Saí da aula certo de que a banalização das cenas de violência se perpetuou nas últimas décadas. E que, com isso, tais imagens são, na maioria das vezes, indiferentes para a atual geração. Lembro que, na minha adolescência, a banalização da violência era tema polêmico.
Havia, de certo modo, uma discussão na imprensa e fora dela. Mas, hoje, parece que este debate está ultrapassado. É assim e pronto. “É normal, professor”, falam meus estudantes.
Normal nesta cultura descartável-informativa-espetacularizada em que vivemos. Mas não é ‘normal’ do ponto de vista humano. Não pode ser. O mais grave é que esta banalização da violência, por meio das cenas e imagens, gravadas e ao vivo, ininterruptamente veiculadas pelas TVs e, atualmente, pelas mídias móveis, traz e causa, aos poucos, uma dessensibilização no ser humano. Uma dessensibilização do olhar e das narrativas, que acaba, portanto, impactando as relações interpessoais.
Prego aqui a censura de tais cenas? Absolutamente. Mas o repensar sobre o impacto que elas nos causam seja em casa, na escola e nos meios de comunicação que veiculam, vendem e, em certo grau, lucram com tanta exposição. Do contrário, cada vez mais deixamos de ser... humanos. Para começar: que tal quantificar a quantas cenas violentas assistimos no dia a dia, apresentadas pela mídia?
(*) Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia
Fonte: Jornal O Dia 10/08/2013
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