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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Participação Social na Era Digital

Compartilhamos abaixo algumas reflexões da jornalista Talita Moretto, coordenadora do Projeto Vamos Ler, de Ponta Grossa/PR,sobre a Mesa "Participação Social na Era Digital", que aconteceu na Campus Party/ EducaParty, em São Paulo, entre os dias 6 e 12 de fevereiro. Apesar do evento já ter acabado há um tempinho, achamos que vale a pena refletir sobre o tema da mesa.
"Participação Social na Era Digital” 
Participantes: 
  • Ricardo Poppi - Assessor da Secretaria Geral da Presidência da República e responsável pelo projeto do Portal de Participação Pública Queremos Saber;  
  • Daniela Silva - Fundadora da Casa da Cultura Digital e da comunidade Transparência Hacker, coordenadora do projeto Ônibus Hacker; 
  • Everton Rodrigues - Gestor de mobilização e redes sociais do Gabinete Digital do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Portal de Comunicação Direta dos Gestores Públicos com os Cidadãos;
  • Mediação de Patrícia Santin - Gerente da Área de Infância e Adolescência da Fundação Telefônica | Vivo.

Reflexões:
A conversa transcorreu sobre democracia na rede. O que seria? Podemos publicar, escrever, manifestar nossas ideias e navegar por todos os ambientes sendo suportados pelo glorioso direito democrático de ir e vir? Ou apoiados na liberdade de expressão? 

A internet é democrática?
De-mo-cra-ci-a: sistema comprometido com a igualdade ou distribuição igualitária de poder (Definição 2, em Dic. Houaiss – 2009).

Ao pesquisar a palavra, refletir e entender o significado, muitos diriam que sim, a internet é democrática. Nela podemos divulgar nossas palavras da forma que desejarmos, e vai ler quem quiser. Bem democrático!

Alguns diriam não, porque nem todos os assuntos são bem vistos mesmo aos olhos daqueles que não leem, que só passam por ali. Não é nada democrático limitar as formas de expressão!
Outros poucos diriam que ela tenta, mas impõem termos de utilização para qualquer passo dado dentro da grande ‘teia’, termos que acredito eu, a minoria lê, ou lembra que existe. Ela é mais ou menos democrática!

Vocês sabiam que o princípio de qualquer rede social não é haver líder? A ideia de hierarquia passa longe, já que, ao entrar em uma rede social o princípio é que você se torne um elemento que, como os demais, deve compartilhar suas ideias, criticar quando desejar, discutir, participar ativamente das decisões, interagir, e deve ser respeitado em todas as ações. 

>>Você sabe o que é uma rede social? Facebook não é uma rede social.
>> A internet é democrática?
Uma das questões levantadas durante o debate foi se os professores ainda têm medo de trabalhar a interdisciplinaridade, principalmente, quando essa vem de mundos virtuais, onde uma quantidade imensurável de recursos e conteúdos são expostos, onde a leitura, em muitos casos, é feita de forma diagonal, em pedaços, fragmentada.

>>O que é interdisciplinaridade? 
Se eu pegar um texto de outra disciplina e levar para minhas aulas estarei atuando na prática pedagógica de forma interdisciplinar?

 >> O ensino é concebido de forma centralizada ou descentralizada? >>O ensino é democrático?
Pegando como gancho a leitura fragmentada… isso acontece porque as pessoas, na rede e fora dela, nos dias atuais, fazem muitas coisas ao mesmo tempo e acabam perdendo o foco, a direção, em meio a tantas informações impostas. Um sintoma [ou um comportamento] típico de quem utiliza muito as tecnologias digitais: quer estar ao mesmo tempo, em todos os espaços, usufruindo de todas as ferramentas, e consumindo informação em fragmentos.

Mas, seria a informação um produto a ser consumido? Nós consumimos informação de forma democrática?
No mesmo momento em que juntamos esses fragmentos em nossa leitura rápida e fragmentada, compartilhamos ideias a esmo, incontrolavelmente, nos sentindo heróis por estarmos presente na rede 24 horas no dia [sim, porque mesmo enquanto não estamos logados, nossos trilhões de links compartilhados ainda permanecem nas discussões dos que ainda não dormiram].

Mas essas ideias continuam ali, junto a manifestos, conjunturas, descrenças, gritos de revolta. E enquanto não colocarmos nossas ideias em ações, enquanto não descruzarmos os braços para fazer acontecer, enquanto não pararmos de esperar que a ideia compartilhada será lida por uma terceira pessoa que seria a responsável por tirá-la da tela do PC, a responsável por transformar a ideia em prática, talvez nunca entendamos o que é a democracia e a complementaridade do saber.

Talvez a democracia esteja na humildade de aceitar que o conhecimento não é construído por um único indivíduo, com uma única palavra, isoladamente, mas que ele é colaborativo. Não aprendemos sozinhos e não podemos ser egocêntricos a ponto de não compartilhar nossos aprendizados. Nosso saber é fruto da simplicidade daquele que foi capaz de ceder o que aprendeu, para que desse conhecimento nos alimentássemos e transformássemos novos saberes… para serem compartilhamos.

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