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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Para uma pesquisa virtual segura


Ana Paula consulta sites de busca para fazer suas pesquisas escolares´

Imagine uma loja em liquidação em que há muitos produtos a preços baixos e de fácil acesso, mas onde nem tudo é bom e para achar algo de qualidade é preciso vasculhar. É praticamente dessa forma que funciona a oferta de informações na internet. Há milhares de sites, mas nem sempre há garantia de conteúdo seguro. Para os estudantes, que cada vez mais substituem os livros didáticos e enciclopédias pela informação on-line, o que parece uma imensa vantagem pode se transformar em uma cilada e colocar em descrédito o trabalho escolar. A reportagem da Gazeta do Povo conversou com educadores e especialistas para saber quais as dicas para uma pesquisa segura em que é preciso ficar atento para que a aprendizagem não seja comprometida.



Como funciona a busca?
A estudante do segundo ano do ensino médio Ana Paula Rusycki, 15 anos, sempre conta com a ajuda de sites de busca para fazer pesquisa escolar. Não usa nenhum critério de seleção e vai direto aos primeiros resultados encontrados, porque diz acreditar que são os mais visitados e por isso têm mais credibilidade.


Se ela soubesse, porém, como funciona a busca talvez não confiasse tanto nas primeiras informações que aparecem. Isso porque os sites de busca usam vários critérios que definem uma sequência de instruções, os chamados algoritmos, que fazem com que uns sites fiquem em primeiro e outros em último lugar no resultado. O analista de conteúdo da Agência Susse Guilherme Nagueva explica que no Google, por exemplo, os algoritmos são a quantidade de links em outros sites que apontam para aquela página, as palavras que foram digitadas na busca e que batem com as que estão no título do site, indicações de rede social, ou seja, quantidade de vezes que o site é citado nelas, e a qualidade de conteúdo, se o texto está completo e bem escrito.” O Google tenta levantar os melhores resultados, mas claro que não necessariamente os primeiros são os mais confiáveis e que terão a informação de que o estudante precisa”, diz.


O resultado da busca também depende do computador de onde ela é feita. Cada vez que um usuário o utiliza fica registrado um histórico de sites preferidos. Se, por exemplo, uma pessoa visita bastante sites de compra, quando fizer sua busca, se a palavra digitada estiver presente em alguns sites, eles serão listados. “É por isso que o resultado de uma pesquisa nem sempre será igual para todos”, explica o perito em busca da I-Cherry Alexandre Kavinsky.



De olho no oficial
O primeiro passo para começar uma pesquisa escolar on-line é priorizar sites oficiais. Podem ser de instituições governamentais, educacionais – como universidades e centro de pesquisas – ou empresas renomadas e conhecidas no mercado. Vale também consultar sites de veículos de comunicação, como de jornais, revistas e televisão. Mas cuidado: nesse caso é preciso que o veículo tenha credibilidade e que o nome das fontes consultadas apareçam. “O nome completo da pessoa é garantia de que alguém que entende do assunto passou aquela informação. Melhor ainda se for renomada e conhecida”, explica o pesquisador de educação, arte e cultura no ciberespaço da Universidade de Brasília (UnB) Lúcio França Telles. Se o estudante não conhecer a fonte para identificar seu prestígio, uma sugestão é procurar seu currículo na Plataforma Lattes (
lattes.cnpq.br), portal que reúne informações acadêmicas e de pesquisa.


No caso de blogs, o cuidado deve ser redobrado. Como esses sites são essencialmente opinativos, o conteúdo pode ser parcial. A recomendação do pesquisador é que os estudantes usem blogs com moderação para seus trabalhos e, antes de tudo, leiam o perfil do autor, sua formação e seu local de trabalho para ter noção de quem ele é e qual sua linha de pensamento.


Sites de busca
Segundo dados da Companhia de Informação da Web Alexa, que mede tráfego de dados na internet, entre os sites mais acessados do mundo virtual estão o Google e o Yahoo, dois grandes buscadores, que são consultados no mundo inteiro. Para usá-los com eficiência o diretor de Tecnologia Educacional da Editora Aymará, Eduardo Cardoso Júnior, dá duas dicas fundamentais.


A primeira é sempre colocar as palavras-chave entre aspas, pois assim a busca englobará todos os termos juntos, e não separados, o que reduz significativamente a quantidade de sites listados. A segunda é delimitar a data e pesquisar assuntos publicados nos último três meses para garantir que a informação seja recente. No Google, por exemplo, isso pode ser feito usando o modo Busca avançada, que fica ao lado do campo onde se digita a palavra.



Confirmação
Não acredite nas informações da primeira busca. O ideal é checar com pelo menos outras duas fontes. Alguns sites servem apenas como ponto de partida, pois não trazem o conteúdo de forma aprofundada. Um exemplo é o Wikipédia, que traz verbetes postados por uma rede de colaboradores voluntários do mundo inteiro.



Luciana Allan, diretora do Instituto Crescer, que é especializado em aprendizagem digital, conta que embora muitas pessoas possam postar no Wikipédia existe um grupo que coordena e edita as informações, que hoje chegam a 3,5 milhões de artigos em 205 idiomas. “Uma das regras é que o conteúdo precisa conter referências e fontes relevantes. O critério garante credibilidade, mas vale lembrar que não é um conteúdo fechado. O estudante pode até dar uma olhada, mas deve buscar outras fontes para seu trabalho”.


Apresentação dos dados
Ficar atento ao layout do site e como os dados são apresentados ajuda a garantir uma pesquisa segura. “Uma grande quantidade de anúncios pode ser um sinal de alerta, de que o principal interesse é vender e não informar. Mas claro que não é uma regra geral. O UOL, por exemplo, tem bastante anúncio, mas é um site confiável e noticioso”, diz Cardoso. Erros de português também colocam as informações em descrédito. Por isso, quando eles forem abundantes, o indicado é sair do site.


Fonte: Gazeta do Povo/PR Texto: Ana Simmas/ Foto: Antônio More 31/05/2011

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