, sobre o desempenho educacional.

“É um trabalho que tem o objetivo de contribuir para a implementação de políticas públicas possíveis e positivamente impactantes e também de propor um debate com todos os interessados, para que seu conteúdo possa ser melhorado continuamente”, explica Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna e coordenadora da Comissão Técnica do Todos Pela Educação. “O impacto de muitas das políticas apresentadas nesse trabalho é mais fortemente dependente da vontade polític a e da competência técnica para serem realizadas do que de recursos adicionais. É o caso das políticas de cumprimento do calendário escolar, por exemplo, com altíssimo impacto no desempenho dos alunos”, completa.

Alguns possíveis “caminhos”
Entre os resultados das análises destes estudos, destacamos quatro:

1 - Qualidade do professor

Segundo Paes de Barros, os estudos realizados na última década deixam claro que a qualidade do professor tem grande impacto sobre o desempenho educacional dos alunos. Um aluno que tem um bom professor (um docente entre os 20% melhores da rede) pode aprender durante um ano letivo 68% a mais do que se tivesse um professor ruim (entre os 20% piores da rede).

2 - Tamanho da turma

As evidências apontam que uma redução média de 30% no tamanho da turma leva a um aumento de 44% no que tipicamente um aluno aprende ao longo de um ano. O impacto da redução da quantidade de alunos por turma depende do tamanho original do grupo. Reduzir uma turma grande gera mais impacto sobre o aprendizado do que fazer o mesmo em uma turma que já é pequena.

Além disso, os efeitos variam de acordo com o ano escolar. Estudos apontam que para o 6º ano do Ensino Fundamental, por exemplo, os resultados são significativos em classes que tenham mais de 30 alunos. Para o Ensino Infantil, por exemplo, os efeitos dessa redução já começam a aparecer a partir de 20 alunos.

3- Composição das turmas

Se as escolas devem agrupar os alunos em turmas homogêneas ou heterogêneas é um tema controverso, sobretudo porque cada tipo de composição de turmas tem suas vantagens e desvantagens.

A escola tem como objetivos desenvolver habilidades principalmente em duas dimensões: cognitiva (que chamamos aqui de aprendizado) e social e de cidadania. Como o recorte desse projeto é o de estudar o impacto no aprendizado, os estudos indicam que, mantendo-se constante a qualidade do professor e do material didático, o fato de estar em uma turma homogênea aumenta o aprendizado, tanto no Ensino Fundamental como no Médio. O ganho no desempenho médio equivale a 35% do que um aluno aprende tipicamente em um ano.

4 - Calendário escolar

Há evidência científica de que não cumprir os dias letivos previstos pode aumentar a taxa de repetência, especialmente dos alunos de pior desempenho. Uma das explicações para esse resultado é que, para cumprir o currículo estipulado em um ano letivo mais curto, o professor aumenta o ritmo das aulas, passando maior volume de conteúdo em menos tempo, o que prejudica o aprendizado, principalmente, o dos alunos que apresentam maior dificuldade. Outra explicação é que o currículo é apenas parcialmente cumprido.

Os estudos – a literatura disponível concentra-se nos primeiros anos do Ensino Fundamental – apontam que, levando-se em conta um absenteísmo médio de 5% em relação ao calendário anual, um dia que o professor deixa de faltar aumenta a proficiência do aluno o equivalente a 4% do aprendizado médio anual. Em ambientes onde a taxa de absenteísmo é mais alta, o impacto na proficiência de um dia a mais de aula pode ser ainda maior.

Metodologia
O projeto “Caminhos para melhorar o aprendizado” foi elaborado a partir de evidências sobre o que é ou não eficaz para melhorar o aprendizado dos alunos.

Um grupo de 17 pesquisadores de quatro renomadas universidades brasileiras – Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec/RJ), Universidade de São Paulo Universidade (USP) e Federal de Minas Gerais (UFMG) - coordenado pelo pesquisador Ricardo Paes de Barros, analisou cerca de 600 pesquisas e selecionou as que cumpriram com os critérios técnicos definidos pela equipe para compor os verbetes e recomendações.


Foram considerados apenas os estudos com amostra de pelo menos 2.000 pessoas ou com 100 escolas/sistemas educacionais. Todas as pesquisas que não incluíam alguma forma de controle para o ambiente socioeconômico ou que não apresentavam medidas precisas das estimativas de impacto foram excluídas.


Os estudos que tratam do contexto nacional tiveram prioridade. Todos eles foram publicados em algum periódico científico (brasileiro ou internacional), em livro (ou em algum capítulo de livro), em dissertações de mestrado ou teses de doutorado, em artigos apresentados em congressos científicos ou em textos para discussão.


Com relação às pesquisas internacionais, foram consideradas apenas as publicadas como artigos em periódicos científicos, em livros (ou capítulo) ou as citadas em artigo de periódico científico. No caso dos textos para discussão, só os publicados pelo National Bureau of Economic Research (NBER) entraram nesse primeiro levantamento.

Cento e sessenta e cinco estudos (140 internacionais e 25 nacionais) atenderam aos rígidos critérios de seleção. E são estes estudos que formam a base dos 25 verbetes que compõem o site "Caminhos para melhorar o aprendizado". Cada um desses verbetes é composto por um resumo, que reúne as conclusões das pesquisas, suas limitações e possibilidades de ação. Também há notas técnicas detalhadas sobre a confiabilidade dos estudos, a possibilidade de generalização para outros contextos e a bibliografia utilizada.



Fonte: Todos pela Educação/Instituto Ayrton Senna

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