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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Programas Jornal e Educação pelo mundo


Legenda: Gavin O´Rilley, da WAN, entrega o troféu à professora Maria de Lurdes, da E.M. Fulton Vitel B. de Macedo

Quer saber o que aconteceu em 2010 com os jornais que possuem Programa Jornal e Educação no mundo? Abaixo, algumas ações de vários países discutidas durante encontro do Comitê Young Readers da WAN (Associação Mundial de Jornais) que aconteceu em outubro do ano passado, em Paris.

O Programa Jornal e Educação da Associação Nacional de Jornais, do Brasil, faz parte do comitê desde 2008. É a primeira vez que o país participa desse grupo internacional.
BRASIL
Uma turma de alunos da 4ª série, da E.M. Fulton Vitel B. de Macedo (Ponta Grossa/PR), fez um jornal escolar (Voz da Liberdade) sobre liberdade de imprensa e ganhou o primeiro “Prêmio para Jornal Escolar sobre Liberdade de Imprensa 2010”, entregue pela WAN-IFRA’s à professora que coordenou o trabalho. Foi a primeira vez que a WAN lançou um concurso internacional de jornais escolares e o Brasil, o primeiro país a receber o prêmio. A escola faz parte do programa Vamos Ler, desenvolvido pelo Jornal da Manhã, de Ponta Grossa (PR). A liberdade de imprensa foi um tema trabalhado pelos Programas de Jornal e Educação brasileiros em 2010. O assunto deve ser retomado este ano e tornar-se um tema de debates com educadores e estudantes.

Para divulgar o prêmio, a Associação Nacional de Jornais criou um placemat. Ele vai servir de modelo para destacar as várias ações com jovens leitores realizadas no país. O tema para o próximo placemat será como os jovens podem criar seu próprio jornal na escola. A ideia é oferecer o placemat para editores de jornal, onde eles mesmos podem publicar nas suas edições, ou distribuir em escolas e bibliotecas.

LUXEMBURGO

Depois de anos de negociação com o Ministro da Educação, Luxemburgo teve sua primeira Semana de Imprensa na Escola, que aconteceu de 19 a 23 abril de 2010. O evento foi planejado para as escolas de ensino médio de Luxemburgo e se caracterizou como um programa homogêneo com o tema: Quem faz a informação?

O modelo CLEMI*, agora na sua 22ª edição da Semana de Imprensa e Mídia na Escola, foi a inspiração para Luxemburgo, e as equipes de ambas as organizações estiveram em contato regularmente para criar as diretrizes pedagógicas que foram usadas.

Editoras pagaram por uma grande campanha publicitária por aproximadamente dois meses antes da Semana. Flyers foram distribuídos em todas as escolas e uma página especial na internet foi criada para que os professores pudessem acessar os materiais. A segunda Semana da Imprensa está agendada para a semana de 2 a 6 de maio de 2011, em Luxemburgo. A esperança é que o programa também consiga atingir escolas de ensino fundamental.

*CLEMI – Centre de Liaison de l’Enseignement et des Moyens d’Information, cuja sede fica em Paris, França. Fundado há mais de 20 anos, o CLEMI é uma entidade oficial, ligada ao Ministério da Educação francês, e tem por objetivo ‘promover, sobretudo por meio de ações de formação, a utilização pluralista dos meios de informação dentro do ensino a fim de favorecer uma melhor compreensão pelos alunos do mundo que os cerca, por meio do desenvolvimento de seu senso crítico’.

SUÉCIA
Através do programa de Mídia na Educação, ‘Mediekompass’ (Media Compass), a Associação de Jornais da Suécia lançou uma campanha para ajudar jovens a definirem regras midiáticas em uma democracia, para dar direção dentro do labirinto de informações que eles consomem diariamente.

Os organizadores da campanha perceberam que, embora eles absorvam o conteúdo vorazmente, muitos jovens suecos têm pouco entendimento de como a mídia realmente funciona. Além disso, muitos não dão valor à ideia de liberdade de expressão ou de imprensa, especialmente porque moram em um país que possui uma das mais liberais leis de imprensa.

Um dos eventos de grande alcance dessa campanha de conscientização foi um encontro sobre liberdade de expressão que atraiu 700 estudantes entre 15 e18 anos para um debate com importantes produtores de mídia suecos. Durante o encontro os estudantes foram estimulados a dar sua opinião sobre o que liberdade de expressão e liberdade de imprensa significa. Isso ocorreu através de uma série de exercícios interativos que incluíram questões problemáticas como: ‘Você acha que todos deveriam ter o direito de dizer e escrever qualquer coisa que quisessem?’; ‘Um jornal deveria ter a permissão para publicar qualquer notícia que quisesse?’

