Eles são conhecidos como os clássicos da literatura – exaltados por sua grandiosidade, mas com fama de difíceis. Geralmente, ficam empoeirados nas bibliotecas e frequentam as listas de material didático desde a época de nossos avós. Mas atenção: eles não têm nada de chatos.
Alguns são tão atuais que se transformaram em histórias em quadrinhos.
Adaptação de clássicos, aliás, não é novidade. Muitos deram origem a filmes, séries de TV e peças de teatro. No mundo das HQs, mídia relacionada à juventude, a expectativa é que despertem o interesse da garotada para a leitura.
Editora responsável pelas HQs da Ediouro, Gabriela Javier trabalhou em vários projetos de adaptação desses livros para quadrinhos. Para ela, o interesse do jovem se deve à atualidade das histórias publicadas. “O aluno brasileiro tem muita dificuldade em se aproximar do clássico. O quadrinho o torna mais acessível”, comenta.
A Ediouro adaptou para HQ títulos como O triste fim de Policarpo Quaresma, romance de Lima Barreto, Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O pagador de promessas, de Dias Gomes. Uma das publicações da editora é O alienista, de Machado de Assis, adaptado pelos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Ba, celebrados quadrinistas brasileiros e conhecidos por trabalhos como Dez pãezinhos e Daytripper. “Você tem de fazer uma boa adaptação para incentivar a leitura”, defende Moon. E adverte: a nova versão tem de ser boa como quadrinhos, mas preservando o máximo do texto original.
“A HQ cria curiosidade de ler mais obras daquele autor”, acredita o desenhista. Márcia Moraes, professora de literatura da PUC Minas, diz que a leitura da HQ deve ser acompanhada pelo professor. “Se bem orientado, o jovem talvez se sinta motivado. Mas se for apenas para ler como uma história em quadrinhos, sem prestar atenção nas nuances do texto clássico, o aluno não terá interesse no original”, pondera.
Uma boa forma de abordar a leitura em sala de aula é a comparação do original com o HQ, recomenda ela. Apesar de defenderem a leitura de livros adaptados, Fábio Moon, Gabriela Javier e Márcia Moraes não acreditam que a nova obra substitua a original. “O quadrinho seria apenas o motivador para se conhecer os clássicos”, enfatiza a professora. O desenhista, por sua vez, compara a HQ com a adaptação cinematográfica. “Se gosto de um filme, vou ler o livro para ver de onde veio aquela história. O mesmo ocorre com o quadrinho”.
PROCESSO
Gbriela Javier informa que a adaptação, geralmente, é feita pelo roteirista e pelo ilustrador. O primeiro decide o que será cortado e é essencial para a história. A partir desse roteiro o ilustrador faz seu trabalho. O desenhista Fábio Moon conta que, em O alienista, as descrições de Machado de Assis viraram imagens, enquanto a narrativa do autor foi apresentada na forma de diálogo.
Fonte: Correio Braziliense/ Eu Estudante
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