Professora no Centro Municipal de Educação Infantil Colemar Natal e Silva, em Goiânia, há cinco anos, Ângela de Lourdes Rezende e Araújo integra o grupo de vencedores da quinta edição do Prêmio Professores do Brasil. Ela concorreu com o projeto Brincadeiras de Crianças e Possibilidades de Integração com a Família. Desenvolvido inicialmente com 20 alunos da educação infantil, na faixa etária de cinco anos, o trabalho, voltado para o resgate de antigas brincadeiras, atraiu as famílias para a escola.
Moradora de Hidrolândia, a 30 quilômetros da capital, Ângela leciona desde os 16 anos, quando concluiu o curso de nível médio de magistério. Naquela época, descobriu a paixão pelo ensino. Mesmo lecionando em escolas públicas, nas quais, às vezes, faltam recursos para efetivar determinadas propostas de trabalho, ela garante que o mais importante não lhe falta: “Entusiasmo, criatividade, predisposição interna para a mudança, bem como o desejo de cativar as crianças e criar propostas inovadoras, que tornem as aulas mais criativas e façam a diferença na vida dos educandos”.
Formada em pedagogia, com especialização em planejamento educacional e psicopedagogia, ela acredita que o trabalho do educador produz a diferença quando ele gosta do que faz e busca uma formação continuada. “É preciso valorizar muito o professor”, salienta.
Na opinião de Ângela, o magistério é uma profissão capaz de formar pessoas que veem e compreendem a realidade, atuando nessa realidade como elemento de mudança e transformação. “Enquanto educa, o professor forma mentalidades que podem exercer a cidadania e lutar por uma sociedade mais justa e igualitária”, ressalta.
A professora revela que seu trabalho é todo subsidiado por projetos, originados principalmente dos interesses e necessidades do grupo de alunos. “Ao trabalhar com projetos, tornamos nosso currículo mais dinâmico, rico e significativo”, diz. Para ela, os projetos também permitem que a interdisciplinaridade ocorra de forma natural, além de instigar o interesse das crianças e o engajamento da família nas propostas de trabalho. Possibilitam ainda o entrelaçamento dos conhecimentos científicos e não científicos e permitem que as crianças se considerem integrantes do processo. “Aos poucos, elas vão se apropriando de nossa cultura e construindo seus conhecimentos”, enfatiza.
Resgate — O projeto premiado resgatou brincadeiras do tempo em que os pais dos estudantes eram crianças, de modo a ampliar o repertório de atividades lúdicas no cotidiano dos alunos. Procurou, também, integrar o estudo da vida e da obra de Cândido Portinari (1903-1962), com suas brincadeiras populares infantis. Uma parceria com a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Goiânia valorizou a prática da inclusão. Outra preocupação do projeto foi a de desenvolver experiências significativas por meio de múltiplas linguagens para incentivar a interação entre as crianças e promover a aprendizagem.
De acordo com Ângela, foi possível observar, na prática, que o resgate de brincadeiras mais antigas aproximou os pais da escola, abriu espaço para a criatividade e tornou as crianças mais amigas umas das outras. Contribuiu ainda para a valorização de brincadeiras que estavam esquecidas. “Notamos que o projeto permitiu uma prática mais reflexiva, que valorizou o conhecimento de mundo das crianças, de forma que esse conhecimento fosse vivido, sentido, percebido e explorado por meio de situações diversas”, argumenta a professora. Ela conclui que o trabalho permitiu o entrelaçamento entre o brincar, o cuidar e o educar, ao reconhecer a criança como sujeito de direitos com poder de imaginação, fantasia e criatividade.
Fonte: Portal do Professor/MEC Fátima Schenini 24/02/2012
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