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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ensino Médio com tempo integral

A proposta do ministro da Educação de acoplar o Ensino Técnico ao ensino médio, como forma de ampliar o tempo em sala de aula e oferecer uma profissão a quem não chega à faculdade, foi aplaudida por especialistas. O desafio maior, no entanto, é dotar a rede de ensino de mais professores e equipar as Escolas para transformar o projeto em realidade.

Ao anunciar a meta de implantar o ensino médio em tempo integral aliado ao Ensino Técnico, o Ministério da Educação agradou especialistas, mas causou expectativa pela complexidade de aplicação da proposta.

A ideia de o aluno cursar o ensino médio em um turno e fazer o técnico em outro requer formação de professores, parcerias com governos e prefeituras e altos investimentos em infraestrutura nas Escolas.

Mantido no cargo, o ministro Fernando Haddad afirmou ontem, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que apresentou o projeto à presidente Dilma Rousseff e que ela deu sinal verde para o encaminhamento da proposta à equipe econômica.

Na avaliação do ministro, apesar da ampliação do número de Escolas técnicas federais no governo Lula, houve no período pequeno avanço na integração do ensino médio com o Técnico:– O ensino médio precisa de uma injeção de ânimo muito forte – afirmou à Rádio Gaúcha.

Não há definição de custo estimado nem como seria a aplicação da medida. Haddad disse que, além das 354 Escolas técnicas federais, poderiam participar do projeto 500 Escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas).

A carga horária complementar seria composta por disciplinas relacionadas ao curso escolhido mais atividades de esporte e cultura.

O Ensino Técnico é restrito no país devido à falta de vagas para todos os interessados. Enquanto 8,3 milhões cursam o ensino médio, apenas 861 mil (10,3%) fazem o profissionalizante. Dos que estão no nível técnico, 60% só começaram depois de terminar oensino médio.

O governo terá um grande desafio pela frente. Atualmente, em média, cada Escola federal oferece 1,2 mil vagas, número que é insuficiente. Em algumas unidades, a concorrência é tão acirrada para alguns cursos como para vestibulares federais.

Os principais obstáculos apontados por especialistas e autoridades são a formação dos docentes e os investimentos necessários para dotar as Escolas com laboratórios, equipamentos e computadores.

Especialista em Educação, a professora Helena Sporleder Côrtes, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), destaca a ideia, mas antevê dificuldades de implementação:
– Melhorar a formação do quadro técnico e ampliar o conhecimento humanístico é uma ideia positiva, mas é preciso um estudo de viabilidade. Definir algo por meio de legislação é fácil, mas quem seriam os professores e quais Escolas ofereceriam e onde?

Fernando Becker, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador da área de Educação, faz os mesmos questionamentos sobre a implementação da proposta, mas avalia que, se vingar, ela pode representar uma alternativa a quem tem dificuldade para entrar na universidade.

Além disso, o estudante teria a chance de tomar gosto pelos estudos ao partir, desde o início do ensino médio, para um curso técnico na área que pretende atuar.
– Dois turnos no ensino médio podem representar um aumento da evasão, porque os que trabalham por necessidade teriam de dedicar mais tempo aos estudos. Por outro lado, a proposta garantiria uma profissionalização precoce, que pode ajudar a conquistar emprego. Para evitar a evasão, o governo poderia trabalhar massivamente com bolsas. É plenamente aceitável, e se justifica pela falta de gente com formação – analisa Becker.

Projeto
- MEC quer implantar o ensino médio em tempo integral
- A ideia é que o aluno curse o ensino médio em um turno e faça o curso técnico em outro
- As duas modalidades poderiam ser cursadas na mesma Escola ou em duas instituições
- Além das Escolas técnicas federais, poderiam participar 500 Escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas)
- O Brasil tem 354 Escolas técnicas federais, com 348 mil matrículas. A meta é inaugurar mais 46 até o fim do ano
- Até o fim do ano que vem, o número dematrículas deve saltar para 600 mil

Como é hoje
- O Ensino Técnico é restrito. Enquanto 8,3 milhões cursam o ensino médio, apenas 861 mil fazem o profissionalizante, o equivalente a 10,3%.

Nos últimos oito anos, no governo Lula, foram investidos R$ 979 milhões na expansão da rede de Ensino Técnico, o que resultou no aumento de 140 para 354 Escolas técnicas.

Quando consegue chegar a essa modalidade de ensino, a maioria dos alunos só faz o curso técnico após concluir o ensino médio.

Do total de 861 mil alunos do Ensino Profissionalizante, 60% só começaram depois de terminar o ensino médio. Nas Escolas particulares, a medida proposta pelo MEC já é aplicada. Os alunos podem fazer oensino médio em um turno e o Técnico em outro, se optarem por essa possibilidade.

Fonte: Zero Hora (RS)/ Texto: Maicon Bocko

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