Se grande parte do interesse dos adolescentes está nas redes sociais, blogs e e-mails, os alunos de sétima e oitava série da Escola Estadual Carlos Maximiliano Pereira dos Santos, no bairro da Vila Madalena, na capital paulista, têm seguido por um caminho na contra mão dessa tendência para promover debates: um jornal mural, feito com recortes de revista, papéis coloridos e espaço para os alunos comentarem reportagens.
Com uma caneta na mão, os estudantes deixam no mural o que pensam a respeito da atuação do grêmio escolar, de casos de bullying e sobre perda da virgindade. Os responsáveis por levantar pautas, redigir reportagens e colar imagens do jornal “Junto e Misturado” são os 15 alunos da oficina de comunicação da escola, oferecida no contra turno das aulas, já que a escola estende a jornada educacional das 7h às 16h.
“Alguns alunos sentem falta da facilidade de pesquisar na Internet, mas percebemos que usando revistas e atividades manuais eles produzem de maneira mais criativa”, avalia o educador da oficina, Wagner da Silva. “Um dos participantes tem acesso à Internet no videogame portátil. Mas no dia que ele não levou [o aparelho], produziu de maneira mais livre e rápida”, observa.
O jornal mural é publicado, em média, a cada três semanas. A última edição trouxe para os estudantes a história da camisinha, além de impressões sobre perda da virgindade. A anterior cobrou o grêmio estudantil sobre as propostas prometidas na campanha. Em todas as edições existe um espaço para os leitores escreverem suas opiniões. O próximo “Junto e Misturado” deve abordar opções sexuais dos jovens.
“Uma professora contou que passou uma atividade de comunicação e os alunos da oficina questionaram sobre reunião de pauta. Eram etapas que ela não conhecia e aprendeu com eles, invertendo a ordem de aprendizagem”, conta Silva. “Com a oficina, os alunos passaram a fazer análises mais criticas e a colocar mais o que pensam”.
As oficinas de comunicação acontecem desde abril de 2008 e fazem parte do projeto Escola do Bairro, que tem o objetivo de promover educação integral na escola, unindo conhecimentos curriculares e saberes locais, integrando pais e professores. O projeto une ações desenvolvidas no Teatro da Vila e na Escola Técnica Estadual Guaracy Silveira, que funcionam no mesmo local da escola Maximiliano.
Além das oficinas de comunicação, os estudantes também podem participar de exibições de filmes e aulas de teatro e de canto. Desde junho, a escola conquistou apoio financeiro para manter as ações, por meio do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Funcad) da cidade de São Paulo. Com o financiamento, a expectativa é a manutenção de uma equipe para o projeto e a replicação da iniciativa em outras escolas.
Fonte: Aprendiz
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