Artigo de Erika de Souza Bueno
Consultora-Pedagógica de Língua Portuguesa do Planeta Educação.
Professora de Língua Portuguesa e Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo. Articulista sobre assuntos de língua portuguesa e família.
Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br).
Entre as metodologias de trabalho em sala de aula, principalmente nas aulas de língua portuguesa, a abordagem dos gêneros textuais como pano de fundo é sempre muito bem-vinda.
Como sabemos, gêneros textuais são as funções de cada texto, podendo ser o telefonema, o e-mail, a carta, a bula de remédio, a lista de compras, a resenha, a conferência, o cardápio de restaurante, o outdoor, a propaganda, a charge, a aula virtual, as notícias...
Não há comunicação que não esteja devidamente caracterizada em algum gênero e há tipos textuais que estruturam cada manifestação de gênero.
Isto pode ser de fácil compreensão, pois há grandes e nítidas diferenças, por exemplo, na forma como um livro didático é estruturado e na forma como elaboramos uma receita culinária.
Estes tipos textuais são, pelo menos, cinco: narração, argumentação, instrução, exposição e descrição.
Contudo, o que todo professor precisa considerar antes de abordar os gêneros textuais é o fato que muito mais importante do que estudar as características de cada gênero e sua estrutura, é fazer com que o aluno vivencie a prática de cada gênero textual, de acordo, principalmente, com a sua realidade.
Neste ponto, é interessante o professor colocar à disposição na sala de aula o maior número possível de gêneros, pois desta forma o aluno vai perceber, na prática, qual a funcionalidade de cada um, o que certamente facilitará a construção de seu conhecimento.
Ao dispor jornais, revistas, exemplos de conversa em chats online, charge, propaganda, entre outros, o professor terá muito menos trabalho para fazer com que o aluno compreenda que a fala precisará passar por processo de adequação em todos os momentos.
Esta adequação não é apenas estrutural, mas também contextual, ou seja, todo aquele que pretende ser aceito em sua forma de falar, seja por meio de propagandas, notícias, artigos, e-mail, telefonemas e muitos outros, precisará compreender qual o contexto que envolve a comunicação e adequar sua fala a ele.
Desta maneira, o fato de a estrutura de uma comunicação em chat online ser mais desprovida de regras gramaticais e ortográficas, não é adequado que assim se proceda em conversações mais formais, mesmo que esta seja no mesmo chat que é usado, em outros momentos, informalmente.
De acordo com determinados contextos, é perfeitamente possível e correto que se use abreviações e uma linguagem mais informal. É o que ocorre com os chats.
Contudo, se o chat for usado para se conversar com alguma pessoa com um grau social/profissional superior ao do outro falante envolvido, as abreviações e a informalidade deverão ser evitadas.
Sendo assim, não é o veículo em si que deve ser foco de trabalho do professor, mas o contexto que envolve não somente o chat, mas todos os demais gêneros textuais que se desejar abordar.
O aluno precisa vivenciar a prática dos gêneros para compreender com mais eficácia a razão de sabermos dar diferentes formas às nossas falas nas mais diferentes ocasiões.
É importante compreendermos, como pais e professores, que o fato de o aluno usar abreviações ao se comunicar na internet, não faz que ele as use em outros contextos, desde que, evidentemente, ele tenha acesso às orientações sobre como adaptar sua fala em diversos gêneros e contextos.
O aluno que é bem-orientado por seu professor a respeito dos gêneros textuais e suas estruturas saberá, por exemplo, que não é conveniente escrever numa prova escrita na escola da mesma maneira que ele escreve ao mandar um e-mail para um amigo, convidando-o para uma festa, por exemplo.
Se nós introduzirmos em nossas aulas os gêneros textuais de maneira que eles consigam perceber a funcionalidade prática da língua, certamente nossos alunos conseguirão adquirir as competências necessárias para adequar a fala para o objetivo que desejar atingir, cumprindo, assim, seu papel como cidadão que fala e é ouvido dentro de seus pontos de vistas.
Fonte: Planeta Educação
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