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terça-feira, 29 de junho de 2010

Seminário discute inclusão digital e cibercultura

Entre os dias 14 e 16 de julho acontece o V Seminário Nacional O Professor e a Leitura de Jornal - Educação, Mídia e Formação Docente, na Unicamp. O evento é uma promoção da Associação de Leitura do Brasil (ALB), Associação Nacional de Jornal/Programa Jornal e Educação (ANJ/PJE), Faculdade de Educação da Unicamp e Rede Anhanguera de Comunicação (RAC).

Durante o seminário haverá conferências, mesas-redondas, oficinas e comunicações que discutirão as muitas interfaces da relação mídia e educação. Entre os palestrantes está Marco Silva (foto), sociólogo e doutor em Educação. Professor-pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estácio de Sá (RJ). Professor-pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e autor de artigos para várias publicações (em destaque). Veja abaixo entrevista realizada pelo Programa Jornal e Educação (Cristiane Parente e Wendel Freire).

Na “era digital”, temos os inforricos e os infopobres. Você também destaca o infoanalfabeto, dando a entender que não basta ter acesso às tecnologias digitais online para ser um alfabetizado digital. Qual o perfil do infoanalfabeto?

Paulo Freire tem um entendimento muito profundo sobre o que seja o analfabeto. Para ele, o analfabeto não é meramente aquele que não sabe operar com os códigos da leitura e da escrita. Mais do que isso, é alguém que não sabe lidar com os códigos necessários para se posicionar e interferir criticamente no mundo. Pego carona nesse entendimento para situar o infoanalfabeto ou o excluído digital. Não é meramente aquele que não tem acesso ao computador e à internet, mas aquele que não sabe operá-los para se posicionar e interferir criticamente no espaço e no ciberespaço. Ou seja, quem apenas divulga fragmentos do seu cotidiano no Twitter, Facebook e Orkut, envia e-mails e sua declaração de imposto de renda não é necessariamente alfabetizado ou incluído digital. Caberá à escola e a universidade o trabalho sofisticado e profundo que vai além do acesso, que considero ser um primeiro degrau sine qua non. O desafio de “ir além do acesso” é grande, tendo em vista que os professores, muitas vezes, não têm acesso e, de resto, são infoanalfabetos e até resistentes. Faltam investimentos significativos na formação de professores para uso das tecnologias digitais de informação e comunicação. Uma formação capaz de potencializar o projeto político pedagógico da escola, a docência e a aprendizagem. Dessa formação dependerá a educação para a cidadania em nosso tempo. As escolas, as universidades e os governos estão muito atrasados nisso.

A escola tem contribuído para a redução dos infoanalfabetos? Se não, como poderia proporcionar essa nova alfabetização?

Vejo com bons olhos a política pública que disponibiliza um computador por aluno. No dia 14/06/2010 foi divulgada no Diário Oficial da União a resolução que estabelece as normas e diretrizes para que municípios, estados e o Distrito Federal se habilitem ao Prouca (Programa Um Computador por Aluno), para 2010 e 2011. Esse programa permitirá a aquisição de computadores portáteis novos com conteúdos pedagógicos pelas redes públicas de educação básica. Essa tardia resolução é maravilhosa! Entretanto, não há implementação da formação continuada dos professores para uso dos laptops (inclusão ou alfabetização digital integrada ao currículo) capaz de vencer resistências e potencializar a docência e a aprendizagem em nosso tempo, que é entendido como era digital, cibercultura ou sociedade da informação. Para além da distribuição do acesso, a escola e a universidade poderão proporcionar e promover a nova alfabetização. Para isso, precisarão investir no uso do computador e da internet integrados aos conteúdos de aprendizagem, ao ofício dos professores e ao trabalho dos aprendizes. Esse investimento deverá ser capaz de contemplar participação, colaboração e cocriação dos professores e estudantes em redes off-line e online de informação, comunicação e conhecimento.

“Era digital”, “cibercultura”, “sociedade da informação” são palavras/expressões que ouvimos constantemente relacionadas ao nosso contexto atual. Como você definiria esse momento?

“Era digital” é a nossa atualidade sociotécnica, informacional e comunicacional, definida pela “codificação digital” (bits), isto é, pela digitalização, que garante o caráter plástico, fluido, hipertextual, interativo e tratável em tempo real do conteúdo, da mensagem. A codificação digital permite manipulação de documentos, criação e estruturação de elementos de informação, simulações, formatações evolutivas nos ambientes ou estações de trabalho do tipo Macintosh, Linux e Windows, concebidas para criar, gerir, organizar, fazer movimentar uma documentação completa com base em textos, grafismos, imagens, vídeos. Digital significa existência imaterial de tudo isso na memória hipertextual do computador que permite múltiplas formatações, intervenções, navegações da parte do usuário. “Cibercultura” diz respeito à condição cultural contemporânea emergente no cenário da “era digital”, a partir das relações entre sociedade e tecnologias digitais, principalmente o computador, o celular e a internet. É caracterizada por práticas, atitudes, modos de pensamento e de valores engendrados a partir de princípios formulados pelo pesquisador brasileiro André Lemos como “liberação da emissão”, “conexão e conversação mundial” e “reconfiguração do sistema infocomunicacional global”. Para este autor, os dois primeiros princípios criam a “paisagem comunicacional” do “sistema pós-massivo” em que se manifesta a reconfiguração do contexto analógico e unidirecional dos meios de massa, por novas práticas comunicacionais (e-mails, listas, weblogs, jornalismo online, redes sociais, mundos virtuais, etc.) e novos empreendimentos que aglutinam grupos de interesse (cibercidades, games, software livre, ciberativismo, arte eletrônica, MP3, cibersexo, etc.). E “sociedade da informação” é a expressão formulada por D. Bell para exprimir o novo contexto sócio-econômico-tecnológico engendrado a partir do início da década de 1980, cuja característica geral não está mais na centralidade da produção fabril ou da mídia de massa, mas na informação digitalizada como nova infraestrutura básica, como novo modo de produção.

Quais os desafios específicos que este novo cenário social e tecnológico traz para a educação?

Nosso contexto sociotécnico expresso pelas palavras/expressões “era digital”, “cibercultura”, “sociedade da informação” traz um enorme desafio comunicacional para o currículo escolar e para a mediação docente. Os alunos imersos nesse cenário, chamados de “nativos digitais” ou “geração net”, se distanciam do espectador típico dos meios unidirecionais da cultura de massa. Aprenderam com o controle remoto da tv e agora aprendem com o mouse e com a disposição hipertextual, imersiva e interativa da tela digital. Eles migram da tela da tv para a tela do computador conectado à internet e são mais resistentes às tentativas de programá-los. Evitam acompanhar argumentos lineares que não permitem a sua interferência. E lidam facilmente com o hipertexto e com a experiência comunicacional que lhe permite interferir, modificar, produzir, partilhar e colaborar. Essa atitude menos passiva diante da mensagem é sua exigência de uma sala de aula sustentada em nova postura comunicacional do professor. No lugar da pedagogia da transmissão baseada em lições-padrão e no falar-ditar do mestre, ele precisará propor a construção do conhecimento, em uma arena presencial ou online, baseada em iniciativas capazes de garantir a materialidade da comunicação efetiva. Cito, por exemplo: disponibilizar múltiplas experimentações, múltiplas expressões; promover uma montagem de conexões em rede que permita múltiplas ocorrências; provocar situações de inquietação criadora; arquitetar percursos hipertextuais na proposição dos conteúdos de aprendizagem; e mobilizar a experiência da construção colaborativa do conhecimento. São autorias do professor que venho pesquisando com muito interesse, porque contemplam a dinâmica da cultura digital e, ao mesmo tempo, princípios essenciais da mediação da aprendizagem na educação autêntica. Da autoria do professor dependerá a comunicação com a geração digital e sua inclusão à cibercidadania.

Célestin Freinet e Paulo Freire já propuseram e realizaram educação dialógica muito antes da internet popularizar o termo “interatividade”. O que há de vital no ambiente multimídia que não estava presente em Freinet ou Freire?

Em primeiro lugar, “interatividade” não é um termo específico de ambiente multimídia ou informatizado. É um conceito de teoria da comunicação. Portanto, pode-se realizar interatividade em ambientes infopobres. Para um entendimento inicial desse conceito, podemos dizer que é a articulação intencional da emissão e da recepção para cocriação da mensagem. Sabemos que, nos meios impressos, radiofônicos e televisivos, a interatividade é inviabilizada, porque são tecnologias unidirecionais em sua natureza analógica. Nesses meios a emissão está separada da recepção. Neles somente a emissão tem o controle sobre a produção da mensagem, não há bidirecionalidade, não há participação ou autoria efetiva da recepção, portanto, não há dialógica. Em suma, não há comunicação. O que há é informação de A para B ou de A sobre B, mas não comunicação de A com B, o que deixa claro o equívoco de se chamar jornal, rádio e tv de “meios de comunicação”. São na verdade meios de informação de massa. Lamentavelmente, a sala de aula, com raras exceções, está baseada na “pedagogia da transmissão” – seja a presencial, seja a online –, quando são subutilizadas as potencialidades interativas ou dialógicas do computador e da internet. Isso ocorre quando os sistemas de ensino estão no mesmo paradigma dos meios de informação de massa. Para haver educação autêntica é preciso que haja dialógica, ou seja, é necessário haver a construção colaborativa da comunicação e do conhecimento. Freinet, Freire e também Vygotsky apostaram nisso. Se estivessem vivos hoje, fariam bom proveito dos ambientes multimídia que articulam computador e internet para potencializar a pedagogia dialógica e socioconstrutivista. Tais ambientes têm em sua natureza digital a disposição para multidirecionalidade, para o conversacional, para a cocriação da mensagem e do conhecimento. Entretanto, podem ser subutilizados quando prevalece a lógica da transmissão unidirecional, quando os professores são excluídos digitais, infoanalfabetos. No livro Sala de aula interativa procuro fazer o tratamento complexo do termo “interatividade” em sintonia com esses autores e com as disposições e potencialidades comunicacionais e colaborativas do computador e internet que eles não conheceram. Se pudessem vivenciar a cultura digital, muito provavelmente esses educadores basilares se dariam conta de que o computador e a internet não são meios unidirecionais um-todos, ao contrário, são tecnologias de comunicação e colaboração todos-todos muito favoráveis às suas teorias e práticas educacionais e também à formação da cibercidadania.

