“Quem quer se manter no futuro tem que trabalhar com crianças e adolescentes. Se não se trabalha com eles, se não há projetos para eles, não há futuro.” A frase de Miguel Gómez Vázquez (foto abaixo), redator-chefe do jornal espanhol El Mundo e responsável pelo projeto de Jornal e Educação, AULA, dá a dimensão da importância que esse público tem para o grupo.
O AULA começou a ser desenhado em 1999, quando o diretor Pedro J. Ramirez resolveu dar um passo ousado para contornar o cenário ruim de leitura de jornais na Espanha. Enquanto a Finlândia tinha 436 leitores de jornal por 1000, a Espanha tinha apenas 102. Diante daquela realidade, a direção do jornal resolveu criar um programa que estimulasse a formação de jovens leitores. Um grupo buscou sindicatos, colégios e ministérios e por seis meses estudou o mercado e como poderia unir as demandas da educação às suas possibilidades.
Em 2001 o programa começou já grande e impressionou até mesmo a Associação Mundial de Jornais – WAN, de quem recebeu um prêmio anos depois em reconhecimento à sua ousadia. Unicef e SND também premiaram AULA por sua contribuição à educação e a qualidade de seus infográficos. Vários jornais do mundo buscaram e até hoje buscam El Mundo para conhecer melhor o projeto, cujo público é composto de adolescentes de 14 a 18 anos.
Para Miguel Gómez Vázquez quando se investe num programa de Jornal e Educação se consegue não apenas novos leitores, mas leitores fiéis, cidadãos mais informados e uma cidade com melhores índices de leitura. O erro pra ele, no caso da Espanha, é que cada jornal trabalhe de forma individual. “Se os maiores jornais espanhóis se unissem, poderíamos ter o mesmo programa, distribuindo jornais para todas as escolas do país e ainda possibilitando que os jovens pudessem fazer comparações entre os jornais, aprimorando sua leitura crítica e percebendo até mesmo as diferenças de posições políticas de cada veículo. Teríamos muito mais ganhos”, afirma.
Custos e Operacionalização
O projeto AULA custa cerca de 1,5 milhões de euros/ano, bancados por patrocinadores locais e nacionais como banco Santander, Banesto, Unicaja, Iberdrola, Caixa Galicia, entre outros. Cabe ao jornal manter a equipe composta por cerca de seis pessoas, entre jornalistas e designers, para criar o conteúdo do suplemento e do site.
A conta é simples. O exemplar da banca custa 1,20 euros e o do programa, 0,60. Soma-se o que os patrocinadores dão por ano, divide-se por 0,60 e sabe-se quanto jornal poderá ser distribuído nas escolas. Se um patrocinador local sai do programa, as escolas daquela província deixam de receber o jornal.
Além do exemplar do El Mundo distribuído diariamente (segunda a sexta) nas escolas, numa proporção de um exemplar para cada grupo de cinco alunos, o jornal também distribuía diariamente o Suplemento AULA, com oito páginas, sendo que havia um tema para cada dia da semana (até 2008).
Fonte: Jornal ANJ/ Cristiane Parente - Dezembro 2010
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