Foram feitas muitas discussões com os jovens antes do principal encontro, na esperança que eles entendessem melhor conceitos como censura, proteção de fontes e o direito de acesso a documentos públicos. O programa também forneceu materiais para os professores trabalharem em sala de aula.

Materiais didáticos para alunos de 9 a 13 anos também foram produzidos, mas oficinas para este grupo ainda não acontecem. No próximo ano, o Projeto está planejando incluir workshops para mil estudantes, em parceria com o jornal ‘Göteborgs-Posten’.

ESTADOS UNIDOS
Nos EUA, onde programas de Jornal e Educação (PJE) atendem 10 dos 55 milhões de estudantes que frequentam a escola, a “Newspaper Association of America Foundation” (Associação de Jornais da Fundação América) apresentou vários projetos que visam intensificar o alcance e o impacto dos PJEs. Por exemplo, a Fundação alcançou os novos professores que cresceram na era digital, conduzindo grupos focais para avaliar como eles interpretam e usam os materiais de PJE.

A Fundação trabalha principalmente com coordenadores de PJE, e eles notaram que existe pressão nas escolas para aumentar padrões, o que foi citado em um recente documentário, “Waiting for Superman” (Esperando o Superman) que analisa a fundo a educação pública nos Estados Unidos e compara com a de outros países. Outras iniciativas incluem o Projeto “Connecting the Dots” (Ligando os Pontos) que procura examinar 14 estudos que a Fundação vem realizando há anos para determinar os pontos em comum do impacto do jornal na sala de aula e como os jovens se relacionam com os produtos midiáticos.

A Fundação enfatiza também que uma inesperada transformação ganhou lugar em alguns programas ao mudar da tinta no papel para edições eletrônicas. Jornais líderes como “Gannett”, “McClatchy” e “Tribune” já mudaram para edições eletrônicas e as regras que controlam a circulação também aparecem como assunto de alguns desafios. Estas iniciativas irão ajudar as organizações a atrair jovens leitores.

Outro estudo da Fundação está olhando para a atual situação dos PJEs e o conteúdo de programas para jovens versus onde eles estavam dez anos atrás. A organização também lançou uma história em série, em Inglês e Espanhol, para ser usada no Dia Internacional da Alfabetização e durante o “Hispanic Heritage Month” (Mês do Patrimônio Hispânico), de 15 de Setembro a 15 de Outubro. A história, de seis capítulos, exemplifica um dos caminhos da Fundação para alcançar os jovens da comunidade de imigrantes espanhóis através da diversidade de seus programas. Estudos mostram que os PJEs são úteis nos lares onde o inglês não é a primeira língua.

A Fundação trabalhou com o “Poynter Institute”, na Flórida, alcançando outros grupos também, como “American Society for Curriculum Development” (Sociedade Americana de Desenvolvimento de Conteúdo) e editores de livros infantis.

BÉLGICA
Na Bégica, a associação de jornais “Ouvrir Mon Quotidien” ou o programa “Abra Meu Jornal” continua fornecendo fortes argumentos para convencer os editores a distribuírem o máximo possível de exemplares de jornais para as escolas, e para o governo apoiar o esforço. O programa iniciou em Setembro do ano passado (2010) e jornais foram enviados às escolas durante as duas primeiras semanas de aula depois de uma `atraente` campanha publicitária.

Depois dessa campanha inicial de conscientização, escolas de ensino médio podem se inscrever para continuar recebendo os exemplares, que são aproximadamente 18 por escolar todos os dias. Através deste planejamento, jornais e exercícios relacionados são feitos para avaliar os estudantes em 73% de escolas de ensino médio de língua francesa. Um subsídio do governo paga por 1 milhão de cópias a serem entregues nas escolas a cada ano. Esse número conta no índice de circulação nacional.

Escolas de ensino médio podem se inscrever em todos os jornais diários por um ano. Escolas de ensino fundamental devem escolher dois títulos por cada sala de aula. A coordenadora é a encarregada de receber e distribuir os exemplares na escola. Os websites dos jornais também estão disponíveis para os estudantes e são frequentemente usados em exercícios com o objetivo de comparar e contrastar aspectos das notícias.