O que significa para você cibercidadania? Como a cibercidadania pode potencializar uma educação de qualidade?

Inverto a pergunta: como a educação pode potencializar a formação da cibercidadania. Sabemos que a finalidade da educação é formar para a cidadania. Entretanto, na “era digital”, “cibercultura”, “sociedade da informação” é preciso formar o cibercidadão. Formar para cibercidadania é colocar os grupos sociais e indivíduos em sinergia, utilizando o potencial de comunicação e colaboração do ciberespaço como vetor de agregação social, sociabilidade e participação na cidade, na cibercidade e no mundo. Cibercidadania é mais do que ter acesso à conectividade, é mais do que poder consumir online. É atuar no ciberespaço com perspectiva comunitária e política. As escolas precisam formar as novas gerações para atuação na cibercidade, nas redes sociais reconfiguradas pelas tecnologias digitais e pela internet: participação online de cunho ambiental, político ou social, ciberativismo, “jornalismo cidadão”, museu virtual, fóruns de discussão, formação, trabalho e colaboração online. Esse engajamento dos professores e do currículo escolar pode cumprir o papel social da educação em nosso tempo. A propósito, sugiro uma leitura interessante que introduz oportunamente este tema. Refiro-me ao livro O futuro da internet – em direção à ciberdemocracia planetária, escrito em dupla pelos estudiosos da cibercultura André Lemos e Pierre Lévy. Eles não tocam no tema educação, lamentavelmente, mas oferecem reflexões preciosas para quem quiser situá-la frente ao desafio de formar para cibercidadania.
O documentário “Periferia.com” revela a proliferação de lan houses e o uso que crianças e jovens fazem delas. De modo geral, esses espaços não diferem dos antigos fliperamas. Como incluir verdadeiramente a criança e o jovem na cultura digital?

Não vi esse documentário, mas li a respeito no seu blog sobre o crescimento do uso das lan houses entre as populações que não têm acesso ao computador conectado em suas residências. Inicialmente é preciso ficar claro que uma coisa é fliperama e outra coisa é lan house. O primeiro oferece jogo operativo. O segundo oferece jogo interativo. O que o clássico pinball requer do jogador senão estocadas em uma esfera disparada na direção dos locais de pontuação? A lan house oferece computador, seus periféricos de operatividade e conexão online que permitem imersão, autoria e colaboração no ciberespaço. O jogo aqui ganha potencialidades para além da operatividade. Enquanto o pinball requer do jogador a destreza mecânica para estocar a esfera na direção de limites fixados em um plano inclinado, o computador potencializa extensão do pensamento do jogador. O computador opera como um sistema de organização de informações que funciona de modo semelhante ao sistema de raciocínio humano: associativo, não linear, intuitivo, muito imediato. Permite simulação, criação e colaboração em rede de interatores geograficamente dispersos, em tempo síncrono e assíncrono. Permite games interativos e não somente operativos. Mais do que ultrapassar fases criadas pelos desenvolvedores, os novos games baseados em pontentes inteligências artificiais permitem que os jogadores construam eles mesmos novas fases, armadilhas e cenários para desafiar seus oponentes. O futuro dos avatares em ambientes 3D é ilimitado. O jogo online na tela do computador ou do celular está aberto à expressão ilimitada da inteligência humana e da inteligência artificial. Ao adentrar criativamente este universo, a criança e o jovem se incluem na cultura digital, mas não necessariamente na cibercidadania. Os jogos online poderão ampliar muitas vezes a performance sanguinária e maléfica. Poderão ser simuladores potentes do ciberterrorismo, cyberbullying, roubo e assassinato. Tudo isso também é cultura digital. Assim sendo, para incluir os jogadores na cultura digital, basta oferecer-lhes acesso e deixá-los entregues a si mesmos e às forças subterrâneas da web e se tornarão hábeis “nativos digitais”. Porém, promover a cibercidadania capaz de equipá-los para o posicionamento crítico na cultura digital requer significativo investimento em educação sintonizada com o nosso tempo sociotécnico e firme na sua finalidade de formar o cidadão.

Informações sobre o V Seminário Nacional O Professor e a Leitura de Jornal: Educação, Mìdia e Formação Docente em: http://www.alb.com.br/portal/5seminario/index.html

Os livros Sala de Aula Interativa, de Marco Silva (Ed. Loyola); Ensino-Aprendizagem Comunicação, organizado por Mary Rangel e Wendel Freire (WAK Editora) e Educação Online - Cenário, Formações e Questões Didático-Metodológicas, organizado por Marco Silva, Lucila Pesce e Antônio Zuin (WAK Editora) serão lançados durante o seminário, no dia 15/07, às 11h, no Centro de Convenções da Unicamp.

O uso do rádio na escola

Integrada à Educomunicação, o uso de rádios escolares escola pode proporcionar experiências transformadoras no aprendizado. Leia abaixo matéria do blog Vamos Ler (Jornal da Manhã)sobre o tema.

O rádio possui um alcance ímpar, por ser ágil, rápido e de fácil entendimento e penetração nos lares. Como meio de comunicação, é aquele que mais se aproxima das pessoas. Locutores conseguem fazem uso da linguagem popular e de recursos sonoros capazes de despertar uma agradável recepção nos ouvintes, trabalhando basicamente com quatro elementos - voz, música, ruídos e silêncio - que combinados conseguem criar imagens que estimulam o cérebro humano.

Ele é, atualmente, multimidiático. Sua transmissão digital permite, além de informações textuais, ser acessível em celulares e televisões conectadas a antenas parabólicas. A Web Rádio, que utiliza tecnologia de ‘streaming’, viabilizou a escuta da programação de emissoras tradicionais de rádio por intermédio do computador. Esta nova fase permite uma mudança nas formas de se produzir educação pelo rádio, que ultrapassa o modelo tradicional e acrescenta outras possibilidades educativas, principalmente porque permite a interação do público.Por estar integrada ao conceito de Educomunicação, a linguagem radiofônica pode proporcionar experiências muito significativas e transformadoras no espaço educacional, aproximando-se dos jovens que nasceram na era da cultura audiovisual, ampliando as possibilidades de expressão.

Para o educador, radialista e coordenador do Programa Nas Ondas do Rádio, da Secretaria Municipal de Ensino de São Paulo, e presidente do Comitê Gestor da Lei EDUCOM, Carlos Alberto Mendes de Lima (*), “o rádio na escola é um instrumento que permite a expressão comunicativa dos alunos, o intercâmbio de ideias, a melhoria no espaço de convivência e a integração escola - aluno. São benefícios que promovem a Cultura de Paz. Além disso, contribui para o aprimoramento das competências comunicativas dos participantes, principalmente a oral e a escrita.”

A Rádio Escolar, ampliada para o universo virtual através da publicação em podcast, permite que um leque ainda maior de ideias e projetos sejam expandidos na relação educador-aprendiz, auxiliando no processo ensino – aprendizagem. “O Podcast pode ser trabalho com interface midiática, principalmente com o Blog. Neste sentido, a proposta pode ser uma excelente ferramenta na informática educativa para o desenvolvimento de projetos de produção midiática e publicação de conteúdo”, explica Lima.

O radialista acredita que a comunicação tira um pouco da tecnicidade do trabalho desenvolvido na informática educativa e agrega valor pela comunicação e a expressão comunicativa, ou seja, usar as TICs a serviço da comunicação. Neste sentido, ele destaca a necessidade de preparar educadores para o desenvolvimento de projetos educomunicativos nas escolas.
*Carlos Mendes de Lima é meu professor de produção de áudio no módulo de educomunicação, na Pós - Graduação em Tecnologias na Aprendizagem pelo Senac de São Paulo*
O rádio escolar no Brasil
No Brasil, o rádio nasceu educativo, pelas mãos de Roquete Pinto (1884-1954), antropólogo, membro da Academia Brasileira de Letras, cujo ideal humanista era levar cultura e educação a todas as partes do país.

Em 20 de abril de 1923, o antropólogo Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A programação educativa incluía aulas e palestras de variadas disciplinas, como História, Geografia, Literatura, Física e Química, além de outros eventos culturais, como concertos e temporadas líricas.

Essa emissora é considerada por muitos como a pioneira das rádios piratas, que abriu as portas da legalidade para que no Brasil o rádio fosse livre desde os momentos iniciais de sua implantação. Para Roquete Pinto, essa nova tecnologia devia contribuir como instrumento de cidadania e educação.

Surgiram então emissoras que funcionaram como radioescola, por transmitir conhecimentos para escolas e público em geral. A programação educativa tinha o objetivo de instruir a população, em especial os analfabetos.

A legitimidade e os resultados positivos dos projetos educomunicativos que envolviam o rádio na educação deram origem à Lei Educom, lei municipal 13.941, de 28 de dezembro de 2004, regulamentada pelo Decreto 46.211, de 15 de agosto de 2005, intitulado ‘Educomunicação pelas ondas do Rádio’, que tem por objetivo assegurar a continuação da filosofia e das metodologias do projeto EDUCOM.RÁDIO nos espaços culturais e educativos do município de São Paulo.

Fique por dentro
‘Streaming’ é o fluxo de mídia, uma forma de distribuir informação multimídia numa rede através de pacotes [distribuir conteúdo multimídia através da Internet]. Permite que um usuário reproduza mídia protegida por direitos autorais na Internet sem a violação desses direitos, similar ao rádio ou televisão aberta.

‘Podcast’ é o nome dado ao arquivo de áudio digital, geralmente em formato MP3 ou AAC (Codificação de Áudio Avançado), publicado através de podcasting (o processo) na internet e atualizado via RSS. A palavra é uma junção de iPod e broadcast (transmissão de rádio ou televisão). Sistema de disseminação de informação em larga escala.

Fonte: Blog Vamos Ler do Jornal da Manhã/PR -Texto: Talita Moretto

Escola conquista prêmio mundial

As aulas da Escola Municipal Prefeito Dr. Fulton Vitel B. de Macedo tiveram um sabor a mais este mês (junho). A turma do 2º ano do 2º ciclo (na foto com a jornalista Talita Moretto) e a professora Lourdes do Rocio Stafin dos Santos foram surpreendidos com a conquista do Prêmio Mundial para Jornal Escolar sobre o tema Liberdade de Imprensa, da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA), dentro do Programa Jovens Leitores. A Escola Funton iniciou suas atividades no Projeto Vamos Ler, realizado pelo Jornal da Manhã, no início deste ano.

A categoria é nova, lançada este ano pela WAN-IFRA, com o objetivo de levar para as salas de aula a discussão sobre o tema Liberdade de Imprensa e Expressão, sua importância e fragilidade. Para isso, estimulou escolas a produzirem um jornal que divulgasse o tema, destacando o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, 3 de maio.

O Prêmio foi voltado a estudantes de quaisquer níveis de ensino e de qualquer lugar do mundo. Para participar, as turmas deveriam explorar o dilema de jornalistas exilados, usando o material que a WAN-IFRA disponibilizou. “A Escola Fulton ganhou este prêmio especial pela forma excelente que utilizou o material fornecido por nós e, principalmente, pela criatividade em criar suas próprias charges e textos. Vemos este trabalho como um excelente modelo para o prêmio do próximo ano”, esclarece a diretora executiva do Programa Jovens Leitores – WAN-IFRA, Aralynn McMane.

Com apoio da equipe pedagógica da escola, a professora promoveu discussões, explicando aos alunos a importância do tema, buscando, além do material da WAN-IFRA, outras fontes de informação. “Com base nos textos lidos, cada um se expressou à sua maneira, através depoimentos e desenhos. Os alunos entrevistaram as professoras da escola, os familiares, ouvindo a opinião de todos sobre o assunto”, explica Lourdes.

A diretora da escola, Nerci Fátima Ingês de Lara, e a pedagoga, Márcia Andreia Ianzen, ficaram muito felizes com a conquista, e elogiam o comprometimento da professora com o trabalho. “Isto me fez perceber a capacidade que todos têm. A turma nunca tinha participado de nada, e nunca tinha ganhado nada. Ficaram muito emocionados com o resultado”.

O fato de a primeira escola a ganhar este prêmio ser do Brasil, e fazer parte do grande grupo de educadores e estudantes do Vamos Ler, traduz-se no reconhecimento. Desde 2008 o JM é trabalhado em sala de aula, orientando professores e despertando os alunos para a leitura crítica do mundo. Um projeto novo, se comparado ao restante do mundo, mas que sempre nos trouxe excelentes resultados. O mérito maior desta conquista foi mostrar aos alunos que eles têm sim potencial, e mostrar à comunidade que a leitura pode ser sua maior riqueza.

O nome do jornal? ‘Voz da Liberdade’.

ENVOLVIDOS NA DISCUSSÃO
A UNESCO destaca que o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa constitui a ocasião para relembrar ao mundo quão importante é proteger o direito fundamental da pessoa humana, que é a liberdade de expressão, direito este inscrito no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Considerando que a violência para com os profissionais dos media é hoje uma das principais ameaças à liberdade de expressão.

O Programa Jornal e Educação da ANJ tem estimulado entre os diversos coordenadores, em todas as regiões brasileiras, o debate sobre esse tema, com o apoio e o estímulo da WAN/IFRA, que reconhece o importante papel dos programas de Jornal e Educação no mundo inteiro. “Para nós, que trabalhamos em conjunto com os coordenadores, é uma vitória saber que o Jornal da Manhã foi o primeiro vencedor desse prêmio. E um reconhecimento internacional de que os jornais brasileiros têm feito o seu papel.” Cristiane Parente, Coordenadora Executiva do Programa Jornal e Educação da ANJ e membro do Comitê Internacional de Jornal e Educação e Jovens Leitores da WAN/IFRA.

A Secretaria Municipal de Educação de Ponta Grossa, parceira no desenvolvimento do Projeto Vamos Ler em escolas municipais, reconhece a importância de envolver os alunos no debate das notícias, envolvendo-os na sociedade desde cedo. “Este prêmio é importante, principalmente pelo fato da escola ter feito um trabalho tão bonito a partir da experiência com a leitura do jornal, e esse tipo de experiência altera toda a sua vida, porque a crianca que é estimulada desde cedo à leitura acredita mais no seu potencial, na sua capacidade e tem mais subsídios para opiniar, refletir e participar da sociedade”, acredita a Secretária Municipal de Educação de Ponta Grossa, Zélia Maria Lopes Marochi.

A turma, que se dedicou bastante na criação do jornal, etã muito feliz com o prêmio. “Quando fiquei sabendo que ganhamos o prêmio, eu me senti alegre, feliz e emocionada”, conta a aluna Bruna da Silva Saettone.

Fonte: Blog Vamos Ler/ Texto Talita Moretto

Educação familiar na era virtual

Advogada especialista em Direito Digital e Criminal, Gisele Truzzi, alerta: os pais não sabem o que seus filhos estão fazendo online e podem ser responsabilizados, inclusive criminalmente, pelas infrações digitais de seus filhos.

Segundo ela, a interatividade oferecida pelo ambiente virtual expõe aos mesmos riscos da rua.

Na internet, pode-se ser vítima de roubos, calúnias, pedofilia, entre muitos outros crimes.
Para a advogada, os pais precisam conversar sobre o assunto, deixar claro o que pode ou não fazer online e falar das consequências de, por exemplo, publicar fotos íntimas ou dar detalhes da rotina na internet.
Gisele explica que os pais ou tendem a achar que tecnologia é coisa de jovem, e, de forma geral, não estão preparados para ela.

Por isto, os pais têm que se preparar para educar seus filhos também para a vida digital.
Fonte: A Gazeta (ES) e O POVO Educação

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ecofuturo lança 2ª edição do Prêmio de Educação para a Sustentabilidade

”Quase tudo o que existe pode ser modificado pelo homem, mas o que realmente precisa ser modificado é a maneira de agir, de pensar, de cuidar”. É assim, sob o olhar de um garoto como Joelmir Tailon de Araújo Ferraz, 15, de Formosa do Rio Preto, na Bahia, que fica evidente a importância de aprender a tecer uma rede de cuidados para criar a grande rede da sustentabilidade. É com esta percepção que, no ano internacional da biodiversidade, o Instituto Ecofuturo lança o 2º Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade e convida professores de todo o País a compartilharem suas idéias sobre como trabalhar o tema do cuidado pela vida de forma multidisciplinar e transversal em sala de aula.

O Prêmio abre um canal de comunicação com os educadores para que escrevam projetos ou planos de aula que demonstrem como ensinar, na prática, algo que deveria fazer parte da base de toda experimentação e todo aprendizado, que envolve, essencialmente, o cuidado com o outro, com si próprio e com todas as formas de vida no planeta. O projeto está aberto a professores das redes pública e privada de todo o Brasil, da educação infantil, ensino fundamental e médio, e EJA, bem como de outras instituições onde se realizem atividades educacionais. As inscrições estão abertas de 25 de junho a 25 de agosto e devem ser realizadas pelo hotsite www.ecofuturo.org.br/premio.

O diferencial desta edição é a proposta aos professores de acessar também uma bibliografia literária, seja para sua reflexão ou para o trabalho em sala de aula, por se tratar de um recurso relevante para ativar outros canais de percepção e apropriação de sentidos. Por isso, O Ecofuturo preparou e disponibilizou no hotsite do Prêmio um material de referência, composto por textos do escritor e jornalista Daniel Piza e pelo poeta Bartolomeu Campo de Queirós, visando incrementar a base de pesquisa e auxiliar os educadores na missão de pensar projetos que ajudem a propiciar aos seus alunos aprendizados sobre o tema central do Prêmio: Saber cuidar.
A premiação contemplará os dez melhores autores com a publicação de seus projetos em livro, R$ 3 mil em dinheiro e uma coleção de títulos de literatura e ecologia. As escolas onde estes educadores lecionam ganharão uma coleção de livros de literatura e ecologia e um computador com impressora.

“A partir da nossa experiência de dez anos na realização de concursos de redação em nível nacional, para alunos e professores de toda a grade curricular, percebemos a importância de criar um canal de comunicação e troca com os educadores, visando conhecer, reconhecer e compartilhar ideias sobre projetos de educação para a sustentabilidade. Assim, acreditamos que podemos contribuir, à distância, com a ampliação de repertórios de qualidade para que o educador se sinta mais preparado para tratar o tema com seus alunos em sala de aula, de modo que estes aprendam como podemos ser mais cuidadores e cuidadosos com a vida, argumentando com gosto e competência”, conta Christine Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo.

Com a realização do 1º Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade, que recebeu cerca de 400 projetos de 250 cidades espalhadas pelos 27 Estados brasileiros, o Ecofuturo percebeu a adequação de intercalar a realização do Prêmio com a dos concursos de redação e, assim, criar uma forma de primeiro refletir com os educadores os mesmos temas que serão tratados, a seguir, nos Concursos. Dessa maneira, a segunda edição do Prêmio será uma preparação dos professores com o tema Saber Cuidar, ampliando e amadurecendo a base de repertório para que orientem seus alunos durante o 7º Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso, que será realizado em 2011, de modo que desenvolvam compreensão e argumentação sobre o tema, imprescindíveis para que conduzam a produção das redações.

Para a realização desta segunda edição do Prêmio, que tem a chancela do Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Ecofuturo conta com o patrocínio da Suzano, o apoio da System Marketing Consulting e da MDS Consultores de Seguros e Riscos, além da parceria da Organização dos Estados Ibero-Americanos, da ANJ, da Fundação SM e da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Sobre o Instituto Ecofuturo
O Instituto Ecofuturo é uma organização social de interesse público criada e mantida pela Suzano desde 1999, cuja missão é pesquisar e disseminar conteúdos e práticas focadas na construção de uma cultura individual e coletiva de sustentabilidade. Para o Ecofuturo, a palavra é a ponte para a sustentabilidade, por isso, investe no Programa Ler é Preciso, por meio do qual promove meios para o desenvolvimento das competências de ler e escrever entre crianças, jovens e adultos em nível nacional. Também realiza projetos que promovem o desenvolvimento de práticas de gestão sustentável em reservas naturais e centros urbanos, como o Parque das Neblinas e o Programa Investimento Reciclável.

Alunos participam de atividades sobre a sétima arte

Começaram no dia 8 de junho as sessões de cinema oferecidas às escolas que participam do Projeto Vamos Ler, do Jornal da Manhã, de Ponta Grossa/PR. Elas acontecem anualmente com o objetivo de discutir temas importantes através de curtas-metragens nacionais.

Cada turma participa uma vez ao ano, e as sessões acontecem em junho e em setembro para as escolas de Ponta Grossa.

Após a exibição de cada filme (quatro no total) o ator e contador de histórias, Antônio Nildo, faz um bate-papo descontraído com as crianças, ressaltando as mensagem de cada curta, estimulando que participem do debate, contando o que puderam observar e entender.

A coordenadora do Vamos Ler em Ponta Grossa é a jornalista Talita Moretto. Para mais informações sobre o projeto: www.jmnews.com.br/index.php?SETOR=BLOG&BID=4681

Curso ensina professor a usar nova tecnologia

Educadores do projeto Correio Escola, de Campinas, dão curso para professores do colégio Notre Dame sobre novas tecnologias. Veja na matéria abaixo, do jornalista Fabiano Ormaneze, que faz parte do projeto.


Uma parceria entre o projeto Correio Escola, do Grupo RAC (Campinas/SP), e o Colégio Notre Dame de Campinas possibilitou que os professores envolvidos no curso de extensão cultural que prepara para a utilização diária do jornal na sala de aula tivessem treinamento sobre novas tecnologias aplicadas à educação.


Durante o último encontro do semestre, realizado segunda-feira (21/06), nas salas do colégio, os 70 educadores aprenderam como utilizar ferramentas como a lousa digital, blogs e até mesmo o celular na sala de aula. “Nosso objetivo é mostrar ao professor que é possível incorporar as mais diversas tecnologias na sala de aula e, assim, aproximar o conteúdo da realidade dos alunos”, explicou a coordenadora do Correio Escola, Cecília Pavani.


A coordenadora de informática do Notre Dame, Eliane Almstaden Moller, falou aos professores sobre como a internet pode ser um recurso para todos. “Mesmo para quem não tem grande domínio de informática, é possível montar um blog e interagir com os alunos, postando textos, tarefas e resultados de atividades”, disse.


Uma experiência positiva na área foi contada pela professora Iolanda Soldatti, da Escola Estadual Newton Pimenta Neves. Ela, que participa do Correio Escola, montou a sua página virtual, o Blog da Dona, no ano passado. “Ele surgiu da cobrança dos alunos por interação e também para que eu pudesse estar mais próxima da realidade deles. Como muitos me chamam de dona, acabei usando o apelido para dar nome ao blog. O resultado tem sido muito bom, com a participação de todos”, disse.


Na segunda parte da aula, as professoras Ângela Junquer e Elizena Cortez, da equipe pedagógica do Correio Escola, demonstraram como a lousa digital — uma mistura de tela de computador e o antigo quadro à frente das salas de aula — pode ser utilizada. “Para quem não tem essa tecnologia, vale a pena olhar ao seu redor e utilizar tudo aquilo que é de domínio dos alunos”, lembrou Elizena. Um exemplo dado por ela é o celular. “Hoje, os aparelhos vêm equipados com uma ferramenta que permite consultar o horário no mundo inteiro. Isso pode ser aproveitado para ensinar fuso horário”, explicou. Ângela tem outra dica: “Mesmo em português, o professor pode usar as gírias utilizadas nas mensagens para ensinar as diferenças em relação à norma culta e explicar aos alunos a importância de conhecer todos os registros linguísticos.”


Fonte: Correio Popular/ Foto: Elcio Alves

Atividades com jornal

O programa Jornal Escola Comunidade, do jornal A Tribuna, de Santos/SP, sugeriu uma série de atividades com jornal para as professoras que fazem parte do programa e trabalham o jornal com seus alunos. As atividades foram baseadas em matérias que saíram no jornal, mas você pode se inspirar e buscar outras maneiras de fazer as suas atividades também. Quem sugere as atividades é a coordenadora do programa, Carolina Morgado.

Atividade 1
Matéria:
Do lixo para livros escolares e cédulas de dinheiro /
A Tribuna (D-2) do dia 19/01/2009
- Desenvolver a leitura do texto e abordar temáticas a respeito da importância da reciclagem e histórico de tal processo.
- Trabalhar unidades de medidas e aproveitar para pesquisar sobre o que consomem em casa (embalagens) em números.
Dica JEC: Uma grande ideia!

Agrupar os alunos e pedir para que criem um produto a partir da reciclagem que sejam úteis
para o dia a dia deles ou da escola. Ao final, realizar uma exposição na escola.


Atividade 2
Matéria: Crimes on-line crescem 43,5% / A Tribuna (A-3) do dia 9/02/2009
- Utilizar a reportagem para conscientizar os estudantes sobre a questão dos perigos que a internet também oferece.
- Só no ano passado, mais de 91 mil ocorrências de crimes cibernéticos foram registradas. Utilizar os dados para desenvolver
atividades que os levem a refletir sobre o assunto.
- Abordar os direitos humanos e as implicações de sua violação.
Dica JEC: Coordenadores do Programa devem acessar www.safernet.org.br e se informar sobre os cursos que a ONG oferece.


Atividade3
Matéria: Empresas adaptam estratégias de marketing às redes sociais / A Tribuna (C-3) do dia 10/08/2009
- Blogs, twitter, orkut, facebook e tantos outros portais onde crianças, jovens e adultos se relacionam em busca de objetivos diferentes. Relacionamento, divulgação em geral, entretenimento etc. Enfim, seja qual for o objetivo, a tecnologia expandiu também o mercado publicitário.
Dica JEC: Os alunos podem criar blogs da sala de aula no qual há descrições do que a turma realiza, datas de provas etc. Se a sua escola já tem esse tipo de ferramenta de comunicação, mande um relato para a coordenação do JEC.


Atividade 4
Matéria:
Santistas criam site para divulgar boas ideias /
A Tribuna (A-7) do dia 29 de janeiro de 2009
-Professores devem estimular a participação dos alunos, postando resumos na internet, criando perfis pessoais com dicas de leitura ou atividades.
-Mostrar que a internet pode ser uma grande aliada em atividades de geração de renda.
Dica JEC: Os alunos podem criar um e-mail de grupo da sala e trocar informações a respeito das aulas e de conteúdos que interessam a turma. O objetivo é um atender às necessidades do outro.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Pais falham ao orientar gastos de pré-adolescentes

Matéria do Estado de São Paulo, do dia 20 de junho, pode fomentar bons debates em sala de aula. Confira:

Celular, iPod, videogame, roupas e tênis de marca. Quem tem filho pré-adolescente sabe que os desejos de consumo mudam todo dia e nunca ficam totalmente satisfeitos. A criança sabe o que quer, decide sozinha como gastar seu dinheiro e influencia nas compras de toda a família. Não consegue, no entanto, perceber o conteúdo persuasivo de mensagens publicitárias - cada vez mais voltadas para esse público - ou avaliar se de fato precisa do produto anunciado.

Essas são conclusões de uma pesquisa da Unicamp feita com 423 estudantes entre 8 e 14 anos - grupo batizado de "tweens" (trocadilho com "teens" e "between"). Entre os entrevistados, 95% dizem receber dinheiro dos pais com frequência, mas menos da metade diz ter orientação sobre como gastá-lo.

Os resultados sugerem ainda que, embora esses jovens tenham contato com dinheiro desde muito cedo, não têm noção de valor e, como é próprio da idade, ainda são incapazes de analisar a relação custo-benefício de um produto. "Esse papel cabe aos pais. Mas muitos tendem a ver os filhos como pequenos adultos", diz a pedagoga Maria Aparecida Fermiano, autora do estudo.
Segundo a pesquisadora, muitos pais encontram dificuldade na educação financeira dos filhos por serem eles próprios desorganizados. A maior parte dos entrevistados (39,2%) afirmou receber dinheiro somente quando pede, ou seja, sem regularidade. "É uma estratégia ruim, pois se perde a noção do todo e não se estimula o planejamento dos gastos", diz Maria Aparecida.


Outro levantamento feito pelo Instituto Alana revelou que 80% dos pais são influenciados pelos filhos na hora das compras. "As crianças atuam como promotoras de venda dentro de casa, por isso até propaganda de produto de limpeza acaba sendo direcionada a esse público", diz Lais Fontenelle, coordenadora do projeto Criança e Consumo.

A engenheira Carla Damião, mãe de três tweens, sente diariamente os efeitos do assédio do marketing. "Eles querem tudo que passa na TV, mas digo para não acreditarem em tudo o que é anunciado. Explico, por exemplo, que os carrinhos Hot Wheels não fazem as mesmas piruetas da propaganda", conta.

Pressão. Para Lais, o maior problema é que os bens de consumo acabam se transformando em ingressos sociais. "É complicado a criança crescer acreditando que precisa de determinado objeto para ser aceita ou para ser feliz."

Depois que transferiu a filha Isabela, de 11 anos, para um colégio de elite na capital, a terapeuta ocupacional Andrea Lima percebeu que a menina passou a sentir uma pressão maior nesse sentido. "Ela quer estar igual às amigas, ter o que elas têm. Como se isso alimentasse a amizade. Parece que há uma mistura entre afeto e imagem", conta Andrea.

A secretária Paola Calicchio também vivencia essa situação com o filho Gabriel, de 13 anos. "No último inverno ele me disse que preferia ter uma única blusa de frio, desde que fosse de uma determinada marca. Parcelei em dez vezes e acabei comprando a blusa", conta. Segundo Paola, o menino nunca se sentiu excluído porque sempre está igual aos amigos. "São todos muito parecidos, como uma gangue", diz.

Mas essa lógica do "todo mundo faz" pode deixar a criança mais suscetível a comportamentos de risco na adolescência, alerta a psicóloga Vera Iaconelli, coordenadora da Gerar - Escola de Pais. "Fica difícil para a criança se posicionar de forma independente se os próprios pais não resistem à pressão de que os filhos têm de ter o que todo mundo tem", argumenta. A ideia de que objetos podem preencher vazios, diz, desdobra-se em outras formas de consumo inconsequente, inclusive de drogas.

Na opinião de Vera, os pais erram quando tentam privar a criança de todo sofrimento e frustração. "Eles devem ajudá-la a lidar com as angústias que são inerentes ao desenvolvimento."

Outro dado revelado pela pesquisa da Unicamp é que os jovens sentem falta de estar com a família. Embora 80% afirme que prefere passar seu tempo com os pais, essa convivência parece estar restrita ao momento das refeições e ao de assistir à TV.

Para Vera, pior que passar pouco tempo com os filhos é tentar compensar a ausência de forma equivocada. "Ser permissivo ou confundir presentes com presença." Quando se está com os filhos, afirma, é preciso exercer o papel de pai ou de mãe na íntegra, e isso inclui a bronca e o não.

Fonte: Estado de São Paulo - 20/06/2010

O que são projetos?

Slide disponibilizado por Sonia Bertocchi sobre o que é e como trabalhar com projetos. A fonte dos textos é o programa Salto para o Futuro!

Ecofuturo lança 2ª edição do Prêmio de Educação para a Sustentabilidade

”Quase tudo o que existe pode ser modificado pelo homem, mas o que realmente precisa ser modificado é a maneira de agir, de pensar, de cuidar”. É assim, sob o olhar de um garoto como Joelmir Tailon de Araújo Ferraz, 15, de Formosa do Rio Preto, na Bahia, que fica evidente a importância de aprender a tecer uma rede de cuidados para criar a grande rede da sustentabilidade. É com esta percepção que, no ano internacional da biodiversidade, o Instituto Ecofuturo lança o 2º Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade e convida professores de todo o País a compartilharem suas idéias sobre como trabalhar o tema do cuidado pela vida de forma multidisciplinar e transversal em sala de aula.

O Prêmio abre um canal de comunicação com os educadores para que escrevam projetos ou planos de aula que demonstrem como ensinar, na prática, algo que deveria fazer parte da base de toda experimentação e todo aprendizado, que envolve, essencialmente, o cuidado com o outro, com si próprio e com todas as formas de vida no planeta. O projeto está aberto a professores das redes pública e privada de todo o Brasil, da educação infantil, ensino fundamental e médio, e EJA, bem como de outras instituições onde se realizem atividades educacionais. As inscrições estão abertas de 25 de junho a 25 de agosto e devem ser realizadas pelo hotsite www.ecofuturo.org.br/premio.

O diferencial desta edição é a proposta aos professores de acessar também uma bibliografia literária, seja para sua reflexão ou para o trabalho em sala de aula, por se tratar de um recurso relevante para ativar outros canais de percepção e apropriação de sentidos. Por isso, O Ecofuturo preparou e disponibilizou no hotsite do Prêmio um material de referência, composto por textos do escritor e jornalista Daniel Piza e pelo poeta Bartolomeu Campo de Queirós, visando incrementar a base de pesquisa e auxiliar os educadores na missão de pensar projetos que ajudem a propiciar aos seus alunos aprendizados sobre o tema central do Prêmio: Saber cuidar.

A premiação contemplará os dez melhores autores com a publicação de seus projetos em livro, R$ 3 mil em dinheiro e uma coleção de títulos de literatura e ecologia. As escolas onde estes educadores lecionam ganharão uma coleção de livros de literatura e ecologia e um computador com impressora.

“A partir da nossa experiência de dez anos na realização de concursos de redação em nível nacional, para alunos e professores de toda a grade curricular, percebemos a importância de criar um canal de comunicação e troca com os educadores, visando conhecer, reconhecer e compartilhar ideias sobre projetos de educação para a sustentabilidade. Assim, acreditamos que podemos contribuir, à distância, com a ampliação de repertórios de qualidade para que o educador se sinta mais preparado para tratar o tema com seus alunos em sala de aula, de modo que estes aprendam como podemos ser mais cuidadores e cuidadosos com a vida, argumentando com gosto e competência”, conta Christine Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo.

Com a realização do 1º Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade, que recebeu cerca de 400 projetos de 250 cidades espalhadas pelos 27 Estados brasileiros, o Ecofuturo percebeu a adequação de intercalar a realização do Prêmio com a dos concursos de redação e, assim, criar uma forma de primeiro refletir com os educadores os mesmos temas que serão tratados, a seguir, nos Concursos. Dessa maneira, a segunda edição do Prêmio será uma preparação dos professores com o tema Saber Cuidar, ampliando e amadurecendo a base de repertório para que orientem seus alunos durante o 7º Concurso Cultural Ler e Escrever é

Preciso, que será realizado em 2011, de modo que desenvolvam compreensão e argumentação sobre o tema, imprescindíveis para que conduzam a produção das redações.

Para a realização desta segunda edição do Prêmio, que tem a chancela do Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Ecofuturo conta com o patrocínio da Suzano, o apoio da System Marketing Consulting e da MDS Consultores de Seguros e Riscos, além da parceria da Organização dos Estados Ibero-Americanos, da ANJ/ Programa Jornal e Educação, da Fundação SM e da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Sobre o Instituto Ecofuturo

O Instituto Ecofuturo é uma organização social de interesse público criada e mantida pela Suzano desde 1999, cuja missão é pesquisar e disseminar conteúdos e práticas focadas na construção de uma cultura individual e coletiva de sustentabilidade. Para o Ecofuturo, a palavra é a ponte para a sustentabilidade, por isso, investe no Programa Ler é Preciso, por meio do qual promove meios para o desenvolvimento das competências de ler e escrever entre crianças, jovens e adultos em nível nacional. Também realiza projetos que promovem o desenvolvimento de práticas de gestão sustentável em reservas naturais e centros urbanos, como o Parque das Neblinas e o Programa Investimento Reciclável.

Concurso Aprender e Ensinar Tecnologias Sociais

O concurso “Aprender e Ensinar Tecnologias Sociais” está com inscrições abertas até 28 de junho.

A idéia do concurso, promovido pela Revista Fórum e a Fundação Banco do Brasil, é fortalecer e divulgar essas iniciativas inovadoras, potencializando a função do educador enquanto multiplicador de saber.

Os professores de ensino fundamental da rede pública e educadores sociais podem propor e relatar suas experiências com o tema até dia 28 de junho através do site www.revistaforum.com.br/ts

Os 5 ganhadores serão premiados com viagem ao Fórum Social Mundial 2011 que acontecerá em Dacar, Senegal.

Vale também lembrar que todos os inscritos ganham o livro “Geração de Trabalho e Renda” e assinatura da revista Fórum até outubro desse ano.

Fonte: O POVO Educação - 21/06/2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Programa "A Gazeta na Sala de Aula" realiza seminário sobre “Valores”

O programa "A Gazeta na Sala de Aula", do jornal A Gazeta (ES) realiza um seminário com 400 profissionais parceiros do programa na próxima terça, 22 de junho, no Centro de Convenções de Vila Velha.

Todos os anos o programa escolhe um tema para abordar nas salas de aula. Neste ano, a temática escolhida é sobre “Valores”, que também será abordada nas palestras. Um dos destaques do seminário será o professor José Pacheco. O fundador da Escola da Ponte de Portugal falará sobre “A construção de valores e o desafio de educar”.

“A Escola da Ponte trabalha a autonomia e a auto-estima do aluno. Eles ficam em um bairro de periferia de Portugal e, desde a sua fundação, trabalharam com muitos alunos problemáticos”, afirma a coordenadora do programa, Cristina Barbiero Moraes.

A palestra será transmitida pelo Gazeta Online TV (www.gazetaonline.com.br).

O seminário contará também com relatos de duas jornalistas de A Gazeta que receberam o Prêmio Capixaba de Jornalismo em 2009. Vilmara Fernandes e Elaine Vieira falarão sobre suas matérias “A vida além dos muros do Adauto Botelho” e “Amor bandido: prisão mesmo fora da cela”, respectivamente.

No evento, será exibido o documentário “Siga minhas mãos”, dirigido pela repórter e produtora do Em Movimento, Luciana Gama a respeito das pedras turísticas do Espírito Santo como Itabira e o frade e a freira. Além disso, o encontro contará também com uma exposição dos trabalhos desenvolvidos pelos professores em cada município participante.

O A Gazeta na Sala de Aula existe há 15 anos e possui, hoje, 30 mil alunos participando em 357 escolas diferentes. O programa, que trabalha com professores de escolas públicas de todo o Estado, realiza oficinas pedagógicas, encontros regionais, seminários, concursos dentre outros, que auxiliam na inserção das informações jornalísticas no dia a dia dos estudantes.

Programação do Seminário:
Data: 22/06/2010
Local: Centro de Convenções de Vila Velha
Público: 400 pessoas, entre professores, pedagogos, diretores, secretários de educação

Manhã
8h20 – Café
9h10 – Abertura
9h30 – Palestra “A construção de valores e o desafio de educar”, com o professor José Pacheco, fundador da Escola da Ponte de Portugal.
11h30 – Painel com relatos de jornalistas de A GAZETA que receberam o Prêmio Capixaba de Jornalismo em 2009: Vilmara Fernandes (matéria “A vida além dos muros do Adauto Botelho”) e Elaine Vieira (matéria “Amor bandido: prisão mesmo fora da cela”)
12h30 – Almoço ao som de músicas do CD “Serelepe”, de José Antônio Monteiro

Tarde
13h – Exibição do documentário “Siga minhas mãos” – direção de Luciana Gama.
13h50 – Apresentação de história com os artistas Cleverson Guerrera e Jeanine Pacheco
14h10 – Palestra “Valores na educação: uma experiência de vida”, com Nourival Júnior
15h10 – Sorteio de brindes e encerramento

Fonte: A Gazeta (ES)

Cinema e Educação

Artigo: DA MÍDIA-EDUCAÇÃO AOS OLHARES DAS CRIANÇAS: PISTAS PARA PENSAR O CINEMA EM CONTEXTOS FORMATIVOS.
Autora: Monica Fantin


Resumo do artigo:
Olhar a vida através de um filme sobre a infância e entender a relação criança cultura mediada pelo cinema pode se apresentar como um desvio metodológico para pensar uma crítica da cultura contemporânea, considerando os olhares das teorias e os olhares das crianças. A relação entre mídia-educação e cinema pode ser entendida a partir das dimensões estéticas, cognitivas, sociais e psicológicas, inter-relacionadas com o caráter instrumental, educar com e para o cinema, e com o caráter de objeto temático, educar sobre o cinema. Neste entendimento, a narração da experiência das crianças a partir dos filmes que assistem revela o caráter autobiográfico de suas experiências e mostra a singularidade da construção de sentidos. No contexto de uma pesquisa sobre crianças e cinema, esta relação foi analisada a partir do estudo de recepção de um filme com crianças de diferentes contextos sócio-culturais no Brasil e na Itália e a partir de uma intervenção pedagógica com produção de mídias na escola. Neste artigo, a relação mídia-educação e cinema servirá de parâmetro para analisar as falas das crianças, organizadas através da categoria de representação do que é cinema para elas a fim de discutir algumas possibilidades de educação cinematográfica na escola.

Link do artigo completo: http://www.twiki.faced.ufba.br/twiki/pub/GEC/TrabalhoAno2006/da_midia_educacao_aos_olhares.pdf

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Como detectar mentiras e manter a verdade: conhecimento de mídias e cida...

Escolas buscam alternativas para afastar violência

A violência que explode nas grandes cidades vira rotina também dentro das escolas públicas. Veja uma reportagem especial da TV Câmara que foi atrás de iniciativas para combater o medo e a intolerância que ameaçam a formação dos estudantes e o trabalho dos mestres:


Educação, Cybercultura e Multimídia é um dos temas do V Seminário Nacional O Professor e a Leitura de Jornal, em Campinas

De 14 a 16 de julho acontece em Campinas, no auditório da UNICAMP, o V Seminário Nacional O Professor e a Leitura de Jornal: Educação, Mídia e Formação Docente. Edméa Santos (foto) é uma das palestrantes da mesa "Educação, Cybercultura e Multimídia" do evento.

Ela é Doutora em Educação pela UFBA, professora do PROPED da Faculdade de Educação da UERJ. Atua com a disciplina Informática na Educação nos cursos de Pedagogia presencial e a distância. Orienta projetos de pesquisa nas áreas da Informática na Educação, Educação e Cibercultura, Pesquisa-formação. É também organizadora dos livros "Cartografia cognitiva" e "Avaliação da aprendizagem em educação online".
O Programa Jornal e Educação da ANJ, um dos organizadores do evento, entrevistou a professora Edméa. Confira abaixo.

Programa Jornal e Educação - Você descreve em seu artigo no livro Ensino-Aprendizagem Comunicação (WAK Editora) que uma primeira fase da informática na educação foi muito instrucionista, quando as técnicas são mais valorizadas que os processos educacionais. Você ainda vê esse instrucionismo nas escolas? O que seria preciso fazer para superar essa fase?

Edméa Santos -
Num primeiro momento não tínhamos no Brasil pesquisa e práticas pedagógicas específicas sobre o uso do computador integrado ao Currículo escolar. O ensino era pautado no uso do computador como ferramenta de automação de processos de gestão ou programação. O professor geralmente era um técnico e a Informática uma mera disciplina extracurricular. Infelizmente ainda temos práticas instrucionistas. O instrucionismo não se define apenas pelo uso técnico da máquina e nem pelo ensino da Informática como área de conhecimento específico. A Pedagogia instrucionista ainda é uma realidade, inclusive em tempos de mídias e redes sociais na e da Internet. Nossas pesquisas constatam esta realidade no estado do RJ e cada vez mais defendemos a tese que é preciso investir em políticas de formação continuada para professores. Avançamos no acesso ao computador e a internet por parte dos professores. Contudo, a formação de professores e gestores ainda é um desafio. Para saber mais sobre nossas pesquisas, acessem nosso site e do nosso grupo de pesquisa (GPDOC- Grupo de Pesquisa Docência e Cibercultura) em
WWW.docenciaonline.pro.br

PJE - Como a escola e os ambientes educativos diversos podem aproveitar os recursos que a informática oferece?

ES - A Informática é uma área de conhecimento transversal e deve ser utilizada de forma interdisciplinar nos espaços multirreferenciais de aprendizagem. Inicialmente a escola utilizava, e algumas ainda utilizam, a Informática para a potencialização de competências lógico-matemáticas e para o desenvolvimento do auto-estudo. Concordamos com a prof. Maria Teresa Freitas (UFJF) que o computador e a Internet são instrumentos culturais do nosso tempo. Além de potencializar atividades mentais próprias do seres humanos (processamento, memória, simulação) essas tecnologias potencializam a nossa capacidade de produzir e compartilhar em rede sentidos e significados. Podemos ler e escrever em vários gêneros textuais e com várias linguagens e mídias devido a sua capacidade de fazer convergência de mídias (sons, textos, imagens, gráficos, redes sociais). O trabalho docente deve investir em letramentos digitais variados, inserindo os sujeitos na Cibercultura, que é a cultura contemporânea mediada pelas tecnologias digitais em rede no ciberespaço e nas cidades.

PJE - Você defende a utilização de jogos nos processos educativos?

ES - Sim. Os jogos em geral potencializam a capacidade de lidar com diversas situações de aprendizagem. Os jogos de estratégias e que possuem variados desdobramentos em sua narrativa incentivam a autoria e o protagonismo do sujeito que co-cria a narrativa enquanto joga. No Brasil temos pesquisadores que investem no tema não só como pesquisa e prática pedagógica, como também, no desenvolvimento de jogos educativos gratuitos e livres, que podem ser utilizados pelos professores em geral. Gostaria de destacar o trabalho de alguns professores que trabalham diretamente com o tema dos jogos na educação:
Professora Dra. Lynn Alves da UNEB (
WWW.lynn.pro.br).
Professora Dra. Filomena Moita (UEJP)
http://www.filomenamoita.pro.br
Professora Dr. João Mattar http://blog.joaomattar.com/

PJE - Os softwares de autoria marcaram uma segunda fase da informática na escola. Quais foram (e ainda são) os benefícios de seu uso? Que experiências podem ser destacadas?


ES -
O que chamamos de “fase 2” da Informática na escola é a fase que migra do uso instrumental e dos softwares comerciais para o uso dos “softwares educativos”. Vale ressaltar que o que torna um software educativo não é o software sem si, e sim as mediações que fazemos com estes. Um software comercial pode ser utilizado para a produção de projetos interdisciplinares e autorias. Um editor de texto pode ser utilizado para o desenvolvimento de um projeto de autoria por exemplo. Infelizmente, muitas práticas não avançam para o desenvolvimento de letramentos variados e se restringem ao uso instrumental do software. Em vez de ensinar apenas recursos técnicos temos que ensinar os alunos a lerem e escreverem com estes recursos. Os “softwares de autoria”, agregam recursos para o trabalho com multimídia. No início dos anos 90 do século passado eram caros e pouco utilizados nas escolas públicas. Com avanço dos softwares comerciais e da própria Internet, estes softwares foram praticamente deixados de lado. Hoje encontramos na rede uma infinidade de interfaces que nos permitem criar em rede e colaborativamente textos, imagens (estáticas e dinâmicas), sons. Podemos hipertextualizar nossas autorias e compartilhá-las em redes sociais da e na Internet.


PJE - Como você acha que a informática deve ser trabalhada na escola? Como uma disciplina autônoma? Como apoio e suporte a outras disciplinas do currículo?

ES - Sou contra a disciplinaridade de forma geral. A Informática é um saber transversal e utilizada de forma interdisciplinar. Todos os professores regentes devem lançar mão da Informática em suas práticas. O laboratório de Informática não pode ser mais um ambiente “gélido” e centrado na figura de um informata ou professor específico. Deve ser um espaço de múltiplas linguagens. Defendo a idéia de que o computador conectado esteja na sala de aula comum, na biblioteca e nos demais espaços da escola. O professor ou profissional de Informática deve trabalhar colaborativamente com os demais professores integrando os saberes científicos com os saberes dos cotidianos.

PJE - Em que momento vivemos hoje (de forma generalizada) em relação à informática? Como a WEB 2.0 influencia esse contexto?

ES - Nossas pesquisas revelam que encontramos situações variadas. Convivemos com todas as fases da informática. Ainda temos uso instrumental, trabalhos com softwares e sem conexão, uso da Internet como repositório ou mero saqueamento de informações digitalizadas. Ainda temos escolas que nunca utilizaram a informática em suas práticas. Por outro lado, encontramos também, usos mais autorais e que utilizam os potenciais da interatividade, do hipertexto, da simulação, da convergência de mídias e mais recentemente da mobilidade dos dispositivos móveis. No portal do professor (MEC) temos uma mostra dessa variedade de possibilidades. Vale a pena navegar e conhecer projetos e objetos de aprendizagem desenvolvidos por professores e instituições variadas. No Brasil destacamos grupos de pesquisa que desenvolvem projetos de formação continuada que avançam em relação ao uso instrumental e conteudista das tecnologias. Vale a pena conhecer:
Grupo GPDOC – www
.docenciaonline.pro.br
Grupo GEC - http://www.gec.faced.ufba.br
Grupo LIC -
http://www.ufjf.br/grupolic/
Grupo Comunidades Virtais de Aprendizagem - http://www.comunidadesvirtuais.pro.br/
Sala de Aula interativa – WWW.saladeaulainterativa.pro.br

PJE - As políticas públicas brasileiras estão dando conta de preparar alunos e professores para os tempos de cibercultura que vivemos? O que falta?

