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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Comunicar: Assembleias na escola estimulam o diálogo entre alunos e professores


Por Talita Moretto - Projeto Cultural Vamos Ler
Na edição de dezembro de 2012 da revista Nova Escola, uma matéria chamou minha atenção; estava na página 72: “Assembleias dão voz a alunos e docentes”. O texto revelava o projeto criado pela diretora da EMEF Francisco Cardona (Arthur Nogueira-SP), Débora Del Bianco Barbosa Sacilotto, que ganhou o Prêmio Victor Civita – Educador Nota 10, na categoria Gestor, em 2012.
Hora de Votar durante a assembleia na 'Francisco Cardona'. Imagem: Portal Nova Escola
Alunos e professores em assembleia na ‘Francisco Cardona’. Imagem: Portal Nova Escola
O projeto “A voz e a vez dos alunos”, criado em 2011, consiste encontros semanais – nomeados de assembleias – envolvendo todas as turmas do 1º ao 5º ano.  O objetivo principal foi reduzir os conflitos entre alunos mandados com frequência para a sala da direção porque, além de atrapalhar a rotina da equipe gestora, o hábito sinalizava que os docentes não estavam conseguindo solucionar os problemas na sala de aula. Com as assembleias, eles passaram a resolver essas pequenas brigas com a ajuda dos próprios alunos e a refletir antes de levá-las a outras instâncias.
O processo funciona da seguinte maneira: ao longo da semana, as crianças escrevem bilhetes e os depositam em envelopes com os dizeres “eu critico”, “eu felicito” e “eu sugiro”. O docente os lê e prepara a pauta de discussão. Todos são orientados a não expor colegas e funcionários, focando as mensagens sempre nas atitudes, nunca nas pessoas. Após a leitura coletiva dos textos, os participantes sugerem encaminhamentos e estabelecem, em conjunto, normas de convivência. Contudo, a assembleia pode reservar algumas surpresas, afinal, é um canal de comunicação aberto para desabafos. Existem sugestões que não podem ser atendidas e também críticas. O professor precisa aprende a escutar.
Essa história lembrou-me o caso de Summerhill. A Nova Escola também publicou uma reportagem especial sobre esta escola em abril de 2011, e eu reproduzi para os professores que participam doProjeto Vamos Ler com o título ”Um lugar chamado Summerhill” (no final da página).
Localizada em um sítio na cidade de Suffolk (Inglaterra), Summerhill pode ser considerada uma das mais célebres escolas democrática. Ela foi criada pelo escocês Alexander Sutherland Neill (1883-1973) há mais de 90 anos – em 1921 -, que acreditava no ensino opcional. Para ele, os pequenos são naturalmente curiosos e, se receberem os recursos e as orientações que pedirem, terão prazer em aprender.
Dirigida pela filha de Neill, Zoe, em Summerhill as aulas não são obrigatórias e existem assembleias, duas vezes por semana, onde as crianças decidem, em pé de igualdade com os adultos, as regras da instituição. Um momento para discutir conflitos e propor regras de convivência. É formado por: um orador, uma mediadora, uma presidente, uma secretária, uma acusada (quando uma pessoa é acusada por bullying, por exemplo) e os investigadores. Frequentam a escola alunos de 6 a 17 anos.
Escolas consideradas “democráticas” são aquelas que conjugam algum tipo de gestão democrática com flexibilização curricular, em que as aulas são opcionais. Exemplos: Sudbury Valley School(Estados Unidos) e Escola da Ponte (Portugal). Esta última influenciou o projeto pedagógico de instituições particulares no Brasil, como a Escola Lumiar (São Paulo), e também de públicas, como aEMEF Presidente Campos Salles (São Paulo-SP). (Fonte: Revista Nova Escola, abril de 2011, Reportagem Especial: ‘Nesta escola, aluno pode (quase) tudo’, por Rodrigo Ratier.)
Os dois casos são exemplos de que é possível criar um espaço para o diálogo entre crianças e adultos, entre alunos e professores, entre escola e comunidade. Eu creio que esta seja uma excelente maneira para se trabalhar com mídia (textos de circulação social) na educação [ou com educomunicação] porque ela permite a comunicação e revela a necessidade de haver a participação de todos na escola. Afinal, construir o ambiente de ensino ideal para a aprendizagem construtiva é tarefa para muitos empreiteiros.
Alunos e professores em assembleia na Summerhill. Imagem: Portal Nova Escola.
Alunos e professores em assembleia na Summerhill. Imagem: Portal Nova Escola.

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