Na corrida para
reinventar a escola, educadores de todo o mundo estão preocupados em
implementar sistemas de ensino mais adequados e eficientes. O problema é que,
talvez, muitas novas ideias demorem dois, três ou cinco anos para se provarem
eficazes. “A questão é que a gente não tem o direito de deixar nossas crianças
fracassarem por tanto tempo”, diz Stefan Weitz, diretor de pesquisa da
Microsoft, que defende que as escolas sejam tratadas como startups, com
atividades divididas por módulos, cujo resultado é avaliado em semanas, não
anos. O argumento de Weitz se baseia no fato de que, afinal, escola e startup
têm muito mais em comum do que se imagina.
“O estado atual da educação é como uma startup”, disse ele.
Primeiro, porque se tem um tempo limitado para construir algo. Segundo, porque
as necessidades dos consumidores – neste caso, alunos, pais e professores –
estão aumentando. Por último, porque a concorrência é muito grande. “Por isso
eu propus uma reforma educacional ágil”, afirmou o especialista, dizendo que
seu método une flexibilidade e possibilidade de adaptação rápida.
crédito Aaron Amat / Fotolia.com |
O começo de tudo é o estabelecimento, por parte da escola, de uma visão
ampla e, por que não, ousada. Para alcançar essa visão, a escola deve
desenvolver um produto e testá-lo. Na prática isso quer dizer que, se uma
instituição decide que sua missão é ter alunos que pensem criticamente, um
professor pode propor uma atividade de análise de prós e contras de notícias de
jornal por uma semana. Ao longo desse período, o professor deve avaliar
aspectos dessa atividade a fim de decidir, a partir de dados confiáveis, se ela
é eficiente para cumprir a missão.
Entre as métricas para avaliar a atividade pode estar, por exemplo, o
tempo que o aluno leva para completar a lista de prós e contras com qualidade.
Ou ainda se o material produzido é acessível, se ele foi organizado de maneira
que outras pessoas possam entendê-lo. Uma vez chegada à conclusão de que o
modelo serve para reforçar a visão, passa-se para a fase de aperfeiçoá-lo, para
que ele atinja a esse objetivo de maneira cada vez melhor para replicá-lo. Se o
modelo não tiver se provado bem sucedido, talvez seja o momento de deixá-lo para
trás. “É uma maneira de acelerar o teste de ideias num ambiente que você não
controla”, disse Weitz.
A ideia de Weitz se baseia em um
sistema que se tornou muito popular entre empreendedores do Vale do Silício, o
de startup lean. Por esse
conceito, as empresas elaboram produtos e testam continuamente, de forma a
mantê-lo em contínuo desenvolvimento. Para conseguirem isso, a inovação deve
fazer parte desse processo – e isso é o que precisa acontecer nas escolas: todo
mundo da comunidade escolar deve ser estimulado a empreender, propor testes e
modelos.
Com tantos testes, um risco é inevitável, o de expor crianças a modelos
que podem não se mostrar bons e acabar prejudicando seu desenvolvimento. Mas,
quanto a isso, Weitz é enfático: “E o que é melhor? Continuar fazendo o que
estamos fazendo?”, afirma o especialista que, em breve, começar a prototipar
sua ideia em escolas de Chicago. Ele esteve no Brasil, em novembro, falando
durante o TEDxUnisinos, confira o vídeo:
Fonte: Porvir (http://porvir.org/porpensar/e-se-escolas-fossem-como-startups/20130201) Por Patrícia Gomes 01/02/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário