ONG de Fortaleza incentiva a produção de informativos da classe como instrumento pedagógico capaz de resgatar o sentido social da escrita. Alunos e professores participam
O jornal escolar, prática incentivada pelo Vamos Ler e já inserida na rotina de muitas escolas, existe na educação de maneira sistêmica desde os anos 1920, impulsionada pelo educador francês Celestin Freinet. Por acreditar nos benefícios ao estimular a produção desse tipo de informativo por alunos, nas escolas, a Organização Não Governamental (ONG) Comunicação e Cultura, que trabalha com jornais escolares desde 1995, criou o Portal do Jornal Escolar. Hoje, mais de 800 jornais são vinculados ao portal. “Sentimos a necessidade de criar um recurso para disponibilizar nossos materiais a todas as escolas e professores do Brasil, como também recolher a produção desses professores e permitir que se conheçam. A internet era a única alternativa para viabilizar essa troca”, esclarece o coordenador geral da ONG, Daniel Raviolo.
A Comunicação e Cultura se propõe a contribuir para a disseminação do jornal escolar e a qualificação do seu uso como instrumento de uma proposta pedagógica que permite à escola assumir as mudanças produzidas pelo desenvolvimento da comunicação. “Permite que a prática da escrita tenha um sentido social e não seja apenas um exercício escolar que se faz porque a professora pediu, pela nota. A comunicação é real, faz com que os alunos se expressem na escola, falem de assuntos que lhe interessam, deem suas opiniões. Qualquer conteúdo curricular pode ser trabalhado no jornal”, ressalta Raviolo.
Para atingir o maior número de escolas, a ONG cria metodologias que são implementadas presencialmente, em parceria com secretarias de educação, e disponibiliza diversos materiais de apoio para a produção do infomativo no próprio Portal. Tudo pode ser baixado gratuitamente, inclusive o livro “O Jornal Escolar”, de Freinet e os jornais escolares já produzidos. A equipe também está desenvolvendo metodologias de formação e acompanhamento a distância.
Muitos resultados são observados nas turmas que praticam o jornal escolar, mas, de acordo com Raviolo, isso depende da gestão pedagógica do professor. “Se ele ouve os alunos ao escolher os temas, se desenvolve práticas de cooperação, se há escrita, revisão e reescrita, os bons resultados estão garantidos”, confirma.
Raviolo comemora os avanços nesses quase vinte anos de trabalho com o jornal, sendo que o principal foi ter resolvido a questão da impressão dos jornais através da parceria com uma gráfica que imprime a preço de custo para todo o Brasil. “Creio que a estratégia Jornal da Classe vai ajudar muito, pois permite que o jornal seja um recurso do professor motivado, sem depender das estruturas institucionais”, finaliza.
Fonte: Jornal da Manhã 19/04/2013
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