O Projeto Vamos Ler, do Jornal da Manhã, e o Serviço Social do Comércio (SESC-PG), trazem a Ponta Grossa(PR) o jornalista e educador Alexandre Sayad.
Especializado em Direitos Humanos, Sayad dedica-se a projetos interdisciplinares desde 1999. Já foi colaborador na revista Educação e no Guia do Estudante. Junto com Gilberto Dimenstein, fundou a Cidade Escola Aprendiz, uma associação que desde 1997 desenvolve metodologias e estratégias sociais que promovem a integração entre escolas, famílias e comunidades. Também participou da criação da Rede ANDI – Comunicação e Direitos e da Rede CEP – Comunicação, Educação e Participação. Eu fiz uma entrevista pingue-pongue com ele sobre educação, mídia e inovação. Confiram:
Especializado em Direitos Humanos, Sayad dedica-se a projetos interdisciplinares desde 1999. Já foi colaborador na revista Educação e no Guia do Estudante. Junto com Gilberto Dimenstein, fundou a Cidade Escola Aprendiz, uma associação que desde 1997 desenvolve metodologias e estratégias sociais que promovem a integração entre escolas, famílias e comunidades. Também participou da criação da Rede ANDI – Comunicação e Direitos e da Rede CEP – Comunicação, Educação e Participação. Eu fiz uma entrevista pingue-pongue com ele sobre educação, mídia e inovação. Confiram:
Talita Moretto: Por que você optou por trabalhar com educação dentro de sua carreira em jornalismo?
Alexandre Sayad: Comecei minha carreira cobrindo a área de educação para veículos especializados. Achava que o tema importante e via apenas em um ou outro jornalista uma cobertura de qualidade. Isso aconteceu por volta de 1996, quando eu ainda estava na universidade e a educação não tinha o status que tem hoje como chave para o crescimento do Brasil. Foi quando fui morar em Londres e conheci muita coisa nova por lá que o Brasil ainda não sonhava desenvolver. A BBC e sua página de educação online era uma delas. Quando voltei, pensei: quero pular para o outro lado do balcão; quero usar a comunicação para algo maior. Conheci o Gilberto Dimenstein que voltava de Nova York com as mesmas inquietações. Ele estava montava a ONG Cidade Escola Aprendiz e me chamou para experimentar, com um grupo de estudantes, a aventura de se produzir mídia. Topei.
TM: Como era a escola na época em que começou a desenvolver o programa Idade Mídia, no Colégio Bandeirantes?
Sayad: A rede pública estava se expandindo e perdendo qualidade, rumo à universalização. Os primeiros indicadores de qualidade eram criados pelo INEP. A educação privada pouco inovava e o vestibular era o único “ponto de chegada” e referência de quem concluía o ensino médio. Faltava ousadia.
TM: Como os veículos de mídia encaravam a educação há 10 anos em comparação com hoje? Existe mais abertura, preocupação, ou até mesmo interesse em pautar a educação?
Sayad: A internet era quase inexplorada quando comecei, mal havia blogs e o discurso de que ‘seremos todos produtores de comunicação’ era uma aposta. A TV aberta ainda imperava e a educação era um editoria que, muitas vezes, existia dentro de Cotidiano ou Cidades. Hoje a educação ganhou outra importância na agenda pública brasileira; alguns veículos investem mais na cobertura por isso, e a qualidade da cobertura também melhorou muito.
TM: Você acredita que a escola está preparada para inserir a mídia no currículo atual?
Sayad: Não está. Também não está preparada para desenvolver o tal “ensino médio inovador” proposto pelo MEC. Quem manda hoje na educação são os sindicatos. O governo não investe tanto em formação profissional quanto deveria. Então a escola continua iluminista, engessada. Dificílimo mexer no currículo sem acertar esses pontos.
TM: Como as novas tecnologias interferem no papel do professor?
Sayad: Quando elas deixam de ser usadas como fetiche ou de forma tradicional, elas têm o poder de virar a lógica do aprendizado de cabeça para baixo, abrindo para o estudante o protagonismo na construção do conhecimento. Elas aceleram essas saudáveis transformações e possibilitam que projetos ousados nasçam na escola. Por outro lado, tem escola que usa computador como máquina de escrever e tablet como calculadora; voltamos ao tema da capacitação e formação continuada de professores.
TM: De que forma é possível Inovar na escola com a ajuda da Comunicação?
Sayad: Quando empoderamos o estudante para produzir sua própria comunicação, criar seu projeto de mídia, damos espaço para que ele aprenda fazendo o que sabe de melhor: criar, inventar. Abrimos a porta à experimentação, ao erro, ao aprender fazendo, à leitura critica dos meios e ao encanto da possibilidade. A palavra “adolescente” tem suas raízes latinas o significado de “exalar”; os jovens estão acontecendo, estão exalando um perfume existencial. Não podemos, como educadores, ignorar e sufocar isso. Escola deve ser espaço de criação.
Fonte: Sala Aberta
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