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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Por que a educação moderna criou adultos que se comportam como bebês

Saiba como enfrentar esse problema e incentivar a autoestima de crianças e adolescentes na medida certa

Camila Guimarães e Luiza Karam, com Isabella Ayub

Mimados (Foto: Marcelo Spatafora)

Capa Época 739 (Foto: Marcelo Spatafora)


O que aconteceu nos dias seguintes deixou McCullough atônito. 
Ao chegar para trabalhar na segunda-feira, notou que havia o 
dobro da quantidade de e-mails que costumava receber em 
sua caixa postal. 
Paravam na rua para cumprimentá-lo. Seu telefone não parava 
de tocar. Dezenas de repórteres de jornais, revistas, TV e 
rádio queriam entrevistá-lo. Todos queriam saber mais sobre 
o professor que teve a coragem de esclarecer que seus alunos 
não eram o centro do universo. 
Sem querer, ele tocara num tema que a sociedade estava louca
para discutir – mas não tinha coragem. Menos de uma semana
depois, McCullough fez a primeira aparição na TV. Teve de 
explicar que não menosprezava seus jovens alunos, mas julgava
necessário alertá-los. 
“Em 26 anos ensinando adolescentes, pude ver como eles crescem 
cercados por adultos que os tratam como preciosidades”, disse ele
a ÉPOCA. 
“Mas, para se dar bem daqui para a frente, eles precisam saber que
agora estão todos na mesma linha, que nenhum é mais importante
que o outro.”
A reação ao discurso do professor McCullough pode parecer apenas
mais um desses fenômenos de histeria americanos. Mas a verdade é
que ele tocou numa questão que incomoda pais, educadores e 
empresas no mundo inteiro – a existência de adolescentes e jovens 
adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de si mesmos 
e de seus talentos. 
Esses jovens cresceram ouvindo de seus pais e professores que tudo
o que faziam era especial e desenvolveram uma autoestima tão 
exagerada que não conseguem lidar com as frustrações do mundo real.
“Muitos pais modernos expressam amor por seus filhos tratando-os 
como se eles fossem da realeza”, afirma Keith Campbell, psicólogo 
da Universidade da Geórgia e coautor do livro Narcisism epidemic 
(Epidemia narcisista), de 2009, sem tradução para o português.
“Eles precisam entender que seus filhos são especiais para eles, não
para o resto do mundo.”

Como domar um ego adolescente (Foto: Marcelo Spatafora)

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