ES - No Brasil temos constantes avanços e retrocessos em relação às políticas publicas. É preciso mais parcerias entre os governos (federais, estaduais e municipais), as universidades e as escolas. Infelizmente grande parte dos projetos governamentais investem no uso “escolar” das tecnologias e não na questão cultural propriamente dita. Os professores, muitas vezes, são meros consumidores de projetos construídos por empresas de consultorias, grupos e instituições produtoras de conteúdo. Defendo a autoria do professor. A Cibercultura só existe porque seus praticantes são autores de tecnologias. Tecnologias não são apenas artefatos e objetos técnicos, são também e, sobretudo, modos e usos. Cada pessoa ou grupo pode desenvolver usos únicos e contextualizado para as tecnologias na educação. Estes usos podem ser compartilhados e resignificados por outros praticantes ou grupos. Em nossa linha de pesquisa no PROPED (Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ) pesquisamos os usos que os praticantes criam em seus cotidianos. Vale a pena navegar pelo nosso site e pelos jornais científicos e conhecer algumas dessas produções.
Site do PROPED:
www.proped.pro.br
Site do Laboratório de Imagem: http://www.lab-eduimagem.pro.br/
Site do Jornal Eletrônica Educação e Imagem: http://www.lab-eduimagem.pro.br/JORNAL/

SERVIÇO
V Seminário Nacional O Professor e a Leitura de Jornal
Data: 14 a 16 de Julho
Local: UNICAMP - Campinas/SP
Informações:
http://www.alb.com.br/portal/5seminario/

Instituto C&A abre edital de seleção do programa Educação Infantil

O Instituto C&A abre edital de seleção do programa Educação Infantil para Secretarias Municipais de Educação de cidades com população entre 200 mil e 1 milhão de habitantes, da região Nordeste.

O programa Educação Infantil é uma frente de trabalho do Instituto C&A que busca contribuir para o acesso à educação de qualidade de crianças de 0 a 5 anos. Os municípios selecionados integrarão o projeto Paralapracá, ação do programa Educação Infantil que visa contribuir para a melhoria da qualificação dos profissionais nessa primeira etapa da educação básica.

O projeto Paralapracá atua por meio de duas linhas de ação complementares e articuladas: a formação continuada de professores e o acesso a materiais educativos de qualidade para crianças e educadores.

O que será disponibilizado
Os municípios selecionados contarão com 18 meses de formação continuada nos eixos brincadeira, música, arte, histórias, exploração do mundo e organização do ambiente. Para cada um dos eixos, foram elaborados materiais específicos como vídeos, cadernos de orientação, pasta de registro, além de uma metodologia de formação que respeita as necessidades e peculiaridades de cada município.

As instituições de educação infantil participantes do projeto também receberão a Mala Paralapracá, com acervo diversificado de literatura infantil, CDs de música, fantoches, o Almanaque Paralapracá de cultura infantil e livros técnicos para os professores.

Inscrições
As inscrições podem ser realizadas até 22/06/2010, por meio de formulário disponível no site http://www.institutocea.org.br/instituto/site/content/acoes/edital-paralapraca.aspx.

Dúvidas
Em caso de dúvidas, escreva para instituto.rio@cea.com.br

Dinâmicas com jornal

O projeto Jornal Escola do jornal Comércio da Franca (SP), disponibilizou para seus educadores dicas de dinâmicas para serem feitas com jornal em língua portuguesa. Compartilhamos abaixo:
1)Dinâmica: As várias formas de noticiar

Objetivos:
- Treinar o vocabulário dos alunos
- Instigar a imaginação das crianças
- Apresentar as várias formas de se abordar um fato

Passos:
a)Dividir a turma em dois grupos.
b)Apresentar uma manchete e pedir para que os grupos a contem de formas diferentes.Os grupos competirão entre si como se fosse uma brincadeira de “batata quente”
c)Quem não conseguir mais formar frases, perde o jogo.

Exemplo:
Notícia dada pelo professor: Juiz Nicolau é preso novamente
Grupo A
Juiz Nicolau é preso outra vez
Grupo B
Mais uma vez a polícia prende o juiz Nicolau
Grupo A
Polícia prende o juiz Nicolau de novo
Grupo B
Juiz Nicolau vai outra vez para a cadeia
Grupo A
Juiz Nicolau está novamente atrás das grades
Grupo B
Não consegue mais formar frases e perde a brincadeira

2)Dinâmica: Trabalhando com notícias e propagandas

Objetivos:
- Trabalhar a imaginação do aluno
- Apresentar as diferenças entre reportagens e propagandas
- Trabalhar a linguagem escrita e falada
- Trabalhar a capacidade de registrar fatos relatados

Passos:
a)Professora começa uma história e a turma continua.
b)Depois da história pronta,a professora divide a turma em grupos e cada um produz ou uma notícia,ou uma propaganda sobre a historinha.

Exemplo:
Professora: Era uma vez um menino que tinha medo do escuro
Aluno 1
Um dia ele resolveu dormir de luz apagada
Aluno 2
E a porta se abriu
Aluno 3
Ele ficou com medo
Aluno 4
E um alarme disparou
Aluno 5
E quando a luz se acendeu, o menino havia desaparecido…

A partir desta história formada um grupo pode fazer uma propaganda sobre alarmes e o outro uma reportagem sobre um menino que desaparece misteriosamente no escuro.

3)Dinâmica:Trabalhando com os diferentes tipos de caderno

Objetivos:
- Diferenciar os diversos tipos de caderno do jornal
- Trabalhar a capacidade criativa da criança
- Incentivar a interação do aluno com o jornalismo impresso
- Conduzir a criança à leitura
- Trabalhar a capacidade de escrita

Passos
a)Distribuir reportagens para os alunos
b)Os alunos que receberem reportagens do caderno “Artes” formarão um grupo.Os que receberam matérias do caderno “Brasil” formarão outro grupo e assim sucessivamente.Cabe aos estudantes reconhecerem o caderno do qual provém a notícia para que possam procurar os integrantes da sua “turma”.
c)Após discutirem as matérias no grupo,cada um destes escolherá a mais interessante das notícias para relatarem para o restante da sala.
d)Além da apresentação,cada grupo deverá escrever um texto jornalístico sobre o que apresentou.
e)Ao final,o professor deverá recolher todos estes textos e montar um pequeno jornal da turma,com secções diversificadas como um jornal de verdade.

Nelson Pretto: Educação não é uma coisa fechada

O Jornal A Tarde publicou uma entrevista com o professor e pesquisador Nelson De Luca Pretto. Compartilhamos abaixo com os lieotres do blog.

Olhando assim, é como se Nelson De Luca Pretto, 55, já tivesse chegado ao horizonte que criou, em que educação, cultura, ciência e tecnologia viram uma coisa só. Como a engenhosidade de um dado redondo, que encontrou na Inglaterra enquanto fazia o mais recente dos seus pós-doutorados. Ainda falta muito, mas isso não o desestimula. Seu lema é pensar grande e depois fazer o que der. Professor há 36 anos, começou ensinando geografia e física,em que se graduou.“Quando comecei a dar aula, era muito menos preparado, mais rígido, porque tinha uma ideia de que a educação era salvacionista, tinha que consertar.E a educação não tem que consertar nada,tem é que atrapalhar“.Tornou-semestre em educação pela Ufba e doutor em ciências da comunicação pela USP. No dia 1º, Pretto lançou o livro Do MEB à Web: A Rádio na Educação, organizado em parceria com a professora Sandra Pereira Tosta, da PUC de Minas. Ele também está envolvido com a Ripe–Rede de Intercâmbio de Produção Educativa,que incentiva professores e alunos de cinco escolas baianas a produzir em conteúdos “culturais e científicos“. O professor, por duas vezes diretor da Faculdadede Educação da Ufba, onde hoje ensina, espera agora seu “auxílio pé na cova”. “Eu já estou com tempo de aposentadoria, mas não vou deixar de ser um ativista“.

Numa época de múltiplos recursos, por que se voltar para o rádio?
A gente anda para frente sempre olhando para trás. Esse é o ponto fundamental. O rádio vem resistindo e ganhando um espaço enorme a partir da presença das chamadas tecnologias digitais, de comunicação e informação, porque trabalha com aquilo que o ser humano sempre teve uma grande intimidade, que é a oralidade.O paralelo que eu faço é muito esse: você alfabetiza pela oralidade, como hoje você pode alfabetizar pela inserção do jovem e do idoso na internet, compreendida como um processo de comunicação.Quando se fala em rádio na web, a gente também está falando de imagem, blog, chat, twitter, é tudo isso, mas sem perder a característica de rádio.


Em que pé está a Rede de Intercâmbio de Produção Educativa (Ripe), cuja missão é transformar professores e alunos em produtores de conhecimento?
A Ripe é um projeto de pesquisa em parceria com a Universidade Federal da Paraíba. A ideia é trazer todas essas concepções mais contemporâneas de produção de documentos culturais e científicos. A gente criou uma plataforma, ala YouTube, para colocar vídeos produzidos pela própria escola,em que haja um diálogo entre os saberes da comunidade, professores e alunos, e o saber estabelecido.Um aluno pode gravar um vídeo de cinco minutos com um pescador, e aí no Rio Grande do Norte uma outra escola grava uma entrevista com outro pescador e isso vai sendo misturado, a la tecnobrega, de forma a criar um círculo virtuoso de produção de cultura e conhecimento.O projeto funciona há dois anos e foi encerrado agora, no final de maio. Tô numa peregrinação, conversando com o Ministério e a Secretaria de Educação, para a gente ver como incorporar isso.

