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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rio+20 inspira colégios a trabalhar temas ambientais e interdisciplinares

No Curso e Colégio pH, o Projeto ONU simulou o encontro da Rio 20 que debaterá o desenvolvimento sustentável. Foto:  Divulgação
No Curso e Colégio pH, o Projeto ONU simulou o encontro da Rio 20
que debaterá o desenvolvimento sustentável

Foto: Divulgação


Os antigos e tombados muros brancos da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Luiz Delfino, no Rio de Janeiro, hoje estão tomados por
desenhos de globos terrestres, pessoas de mãos dadas, flores e um 
mar onde nada uma baleia. As ilustrações foram feitas pelas próprias 
crianças, em uma atividade organizada pelo colégio inspirada na 
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
A ação mostra que a Rio+20, além de mobilizar chefes de Estado em
torno de discussões sobre o meio ambiente, também motiva debates
nas escolas e instiga alunos a refletirem sobre o tema.


"O concurso foi feito para levar as discussões para fora da escola e
transformar o muro em um grande papel", afirma o diretor da instituição,
Luiz Claudio Felix. Além dos desenhos, o colégio estimulou os alunos a
se manifestarem por meio da escrita. Ao participar de um fórum com
outras escolas do bairro da Gávea para debater questões relacionadas
ao desenvolvimento sustentável, estudantes do 5º ano produzirão uma
carta endereçada ao prefeito. "A intenção é que se coloque objetivamente
o que as crianças esperam que vá acontecer como produto da Rio+20",
diz o diretor.


Outra iniciativa foi mobilizar os jovens a enviar redações com o tema
sustentabilidade para a campanha Ao Redor da Iberoamérica - concurso
nacional cujos primeiro e segundo lugares do Estado ficaram com alunos
da Luiz Delfino. "As crianças produziram textos com desejos do que queriam
para melhorar o planeta. Elas estão cobrando bastante essa questão", 
ressalta Felix.


A mesma reflexão foi promovida pela Escola Municipal Portugal, cujos
alunos do 5º ano que participam do grêmio estudantil venceram um 
concurso de redação sobre o tema promovido pela Secretaria Municipal
de Educação. Como prêmio, o texto será entregue às autoridades da
conferência. "Os alunos pediram que os governantes pensem no futuro
do planeta, vejam o que o desenvolvimento desenfreado causa à Terra
e que reflitam as decisões de como tornar o mundo melhor", afirma o
coordenador pedagógico da instituição, Alexandre Roque de Araujo.


A carta foi escrita com base nos conhecimentos adquiridos pelas 
crianças desde o ano passado, quando a escola iniciou o projeto 
Os Quatro Elementos, no qual eram estudados problemas ambientais
ligados a ar, água, terra e fogo. Para aprofundar os trabalhos e dar
prosseguimento aos estudos, neste ano as crianças se envolvem no
projeto Em Busca da Escola Sustentável a fim de pensar o meio 
ambiente sob a ótica econômica, social e ambiental. Segundo Araujo, 
o evento que ocorre neste mês é utilizado para contextualizar os estudos
teóricos promovidos pelas disciplinas. "A gente trabalha em cima de
informações para discutir o que foi a Rio92 e a Carta da Terra, além 
de falar da Rio+20, dizendo o que é, qual a importância desse evento
e os rumos que o planeta pode tomar no futuro", relata.


Ensino médio trabalha evento em diferentes disciplinas
No Curso e Colégio pH, o debate sobre a Rio+20 começou no ano passado.
O Projeto ONU, realizado por alunos do ensino médio, simulou o evento que
debaterá o desenvolvimento sustentável. As turmas foram divididas em
grupos, cada um representando uma nação. Para defender os interesses
do país, os jovens precisaram estudar a história e a cultura nacionais - como
se fossem as autoridades que participarão da conferência. Os discursos foram
feitos em português e inglês, para treinar o idioma. "Cada aluno pensa como
um país, que vai apresentar seus problemas. Para isso, eles se caracterizam
com as vestimentas típicas e incorporam o lugar, para pensar e defender suas
ideias", explica o diretor de ensino Rui Alves Gomes de Sá.


Dando continuidade à iniciativa, os alunos agora fazem o mesmo em um estudo
de não proliferação de armas, utilizando os conhecimentos de debates feitos
no Projeto ONU e defendendo pontos de vista tão opostos como os dos Estados
Unidos e do Irã. Somam-se a isso os conteúdos aprendidos nas aulas de
Atualidades - disciplina disponível para alunos dos ensinos fundamental e médio
na qual são utilizadas questões do cotidiano para refletir sobre ética e moral.


Gomes de Sá explica que a Rio+20 serve como exemplo para pensar sobre o 
desenvolvimento econômico aliado à sustentabilidade. "A gente aproveita
esse evento para contextualizar de forma pedagógica tudo o que ensinamos e,
a partir daí, estimular os alunos na questão de valores morais, éticos e de
cidadania, fazendo com que possam discuti-los durante todo o ano", destaca.
Dentro das salas de aula do Colégio Santo Inácio, o evento é utilizado como
meio de intensificar os conteúdos já trabalhados, explica a professora de
geografia e coordenadora do projeto Sustentabilidade, Lídia Bronstein.


"É um gancho muito bom para julgar políticas, políticos e ações, além de
diferenciar a ação concreta do discurso e da retórica", reflete. Desde
os anos iniciais, os pequenos visitam lixões ou praias para entrar em
contato com realidades diferentes e desenvolver uma consciência a
respeito do ciclo ecológico.


Os mais velhos, no ensino médio, conta Lídia, vão à Baía da Guanabara
para ficar cara a cara com os problemas ambientais estudados nos livros.
"Eles vão para ver a ocupação desordenada, o lixo e a ocupação irregular
e perceber que a cidade é um retrato da ação individual, coletiva, econômica
e política. Tudo isso é perceptível lá", afirma.


Ela diz que, há 30 anos, conceitos como sustentabilidade e ecologia ficavam
fora da esfera de debates da sociedade, restritos ao campo da ciência. Hoje,
no entanto, o assunto está na mídia e nas escolas. "A gente trabalha leituras
de jornais com os pequenos, para que o cotidiano seja associado ao
aprendizado. São vários os questionamentos feitos: 'por que a cidade
vai parar por três dias?', 'por que a cidade vai receber chefes de
Estado?'", explica.


"A Rio+20 é uma revalorização do assunto, usada como condição
de contextualizar tudo o que eles normalmente acompanham, além de
ratificar o que já foi discutido, planejado e engajado em outros projetos",
observa.


Sobre a Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes
e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o
futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, que ocorre até o dia 22 na cidade, deverá contribuir para a
definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas
décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.


Depois do período em que representantes de mais de 100 países
discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou
quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Até amanhã, ocorre
no Riocentro o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de
diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.


Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes
mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama,
a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. 
Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, 
que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim,
o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

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