Veja a dica de atividade com jornal que o programa "A Tarde Educação", do jornal A Tarde (BA), deu a seus educadores!
Tema Transversal: Saúde
Áreas do Conhecimento: Língua Portuguesa, Biologia
Conteúdo: Fisiologia Humana
Matéria: “Crack está em 98% do municípios brasileiros”
PROPOSTAS DE ATIVIDADES:
Fazer um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o crack.
Pedir que os alunos leiam a matéria.
Levar os alunos a pensarem e levantar hipóteses para as seguintes questões:
- Quais os motivos que levam o número de usuários aumentar?
- O que faz com que tantas pessoas se entreguem ao narcótico?
- Por que é tão difícil abandonar esse ciclo de autodestruição?
Entregar aos alunos ou peça para que eles acessem o link sugerido e leiam a matéria com título: “Confissões de quem saiu do inferno”
Chame a atenção para o trecho que explica a ação inicial do crack, o qual atua como um bloqueador da absorção da dopamina, substância presente no sistema de prazer e recompensa. Alguns podem dizer que o crack causa a sensação de prazer, e por isso leva ao vício. Não deixa de ser verdade, mas como esclarecer esse processo biologicamente?
Conte que no sistema nervoso central há uma rede complexa de neurônios constituintes do que chamamos sistema de recompensa. Trata-se de um circuito nervoso antigo em termos evolutivos e que provavelmente está ligado ao desempenho de funções vitais ao organismo. Esse circuito é ativado quando realizamos algumas atividades, como comer ou manter relações sexuais, o que nos encoraja a repetir a ação que o ativou de início, contribuindo para que o corpo se mantenha e se reproduza.
Entregue à garotada cópias do quadro “A Química do Prazer e da Morte” (abaixo) e comece a explorar o percurso dos neurotransmissores e a ação da droga. Relembre como se dá a sinapse química, ou seja, a comunicação entre neurônios pela liberação de substâncias químicas (neurotransmissores) no diminuto espaço entre o axônio da célula (que envia o sinal) e os dendritos (que o recebe). Essa região recebe o nome de fenda sináptica.
Comente que um dos principais componentes do sistema de recompensa é o que envolve o neurotransmissor dopamina. Ele é constituído de neurônios que partem de uma região do encéfalo denominada área tegmental ventral (ATV) e se projetam para o núcleo accumbens. A comunicação entre essas duas áreas se dá por meio da dopamina, cuja liberação desencadeia a sensação de prazer. A dopamina liberada na fenda sináptica, após estimular os receptores do neurônio pós-sináptico, normalmente é reabsorvida pelo neurônio pré-sináptico, podendo ser reutilizada. É justamente aí que o crack atua.A sorrateira atuação da droga
1. A dopamina está contida em vesículas no axônio do neurônio superior. No dendrito do neurônio inferior, há receptores de dopamina. Entre ambos, está o espaço chamado fenda sináptica.
2. Quando um sinal atinge o axônio, a dopamina é liberada no espaço sináptico. Ela cruza essa região em direção ao dendrito, ao qual se liga, e estimula os receptores de dopamina. Depois, volta ao axônio e é recolhida pelos transportadores de dopamina, para ser utilizada posteriormente.
3. Quando uma pessoa consome uma droga, como a cocaína, esta se fixa aos transportadores de dopamina, impedindo que o neurotransmissor retorne ao axônio. Dessa forma, a dopamina permanece no espaço sináptico por longo tempo e ali continua a estimular os receptores do dendrito do segundo neurônio. A quantidade de dopamina liberada nessa região é muito maior do que o aumento provocado por sensações agradáveis, como a de praticar esportes. Daí a euforia experimentada por usuários de entorpecentes, que acabam viciados.
Destaque que essa droga é uma forma mais rústica da cocaína, mas ambos afetam o organismo. São extraídos da planta da coca (Erythroxylon coca), típica da América do Sul e comumente mascada por habitantes de regiões de elevadas altitudes. É grande a quantidade de turistas que consomem suas folhas para evitar a fadiga provocada pelo ar rarefeito nos Andes.
O crack, entretanto, age muito mais rápida e intensamente que a cocaína e seu efeito é mais curto, devido ao modo de consumo: ao ser fumado, seus vapores penetram nas vias aéreas, atingem os alvéolos dos pulmões, que são ricamente vascularizados, e em seguida entram em contato com a corrente sanguínea.
Levadas pelo sangue, as substâncias inaladas distribuem-se pelo organismo todo, chegando ao cérebro. Ali elas inibem o processo de reabsorção da dopamina, gerando um acúmulo desse neurotransmissor na fenda sináptica. O produto dessa concentração, por sua vez, é uma superativação do sistema de recompensa, causando a euforia e a sensação de prazer que os usuários da droga tanto desejam.
É importante ressaltar, contudo, que o uso recorrente da droga também dispara mecanismos que fazem com que o sistema nervoso central se adapte aos estímulos repetitivos, tornando-o menos sensível à dopamina. Disso resulta uma tolerância à droga e a sensação de euforia e prazer tende a se reduzir. Em conseqüência, o usuário aumenta o consumo na busca de obter a mesma sensação das primeiras vezes.
Paralelamente, o uso do narcótico acarreta uma sensibilização do sistema nervoso não apenas à substância em si, mas também aos estímulos que remetem a ela. Após um período de abstenção, essa sensibilidade pode emergir e provocar uma recaída no indivíduo diante de qualquer coisa relacionada ao entorpecente, como o ambiente em que costumava consumi-lo, os instrumentos utilizados ou ainda os parceiros do vício. Estudos sugerem que essa sensibilização pode durar meses ou até anos após a ingestão da última dose. Dessa forma, o usuário passa à condição de viciado e corre o risco de retornar às drogas, mesmo após afastar-se delas.
É interessante salientar que outros fatores que estimulam o sistema de recompensa podem suscitar mecanismos parecidos e eventualmente gerar vícios. É o caso de algumas substâncias que atuam de diferentes maneiras no organismo, mas que, em certo momento, desencadeiam o mesmo processo que leva à dependência, como o álcool e o fumo. É provável que aí se incluam, ainda, outras ações que podem se converter em compulsões, como comer e manter relações sexuais.
Para finalizar, assinale a dificuldade de enfrentar e superar o vício. Os alucinógenos freqüentemente trazem conseqüências funestas, tanto física como socialmente, e o tratamento deve ser observado concomitantemente nos aspectos biológico e psicológico. Na busca de soluções farmacológicas, é fundamental aprimorar o conhecimento dos processos bioquímicos envolvidos na dependência. Mas, como apontam os entrevistados na reportagem, o apoio das pessoas e o tratamento psicológico foram fundamentais para que pudessem reconstituir suas vidas.
Sugestão de atividade realizada com base no site: http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/cerebro-busca-euforia-499888.shtml
Fonte: Jornal A tarde, 14 de Dezembro de 2010, p. B8. Salvador/ BA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário