Compartilhamos abaixo matéria publicada no site Porto Net, da Universidade do Porto, sobre Educação para a Mídia em Portugal. Boa leitura!
Em Portugal falta formação, investigação e uma política pública que incentive e apoie a Educação para os Media, revela um estudo português.
"A Educação para os Média em Portugal", investigação feita pelo o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (UM), incide sobre a situação actual da Educação para os Media em Portugal, procedendo a um "levantamento de projectos, iniciativas, actividades e experiências desenvolvidos nos últimos anos, identificando temáticas e actores".
Portugal não está "propriamente num deserto ao nível da Educação para os Media", diz a professora responsável pelo estudo [PDF], Sara Pereira. "Há experiências muito ricas, projectos muito interessantes". No entanto, são trabalhos "fragmentados, com pouca continuidade e pouco conhecidos", explica.
Opinião semelhante é a de Manuel Pinto, coordenador do estudo. "Há nichos em várias zonas do país que têm cultivado a Educação para os Media", sobretudo ao nível do "cinema e do jornalismo escolar e, mais recentemente, da Internet". Porém, este tipo de educação "não tem sido muito cultivado em Portugal" e é uma área "muito carente de atenção", explica. Esta falta de atenção pode dever-se, segundo Manuel Pinto, a um "recuo na formação de professores nas instituições universitárias" e ao destaque dado por Bolonha "às formações mais centrais, como a Matemática e as Ciências, escorraçando para as bordas" a Educação para os Media.
A escassez de políticas públicas que "incentivem, apoiem e enquadrem" a Educação para os Media pode também ser uma justificação. "Na verdade, uma educação a este nível não tem sido uma prioridade para as entidades governamentais, independentemente da orientação político-partidária. Ao contrário do que tem acontecido com todo um outro conjunto de 'educação para...' (para a saúde, para o consumo, entre outras), a 'para os media' tem colhido pouco interesse", diz o estudo.
Esta falta de interesse por parte das entidades governamentais pode dar origem a "outro tipo de analfabetismo no plano da vida cívica, da participação, da informação". Hoje, além de ler, escrever e contar, é preciso "educar para a imagem, para o multimédia, para as redes e tecnologia". Manuel Pinto considera que "as coisas estão muito polarizadas em torno das tecnologias", pois fala-se no "acesso aos computadores e à internet", mas há “menos preocupação com os conteúdos". "O acesso não garante literacia, capacidade de navegação crítica, de segurança", alerta.
O que falta a Portugal
Os media são, cada vez mais, "uma dimensão e um ambiente que marca a vida das pessoas e dos grupos sociais" e nesse sentido é preciso fazer algo para que Portugal desenvolva a Educação para os Media. Uma das recomendações feitas pelo estudo da Universidade do Minho prende-se com a "necessidade de investigar as práticas, métodos, impacto e orientações" da temática. Além disso, "apostar na formação de professores e na introdução dos conteúdos ligados à Educação para os Media" constitui também um ponto importante, diz o estudo.
É ainda fundamental a existência de uma política pública que "crie quadros de incentivo e tome a Educação para os Media como uma preocupação, inscrevendo-a na agenda pública, como uma questão de cidadania, de qualidade de vida", já que este tipo de educação pode ser um "forte empurrão no combate à infoexclusão de muitos cidadãos", argumenta Manuel Pinto.
"Educação para os Media em Portugal" foi encomendado pela Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC) e é um dos poucos estudos existentes em território nacional sobre a temática. Resta esperar que "o futuro não seja igual ao passado" e este estudo incentive novas investigações na área, porque "a roda já está inventada e agora tem que se lhe dar novas utilidades", remata Sara Pereira.
Fonte:Jornalismo Porto Net/ Foto e Texto: Sandra Gomes 07/04/2011
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