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terça-feira, 15 de junho de 2010

Pesquisa sugere utilização do celular como ferramenta pedagógica na sala de aula

Pesquisa revela que celular pode ser um grande aliado na educação. Veja matéria publicada no jornal Zero Hora (PR).

Condenado pelos incômodos gerados no ambiente escolar, o telefone celular está prestes a se transformar em um aliado no processo de aprendizagem, segundo um estudo de um grupo de pesquisadores internacionais. O relatório Horizon 2010, que identifica tecnologias que podem ter forte impacto na educação nos próximos anos, aponta o celular como uma das ferramentas pedagógicas do futuro.

Resultado da troca de informações entre especialistas de mais de 300 universidades ao redor do mundo, o relatório coordenado pelas organizações New Media Consortium e Educause bate de frente com a visão dos gaúchos quanto à presença do aparelho nas escolas. Por desviar o foco da atenção do aluno para ligações e mensagens de texto em vez do professor, o celular está banido por lei das salas de aula de escolas e universidades do Estado desde 2008.

Pelo estudo, o celular pode ser útil para pesquisas durante a aula, para gravar trechos de explicações do professor e até para compartilhar com a turma, por meio de redes sociais como o Twitter e blogs, dados de saídas a campo. Única brasileira a participar da edição mais recente do relatório internacional, Cristiana Assumpção defende que educadores brasileiros repensem a postura quanto ao uso da comunicação móvel na escola. Publicado todos os anos, o relatório busca identificar tecnologias que ajudarão na aprendizagem nos anos seguintes.

– O celular é uma ferramenta que está na mão de todos, não importa a classe social. Não se pode tapar uma coisa que está vindo como um rolo compressor. Com a proibição, os alunos logo encontram uma forma de contornar isso, fazendo às escondidas. O pensamento deveria ser: já que estão usando, como podemos fazer para usar melhor? – afirma a especialista em tecnologia da educação, coordenadora dessa área no Colégio Bandeirantes, de São Paulo.

SEC tem restrições ao uso de telefones
De olho na evolução tecnológica no ensino, o secretário estadual da Educação, Ervino Deon, informa que o governo aposta hoje nos computadores como ferramenta tecnológica. Além de tentar dotar todas as escolas públicas com espaços informatizados até o fim de de 2010, o esforço dos próximos anos será oferecer notebooks aos estudantes.


O celular na sala de aula ainda é visto com ressalva pelo secretário, mas ele admite mudar a posição no futuro:
– Se lá na frente a tecnologia colocar novas funcionalidades aos celulares, é evidente que precisaremos rever a legislação (que hoje proíbe o uso na sala de aula).

No Colégio Dom Bosco, na Capital, a maioria dos alunos tem telefone, mas o uso só é permitido no pátio ou no intervalo das aulas.

– O celular é uma ferramenta que atrapalha a aula. Se o aluno manda uma mensagem, o conhecimento daquele momento vai embora – exemplifica o vice-diretor do colégio, Oswaldo Dalpiaz.

E é justamente o uso não pedagógico que faz do celular um vilão do ensino atualmente. Para a professora Rosane Aragón de Nevado, especialista em aprendizagem em ambientes digitais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o desafio dos educadores para os próximos anos será aproveitar adequadamente os recursos dos aparelhos:
– Os professores têm de aproveitar a familiaridade dos jovens com o celular para reverter isso em conhecimento útil na sala de aula. Isso ainda não ocorre adequadamente com os computadores, que já usamos há mais tempo.

“O segredo não é banir o celular, mas utilizá-lo”
Diretor executivo do New Media Consortium e um dos coordenadores do estudo, o norte-americano Larry Johnson defende que professores precisam adaptar o uso dos celulares para torná-lo produtivo nas salas de aula. Ele concedeu entrevista por e-mail a Zero Hora:


Zero Hora – Como os celulares podem ser úteis nas salas de aula?
Larry Johnson – Os telefones celulares, mesmo os mais simples e baratos, são pequenos dispositivos de captura multimídia essenciais. Fotografam, filmam, enviam mensagens e, obviamente, permitem ligações. São uma maneira fácil de criar um blog que possa receber entradas de telefones (textos, torpedos, vídeos e áudios). Então, um computador localizado em qualquer lugar pode expor aquela informação produzida para o mundo. Os aparelhos também têm calculadoras, o que possibilita que os alunos façam cálculos simples e analisem dados.

ZH – No Estado, professores têm problemas com os celulares, pois os alunos perdem a concentração. Então, o uso de celulares foi proibido. Como vê isso?
Johnson – Esse tipo de preocupação é baseada na questão de que os telefones podem ser utilizados para diversas atividades – e crianças deixadas à vontade se dispersam algumas vezes. O segredo não é banir o celular, mas utilizá-lo. A longo prazo, os aparelhos serão cada vez mais capacitados. O melhor de todos os modelos, por seu poder, já pode servir como um substituto dos laptops. As escolas devem procurar maneiras de usar os celulares e buscar compreender como transformá-los em ferramentas.

ZH – Como os professores podem fazer o uso educacional dos celulares? Como convencer os estudantes para isso?
Johnson – Os professores precisam reconhecer que os estudantes usam seus telefones como forma de aprendizagem o tempo todo – apenas não para os tipos de aprendizagem que os professores ordenam. Precisamos entender estes padrões naturais de uso e adaptá-los para ajudar as escolas a criar comunidades de estudos onde os alunos frequentemente mandem mensagens uns aos outros como forma de ajuda– e isto ser visto como uma boa atitude.

ZH – No Estado, apenas a minoria dos estudantes tem telefones celulares com acesso à internet. Isso é um limite?
Johnson – Inicialmente é, mas em todo o mundo metade das pessoas que se conectam à internet o fazem por conexões via celulares, não por conexões sem fios ou com fios. Em dois anos, 75% das pessoas irão utilizar seus telefones para se conectarem à internet. Redes de celulares estão substituindo a internet como a conhecemos.

Fonte: Zero Hora/ Texto: Juliana Bublitz (15/06/2010)

Um comentário:

  1. Olá, como vai? Em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas. Sei que esse não é o lugar apropriado para esse tipo de contato, mas não achei nenhum outro meio de fazê-lo.

    Estou divulgando um projeto bem legal desenvolvido pelo Instituto C&A. É o Projeto Paralapracá, que vai selecionar cinco municípios do nordeste brasileiro para receberem formação para professores e apoio para instituições de Educação Infantil. As prefeituras podem se inscrever até o dia 22 de junho, por meio do site do Instituto C&A (www.institutocea.org.br).

    Envio essa mensagem, pois acho que o assunto tem relação com a linha editorial de seu blog e pode interessar a seus leitores. Se quiser saber mais, por favor, entre em contato (filipe.pereira@maquina.inf.br).

    Estou à disposição! Obrigado!

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