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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uso de jornais em sala de aula incentiva estudos


Ela consegue, diariamente, uma proeza: conquista o respeito e o carinho -a ponto de ganhar vários abraços- dos seus alunos. O burburinho da turma do segundo ano do Ensino Médio, com 45 adolescentes agitados, logo dá espaço ao silêncio. Basta ela pedir. E não é à toa. Afinal, são 25 anos de experiência. Só no Centro Educacional 01 do Cruzeiro Velho, a professora Maria de Deus Coelho Rocha Faria, mais conhecida como Deusinha, leciona há 20 anos.


Há três anos, está à frente do "projeto letramento", iniciativa que mistura o uso de revistas, jornais e filmes no aprendizado da língua portuguesa. "É uma das únicas escolas que oferece esse programa - já bem difundido no ensino fundamental- para o ensino médio", explica Deusinha. "Dá oportunidade para os alunos descobrirem seu talento na produção de textos e no conhecimento do mundo como um todo ", acrescenta.


E as aulas dinâmicas têm dado certo. Thaylene Muniz, 15, é uma das alunas de Deusinha. "Acho esse tipo de aula bem legal. Você aprende mais dessa forma", conta. A mais nova da sala - Swysy Aley, 15, amiga de Thaylene, concorda. "É ótimo, é um incentivo à leitura e o jornal passa muita informação", diz a jovem que pretende cursar Direito ou Arquitetura na faculdade.

Os exercícios variam. Dentre as tarefas relacionadas à leitura do jornal, estão as de realizar resenhas, escrever redações e substituir palavras por outras com mesma sintaxe. "Já colhemos o resultado desse trabalho. Nove estudantes ingressaram na Universidade de Brasília (UnB), 8 no UniCEUB e três na Upis. E você consegue tirar muita gente da margem do risco", orgulha-se a professora. "A aula tem que ser dinâmica, se não eles não aguentam. É diferente para eles. Acho que para o ensino médio é fundamental", avalia.


E a sala de aula ganhou contornos diferentes. As paredes são decoradas com desenhos de bichos africanos e com o mascote da Copa Mundial de Futebol da África do Sul. Tudo pintado pelos estudantes. Além das tradicionais cadeiras, há uma rede, três puffes coloridos e tapete, comprados pela própria professora. O objetivo é criar um ambiente de estudo mais descontraído, que incentive a leitura.

"A gente fica mais animado", comenta o estudante Júlio Kellson Rodrigues do Nascimento, 16. O colega de turma Raílson Conceição compartilha da mesma opinião."É uma forma mais divertida de aprender", garante o estudante , que já publicou 500 exemplares de um livro de poemas escritos por ele. "Eu sou de Caixias, do Maranhão. É a terra de grandes poetas, como Gonçalves Dias", brinca.

A vice-diretora da escola Gilda Lúcia Duarte conta que a ideia de oferecer esse tipo de aula surgiu por meio de uma oficina promovida pela Secretaria de Educação. O objetivo era desenvolver um projeto para resolver as dificuldades da escola. "O jornal foi um apoio mais atualizado e com mais riqueza para desenvolver essa iniciativa", diz. Dentre as vantagens, Gilda destaca uma melhora dos alunos no desempenho da produção de textos e um aprimoramento no vocabulário. E, o sucesso é tanto, que alguns cadernos- como o de Esportes- chegam a ser disputados. "Espero que o projeto continue, os jornais são diariamente utilizados pelos alunos", afirma.

Fonte: CorreioBraziliense/ Cecília Pinto Coelho/ Foto de Rafael Ohana (Maio de 2011)

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