Proibir telefone celular em sala de aula é ineficaz, dizem pesquisadoras ouvidas pelo R7. Os alunos driblam o veto facilmente e continuam usando os aparelhos nas escolas. A afirmação foi feita no dia 26 de abril do ano passado, dez dias depois que a Secretaria de Educação do RJ baniu o uso de celulares, bonés e das chamadas “pulseiras do sexo” nos colégios municipais. A capital paulista tem proibição similar quanto ao uso dos telefones. Pelo menos quatro Estados – Ceará, Rondônia, Pará e Rio Grande do Sul – também vetam os aparelhos nas escolas.
As mochilas dos alunos não são revistadas, diz Maria Elizabeth Almeida, professora de educação digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ela ressalta que isso não é o ideal a ser feito, e que o correto seria orientar os estudantes sobre o uso do aparelho. “Os jovens usam pouco os celulares para falar. Eles preferem mandar mensagens, ouvir música, fazer fotos e vídeos. Por que não usar essa tecnologia de forma integrada com as aulas? É um potencial que pode ser aproveitado, a médio prazo, pelos colégios públicos, já que os aparelhos estão nas mãos da maioria dos adolescentes”, acredita a educadora.
Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rosa Viccari também é contra vetar o aparelho. Ela conta uma experiência bem-sucedida que viveu na Finlândia, sobre o uso de celular nas escolas: “Acompanhei uma aula de biologia em um colégio para crianças. Elas fizeram uma trilha na natureza, e os celulares que usavam trazia a rota gravada em um GPS (sistema de localização digital). Os jovens também eram orientados a tirar fotos de plantas e animais encontrados no caminho e enviar, em tempo real, para o computador da escola”.
As duas participaram de um pré-encontro da conferência internacional sobre o impacto dos TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) na Educação, preparada pela Unesco (órgão da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura). Elas ponderam que os governos estaduais e a União deveriam pensar em políticas públicas que aproveitassem as tecnologias disponíveis, como celulares e câmeras fotográficas digitais, nas escolas. “As TICs vão além do uso de computadores e notebooks. É hora de correr atrás de uma integração dos aparelhos tecnológicos que já existem, levando em conta o ensino”, acreditam as professoras.
Fonte: noticias.r7.com/ Rafael Sampaio e Sala Aberta
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