O projeto funciona em quais cidades?
Salvador, São Félix e Irecê. A plataforma que desenvolvemos, em software livre, está agora indo para a Plataforma de Cultura Digital, do MinC, e para o Portal do Software Livre, de forma a criar uma comunidade em torno disso.O trabalho nas escolas é financiado pela Fapesb. Nós colocamos uma espécie de kit multimídia para estimular professores e estudantes a produzirem. E aí, claro, a dificuldade é fenomenal. É professor brigando com diretor, diretor brigando com professor, aluno querendo entrar… Quando a gente estava em Irecê, o coordenador da escola disse que estavam chegando computadores, e a excitação desses professores era uma coisa fascinante. E aí os meninos dizendo: ‘Pró, que dia a gente vai começar a bulir?‘. E morrendo de medo de não poder bulir.Esse é nosso esforço, mostrar que a rádio, os vídeos, a informática têm que ser disponibilizados para os meninos se inserirem na cibercultura, como os filhos dos ricos fazem em casa.Não dá para ir ao infocentro para aprender planilha. Aí não adianta, porque é proibido Orkut, a Fazendinha, Skype, tudo…

As lan houses acabaram com isso, não?
Um pouco, mas o nosso medo é que, na tentativa de regulamentar as lan houses,o Congresso venha com propostas caretas.O grande problema é que as políticas não se falam. Então cada ministério faz uma coisa, um concorre com o outro.Vale o mesmo para as secretarias. Muito por conta das articulações políticas, dos apoios, da governabilidade. Isso é um problema para nós da educação, porque educação não é uma coisa fechada. Essa foi a minha luta a vida inteira. É importante o universo da educação conversar com o universo da cultura, trabalhar de forma colaborativa.Dou uma disciplina na pós-graduação chamada “Ética hacker e educação“. O hacker não espera a ideia ficar pronta para submeter à comunidade.Quando ele se expõe, todo mundo contribui, não há uma lógica de julgamento. E isso, para nós, da educação, é super importante.Se você for pensar, a escola funciona numa lógica oposta à ética hacker, que é a lógica mercadológica. A educação virou mercadoria.Esse é o grande problema. A gente tem exemplos típicos disso. Os meninos não chegam à escola com os deveres errados. Isso é um absurdo. O dever errado é a melhor forma de aprender. Nem entrando no mérito se deve ou não ter dever. Mas você desenvolver uma coisa e errar, não tem nada mais lindo e rico que isso. Essa escola fake, artificial, nem os alunos nem os professores aguentam. Vira um cabo-de-guerra.

A adoção do Enem em substituição ao vestibular não tende a tornar o ensino menos robótico?
Pode,mas o Enem também pode ser apropriado por essa lógica de mercado. Ela é poderosa. Repare, eu não sou tão velho assim, mas na minha escola nunca ouvi falar em produtividade, ranking, desempenho. E hoje converse com um educador.Em cinco minutos sou capaz de apostar que ele vai falar nisso. É uma loucura, porque você traz para dentro da escola uma lógica de competição que destrói tudo. É aquilo que o filósofo espanhol José Antonio Marina fala, da necessidade de resgatar a ética dos náufragos. Ele diz: “A atual ética é míope porque pensa como único valor a vida, e não o direito à vida“. A metáfora do náufrago é ótima, porque na hora que o bicho tá pegando é que você vê quem tem ética. Se for a ética a vida, vou salvar a minha. Se for a ética do direito à vida, todos têm. Lembro o professor Felipe Serpa dizendo que a gente tem que se inspirar na lógica indígena de que, quando um tem fome, isso é um problema de todos. Na sociedade capitalista atual, a lógica é “farinha pouca, meu pirão primeiro“. Acho que a gente tem que substituir por “farinha pouca, um pouco para cada um“.

O senhor falava em rankings. Acha importante a criação do Ideb peloMECpara medir a qualidade do ensino público?
O governo precisa ter indicadores, é fundamental terdados.Mas a gente tem que cuidar muito para saber como eles são coletados e analisados. Muitas vezes esses dados escondem realidades particulares que precisam ser consideradas. Nós estamos trabalhando com a ideia de falarem educações, e não em educação.Quando a gente fala da Ripe, da rádioweb, a ideia é fortalecer as comunidades. As redes digitais possibilitam que esse diálogo entre a cultura local e o conhecimento estabelecido se dê de forma intensa. Com isso a escola muda de papel, porque deixa de ser uma distribuidora de informações e passa a ser um espaço da convivência e de enaltecimento das diferenças.

Hoje ninguém diz que não respeita as diferenças. Mas respeita como?
Como o pitoresco, o folclórico. E o que é pior, respeita na entrada…No fundo, a escola é uma máquina que vai afunilando para, na saída, saírem todos iguais. E os índices têm esse poder,ajudam na formatação. Lembro de uma frase que Carlos Rodrigues Brandão reproduziu no livro Questões Políticas da Educação Popular. Ele entrevista um lavrador e pergunta: ’O que é educação?’.E o homem responde:‘O senhor me faz a pergunta, mas acho que já sabe a resposta. A educação do senhor é a sua, e a nossa é a sua’.Enquanto a educação do outro for a minha, não tem solução.

Como o senhor avalia a gestão Wagner?
Sempre tivemos no governo Lula e Wagner uma expectativa fenomenal, que não foi correspondida.Acho que houve avanços significativos no campo da Cultura. No campo da Ciência e Tecnologia, avançamos muito pouco, e no campo da Educação, em função do gigantismo do sistema, também.

E essa política da Secretaria de Educação de fechar escolas?
(O secretário) Osvaldo Barreto teve uma frase muito feliz quando disse que era preciso fortalecer a escola.Cheguei a mandar um e-mail para ele elogiando a frase, o foco,e dizendo que não poderia esquecer de fortalecer o professor. Acho que o professor tem que ser um ativista, uma liderança comunitária. Infelizmente a gente está perdendo isso, com essa massificação do trabalho docente. E infelizmente com essa política e fecha mentd e escolas,enturmação, desestímulo… Quando uma escola está vazia, é preciso concentrar todos os esforços para saber por que ela está assim e como é que eu boto essa juventude lá. Precisamos das escolas abertas, cheias. Tem horas que olho os índices de evasão e, brincando, digo: que bom que eles não estão lá, não estão aceitando… Claro que me apavora. Tenho alunos que são professores e contam que começam a dar aula com 30, 35 estudantes, e no final frequentam oito, e não são os mesmos! Então, em vez de reduzir, a gente tinha que transformar cada escola pública num Ponto de Cultura.Você tem que ver a vibração desses meninos em Irecê, no nosso Ponto de Cultura, o Ciberparque Anísio Teixeira. Lá tem rádioweb, os tabuleiros digitais,um programa de formação de professores, tudo integrado. Dos 50 jovens bolsistas,49 saíram empregados. Já disse para todos os secretários de Ciência e Tecnologia que quiseram me ouvir que isso é uma política de emprego. Se você consegue articular Cultura, Educação, Ciência e Tecnologia, nós avançamos do ponto de vista de construir uma nação.Etemos que parar de dizer que a gente faz trabalho com a juventude, com hip hop, capoeira, para tirar o menino da marginalidade. Ele tem que aprender porque é fundamental para a formação. Se de quebra sair da rua, do crime, do crack, ótimo. Veja, para o menino ir para a ONG, no outro turno ele tem de passar pelo purgatório, que é a escola. Não podia tudo ser escola? Dessa turma de Irecê, dois ou três montaram uma empresa de software livre e venderam um serviço para a Câmara Municipal de transmitir pela web as sessões da Câmara e deixar o áudio lá.Olha, para a democracia, que coisa maravilhosa. Isso tinha que ser uma política de governo, todas as câmaras terem. Mas aí os novos vereadores tiraram a rádio do ar e a empresa quebrou.

O que faz a Bahia ter índices tão trágicos em educação?
Se você pensar que nos governos anteriores a política de educação se chamava “Educar para vencer“ e as escolas se chamavam “escola-modelo“…Essas duas expressões são incompatíveis com educação. Isso não muda em quatro, oito anos. Em educação, aliás, todas as mudanças são de longo prazo. Falo que tem que fortalecer o professor, mas não tenho crença de que se hoje você triplicar o salário, vai resolver. Pegue por exemplo a questão das escolas, que viraram espaços sem espaço. Aí você volta na década de 1960 e olha a Escola Parque. A centralidade da escola é um campo de futebol.Veja a genialidade. Tem lá teatro, biblioteca, os galpões de trabalhos técnicos com painéis magníficos de Carybé e Mario Cravo. A Escola Parque é a materialização de uma política de ciência e tecnologia, emprego, cultura, educação, tudo ali. Quando fui conhecê la, o vigia chorava falando de lá. Hoje você entra numa escola dessas e o vigia não te dá nem bom-dia.E se você dá o bom-dia, ele nem responde. Tá passando dos limites essa falta de educação na Bahia. O cara abre o carro, bota o som na maior altura e aí vem alguém e diz que isso é da cultura da Bahia. Não é, é falta de educação. Meu filho emprestado tem uma frase fantástica. A pró dele fazia transporte escolar, levava-o para a escola. Ele tinha uns 6 anos e me contou: ‘Minha pró estava tomando iogurte e jogou pela janela. Você acredita? Imagine, uma pró!’

O senhor se candidatou ao reitorado em 2006, foi o segundo mais votado. Não quis tentar novamente este ano?
Não, a gente faz maluquice uma vez só. A atual gestão tem muitos méritos, mas tem enormes problemas na forma como compreende a universidade. Veja como a correta política de ampliação foi feita, na base do rolo-compressor. Tivemos uma eleição muito pobre do ponto de vista do debate, muito porque a universidade hoje vive um produtivismo alucinado. Isso tem a ver com a gestão atual da reitoria e também com as políticas planetárias. Vivemos atrás de financiamento, falamos em ‘capacidade de captação de recursos‘. Isso é uma excrescência do que é ser professor de uma universidade. E aí o que acontece? No fundo, a gente está apagando incêndio. Parece que essa concepção de universidade e de sociedade está dada e nos cabe apenas fazer a gestão, para funcionar melhor. Tenho minhas dúvidas se botar para funcionar não é pior do que deixar assim. Porque dessa forma há mais espaço para a transgressão…Nós estamos pensando pequeno, e pensar tem que ser sempre grande. Fazer é que vai ser sempre pequeno, porque as condições não deixam fazer o grande. «

Fonte: Revista Muito, do Jornal A Tarde, de 13 de junho de 2010
Texto: Tatiana Mendonça
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Fotos Marco Aurélio Martins mamartins@grupoatarde.com.br