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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Conexões e complexidade

Compartilhamos abaixo texto de estreia do professor da UFBA, Nelson Pretto, como colunista do Terra Magazine, publicado no dia 15 de abril de 2011.

Nelson Pretto
De St. Andrews, Escócia

Estou agora aqui no Terra Magazine com uma escrita mais regular. Desde as primeiras conversas sobre o tema com Bob Fernandes, fiquei pensando sobre o enfoque que poderia dar à esses escritos, lidos na tela de um computador ou de um tablet, ainda caros, mas que começam a se espalhar também pelo Brasil. Educação seria o óbvio, afinal sou professor universitário, estudo e escrevo sobre o tema. Mas seria pouco apesar da sua grandeza. Cultura? Ciência e Tecnologia? Cada um deles poderia ser uma boa alternativa e, imagino, eu daria conta de dar uns pitacos nessas áreas, digamos que com alguma propriedade.

Mas separar as coisas assim, cada tema com seu especialista, pode ter sido uma boa descoberta e uma interessante estratégia da ciência moderna pós Galileu, Newton e, principalmente Descartes. Deu certo e ainda dá muito certo, claro, embora não dê conta de tudo.

Reconhecendo a importância dos colegas que aqui e acolá falam e escrevem sobre temas específicos, nesse espaço vou escrever de forma mais livre, buscando fazer conexões entre todos esses temas e, as vezes, mais alguns. Vamos, portanto, fazer muitas Conexões, neste complexo planeta. O mote maior será a educação, por certo.

A ideia é ligar tudo, dar liga às coisas, articular, buscar fazer os links entre todas essas áreas, pontos e contrapontos das diversas questões que perpassam esses temas.

Uma segunda questão que me foi logo posta era de onde eu estaria escrevendo. Huumm, pensei um pouco e percebi o tamanho e a complexidade da questão. Em princípio, escrevo de Salvador, na Bahia. Portanto, culturalmente este é o background que estará aqui sempre presente. Mas, de onde escrevo mesmo? Não faz diferença, pois as tecnologias digitais da informação e da comunicação passam a representar, neste aspecto, o grande salto de qualidade do mundo contemporâneo. Podemos estar em todos os lugares, sem sair geograficamente do nosso canto.

Por isso a importância do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que não consegue dar a largada definitiva por inúmeros problemas e que não podem ser relegados à segundo plano. Já circula na internet um manifesto sobre o tema e o Congresso Nacional está rediscutindo a lei do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, o famoso FUST, que acumula mais de 9 bilhões de reais. Da nossa experiência na implantação do projeto "Um Computador por Aluno (UCA)" na Bahia, vemos que a questão da conectividade das escolas é um dos maiores entraves para que o projeto possa, efetivamente, se implantar.

Portanto, para não perder o fio da meada, pouco importa de onde escrevo. Hoje, onde quer que estejamos, podemos ter acesso às informações e, principalmente, escrever e emitir opiniões. Sermos escritores, manifestarmos-nos por todas as vias, seja através de um comentário ai embaixo, no próprio Terra Magazine, nos twitters da vida, blogs, redes sociais e tantos outros meios que já não são só meios, são inteiras possibilidades de manifestação da cidadania. Para tanto, usamos toda a infraestrutura disponível, desde as Lan Houses, hoje responsáveis por mais de 50% dos acessos à internet no Brasil, até os celulares, presentes em uma média de 1,1 aparelho celular por habitante, constituindo-se assim, num enorme nicho para a produção e circulação de informações.

Agora mesmo escrevo da cidade de St. Andrews, na Escócia. Pequena cidade que começou a ser construída em 1.161, contando hoje com pouco mais de 16 mil habitantes e a mais antiga universidade da Escócia, fundada em 1.413. Curioso é que, ao contrário de nossas cidades no interior do Brasil, a pequena St. Andrews possui três livrarias e uma grande e histórica biblioteca, aberta ao público.

Acesso aos meios e uma população fortalecida em sua formação básica e continuada são condições mínimas para compreendermos a complexidade do mundo contemporâneo. Muitas conexões ainda precisam ser feitas. E as faremos!

Nelson Pretto é professor e já foi diretor (2000-2004 e 2004-2008) da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Membro titular do Conselho de Cultura do Estado da Bahia. Físico, mestre em Educação e Doutor em Comunicação.

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