Boa leitura!
Um livro simples, mas não simplista. Gostoso de ler e esclarecedor. Acessível a qualquer pessoa. Uma porta aberta pra que tanto educadores já acostumados ao mundo virtual, quanto aqueles que estão pensando em aderir agora, possam conhecer melhor os meandros das redes e comunidades de aprendizagem e saber como aproveitá-las melhor. Mais do que isso, um livro que mostra as diferenças entre elas e que surgiu após o mestrado de Jaciara de Sá Carvalho, na Faculdade de Educação da USP, sob orientação do Profº Dr. Nilson José Machado.
Jaciara inicia seu percurso trazendo ao leitor alguns aspectos das culturas e valores do ciberespaço, citando autores como Piere Lévy, Postman e Castells, ressaltando que não se deve pensar na incorporação de tecnologias à educação sem que haja uma reflexão sobre seus objetivos, sem que se pergunte a serviço de quem e do que elas estão, como estimulava Paulo Freire. E a autora deixa logo clara a sua posição: “Este livro trata do ciberespaço como uma tecnologia que pode ampliar a comunicação humana e estimular a adoção do paradigma educacional defendido há muito tempo, mas tão pouco praticado: o da aprendizagem colaborativa”.
Após um rápido histórico sobre a internet e uma reflexão sobre as culturas e comunidades advindas a partir dela, Jaciara começa a apresentar as diferenças entre Redes de Aprendizagem online e Comunidades Virtuais de Aprendizagem, “agrupamentos do ciberespaço organizados para um processo de ensino-aprendizagem”. Você saberia dizer a diferença entre uma e outra?
Segundo Jaciara, as características distintivas de uma Rede de Aprendizagem online seriam: objetivo educativo explícito; planejamento e um ou mais educadores entre os participantes da rede. Lembrando que os participantes não estão apenas trocando informações, mas elaborando conhecimento, que é o que um processo de ensino-aprendizagem pressupõe. Da mesma forma, cabe ao educador no ciberespaço ter uma postura de autoria também e atuar junto aos atores da rede, estimulando-os e intervindo quando preciso, pois é a partir da ação de uma pessoa que as outras ações, diálogos, etc, podem ser desencadeados. E, se não há manifestação, como pode haver interação?
Se você está em um grupo e há colaboração freqüente, saiba que você está em uma comunidade. Isso não quer dizer que uma seja melhor do que a outra, apenas diferencia as duas e mostra que uma rede tem suas singularidades e dinâmicas próprias, em um ritmo diferenciado, adequado aos participantes do grupo, que a seu tempo constroem seus conhecimentos e vão mudando práticas.
Jaciara cita o autor Bento Silva para destacar que as comunidades virtuais de aprendizagem remetem aos movimentos da Educação (Escola) Nova, que teriam princípios da aprendizagem construtivista e do uso de metodologias ativas, “centradas na realização de projetos, na resolução de problemas, e na aprendizagem cooperativa” (p.72). Seguindo essa linha de pensamento também não podemos deixar de pensar em Vigotski e sua aprendizagem como resultado de relações entre um grupo, uma comunidade.
A partir de sua própria experiência como aluna do curso “Ensinando em Ambientes Virtuais 1”, oferecido pelo programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e ministrado pela professora Vani Kenski, a autora foi mapeando alguns indicadores de formação de uma comunidade em situação de aprendizagem: “reciprocidade permanente, compromisso implícito, iniciativa, informalidade, colaboração e intervenção pontual do educador”.
Jaciara também refere-se aos educadores blogueiros da lista de discussão Blogs Educativos, de 2008 e ao projeto Rede de Aprendizagem online Poies (Professores Orientadores de Informática Educativa) do Butantã/SP, o que confere ao livro um frescor advindo de sua capacidade de transpor para o papel as experiências que teve no mundo virtual e o que aprendeu nesse espaço.
Para acessar o PDF do livro basta clicar em: http://www.paulofreire.org/Crpf/CrpfAcervo000229
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