FRANÇA
O conselheiro do Ministério da Cultura da França, contou para um grupo de repórteres que a iniciativa do governo de oferecer assinaturas gratuitas de um jornal por semana, pelo período de um ano, para jovens de 18 a 24 anos, provou que o jornal em versão impressa era ainda atrativo e vivo entre os jovens.

Vincent Peyrègne, conselheiro do Ministro da Cultura e Comunicação, falou com emoção sobre o atual “Mon Journal Offert” (Meu Jornal Gratuito) projeto anunciado em Janeiro/2010. Dentro de quatro dias, a imprensa anunciava a extensão da iniciativa, jornais receberam 112.000 pedidos de assinaturas para o “Mon Journal Offert”.

Outros envolvidos na iniciativa do governo ficaram encarregados de providenciar o pano de fundo e discutir o progresso do programa desde que começou em 2005. Em 2006, 41 jornais locais se juntaram ao esforço para oferecer assinaturas gratuitas uma vez por semana por um ano. De 2006 a 2009, somente jornais locais estavam envolvidos, com 70.000 novas assinaturas. Mas, aproximadamente um ano atrás, jornais nacionais aderiram também. Já são 62 jornais envolvidos.

O governo oferece um subsídio de 5 milhões de Euros por ano para o projeto mas, para os editores não relaxarem com apenas isso, eles são motivados a investir na educação dos mais jovens. Para o conselheiro francês, os editores devem encarar isso como um assunto estratégico.

“Ouest-France”, um diário regional francês, usou essa visão do governo como um trampolim para fortalecer seu próprio compromisso com os jovens leitores. O jornal, considerado o mais lido no mundo, redobrou seus esforços com projetos cujo alvo é promover a democracia, encorajando jovens leitores de jornal a votar, e outros projetos que tentam atingir pessoas em todos os segmentos da sociedade com o objetivo de combater a fragmentação das classes sociais. A meta primordial foi criar um encontro semanal que motivasse os jovens a desenvolver o hábito de ler de jornal.

Analisando os resultados do projetro “Mon Journal Offer”, a companhia de pesquisa Patrick Klein fez uma enquete com 2.523 jovens para estabelecer o perfil dos assinantes ou daqueles que tiveram o interesse de assinar. A pesquisa mostrou que 42% dos jovens já eram realmente interessados no que estava acontecendo no mundo. Surpreendentemente, aproximadamente 62% estavam lendo jornal uma ou duas vezes por semana.

ALEMANHA
Apesar de enfrentar uma exorbitante retração econômica, os jornais Alemães não diminuíram seus esforços para atingir os jovens leitores. Eles não iniciaram novos Projetos, mas também não pararam os que já existem.Em North Rhine Westphalia, um dos 16 estados da Alemanha, todas as escolas de Ensino fundamental com alunos na faixa de 14-15 anos, poderão receber jornais gratuitos por dois meses graças a um projeto iniciado por editores naquela região.

Todas as 53 editoras de NRW fazem parte desta ação. Quando um Projeto similar iniciou quatro anos atrás, o objetivo era beneficiar apenas estudantes em desvantagem, mas no escolar de 2010/2011 ganhou maiores proporções. De acordo com as últimas estimativas, as chances são do projeto beneficiar aproximadamente 240.000 estudantes entre 14-15 anos, que irão receber um jornal [individual] durante dois meses por mais de dois anos. Como parte de um outro projeto, uma força tarefa está explorando uma plataforma onde as editoras possam divulgar informações sobre seus esforços, bem como conseguir informação de outros. O plano é montar uma equipe comercial, com uma ou duas pessoas, cujos salários serão pagos anualmente pelas editoras participantes. Pelo menos 30 a 50 empresas precisarão participar para que a ideia possa sair do papel.

HUNGRIA
A Associação de Jornais da Hungria publicou uma adaptação de um concurso que aconteceu no Chile. Eles pediram para que as crianças escolhessem um personagem nacional (um político, ator, atleta, etc.) e escrevessem uma pergunta para essa pessoa, para uma entrevista. Os vencedores do concurso “Você é único para mim” tiveram a chance de entrevistar ao vivo seu herói nacional, e os jornais publicaram as entrevistas. Eles também foram convidados especiais para participar de um festival de imprensa. O projeto foi sucesso.

Fonte: WAN/ Tradução: Talita Moretto / Em itálico, grifo nosso

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