Henry Milléo / Gazeta do Povo |
Com o avanço e a disseminação da tecnologia, muitos educadores são instigados a colocar em prática esse instrumento em benefício da educação. No entanto, ainda existe uma grande lacuna entre o domínio da técnica e a apropriação de sentido que a tecnologia proporciona, o que gera dúvidas e debates sobre o tema.
Um profissional que está ganhando cada vez mais espaço em detrimento a essa necessidade é o educomunicador. Ao utilizar a linguagem e os recursos da comunicação para educar e da educação para comunicar, a educomunicação ultrapassa o limite do simples domínio da técnica e desperta entre os jovens o senso crítico, a inovação contínua, autonomia, associação da informação, capacidade de filtro e síntese. Além de consumidores de informação e de tecnologia, os alunos passam a ser produtores de comunicação. Conquistam vez, voz e espaço social.
A fim de conversar sobre o assunto, convidei para um bate-papo Thiago Chaer. Especialista que, mesmo ainda muito jovem, já soma mais de 13 anos de experiência na área de Tecnologia Educacional. Consciente de que a tecnologia é um meio, e não um fim, Chaer é presidente e coordenador de inovação e pesquisa do Instituto Inovar para Educar e coordenador pedagógico do projeto Aprender a Crescer, além de idealizador da plataforma Learning de gestão do conhecimento e compartilhamento de projetos, métodos e práticas pedagógicas e de gestão educacional. Confira a entrevista!
Como a linguagem da comunicação pode beneficiar a aprendizagem?
Um dos papéis da comunicação é incentivar o senso crítico. Na escola, isto deve ocorrer por meio de um projeto pedagógico que compreenda aspectos do pensamento crítico e sistêmico. Na análise de uma notícia veiculada pela mídia é preciso se aprofundar, pois normalmente esta informação está num nível superficial. Para isso, é preciso criticidade, a qual se desenvolve com exercícios de aprendizagem que englobam especialmente a análise das palavras que fazem parte do contexto da reportagem. A primeira compreensão que o aluno precisa ter é a de se situar e depois se aprofundar no texto para analisar o que é coerente ou não para o seu objetivo.
Esse exercício de aprendizagem seria a leitura crítica da mídia?
Exatamente, pois os meios informacionais e computacionais são muito dinâmicos e massivos, por isso o seu uso acaba gerando muita discrepância e inconsistência. Com isso, por exemplo, para uma simples pesquisa na internet é necessário o senso crítico e muita dedicação na construção deste conhecimento. Quando eu recebo uma informação é preciso avaliar se é pertinente, coerente e relevante. Se ela é relevante como um texto atual, pertinente para o contexto e coerente com os meus valores e princípios e com o que estou buscando para o projeto proposto pelo educador. O educando também pode ser um propositor de novos caminhos, ressignificando a proposta lançada pela escola. Acredito que esse seja o grande salto que a educação precisa dar: proporcionar ao aluno a participação nas decisões.
A educominicação segue esta linha de pensamento: estimular o protagonismo da ação entre os alunos. Isto é, que os jovens sejam, além de consumidores, produtores da informação. Você acredita que a escola já está aberta para essa proposta, ou ainda é muito difícil romper o sistema?
O sistema ainda é muito forte, pois é preciso mudar a cultura da escola. O que é necessário articular para que as coisas comecem a acontecer na educação de forma consistente é trabalhar a cultura das pessoas e da organização de maneira que seja possível uma convergência de culturas que valorize as diferenças. E a educomunicação proporciona esse contato com a diversidade. Se tivermos acesso ao diferente e valorizarmos essa oportunidade, iremos reunir o melhor de todos os mundos. Além disso, a educomunicação proporciona um espaço seguro para o debate e para o exercício da argumentação.
Nunca se produziu tanta informação como hoje, mas ao mesmo tempo com muita desorientação. Essa ‘esquizofrenia’ comunicacional invadiu várias instituições: meios de comunicação, escola, família. O que o educador pode fazer para começar a encontrar um sentido neste ‘bombardeio’?
Precisamos comemorar essa democratização da informação que estamos vivemos. No entanto, quando temos muitas escolhas é mais fácil se perder. Por isso é importante, de novo, o pensamento crítico, a análise da informação e o entendimento para onde quero ir com tudo isso que estou tendo acesso. Não basta instrumentalizar, ter a tecnologia como fim, mas sim como meio. O aluno espera essa orientação, essa mediação do educador. Mas, a meu ver, a educação carece de profissionais multidisciplinares. Novos olhares são necessários, como a sociologia, a filosofia e a própria educomunicação, que faz o meio de campo entre a sociedade e a escola, bem como dá sentido entre a tecnologia e o que fazer com esse instrumento.
Como os pais podem motivar seus filhos a também produzirem informação dentro de casa, e não apenas atuarem como consumidores?
Existe uma infinidade de sites que incentivam a construção do conhecimento e do aprendizado. O próprio youtube é uma ferramenta de disseminação de ideias, de projetos e de invenções que as crianças em seu dia a dia constroem. E até nessa divulgação do que foi construído é preciso senso crítico. É necessário questionar: “vou publicar em qual site, para atingir quem? Estou preparado para receber críticas e sugestões?”. Tudo isso encoraja para que a criança exponha a sua criatividade, ideias e pensamentos.
Um dos papéis da comunicação é incentivar o senso crítico. Na escola, isto deve ocorrer por meio de um projeto pedagógico que compreenda aspectos do pensamento crítico e sistêmico. Na análise de uma notícia veiculada pela mídia é preciso se aprofundar, pois normalmente esta informação está num nível superficial. Para isso, é preciso criticidade, a qual se desenvolve com exercícios de aprendizagem que englobam especialmente a análise das palavras que fazem parte do contexto da reportagem. A primeira compreensão que o aluno precisa ter é a de se situar e depois se aprofundar no texto para analisar o que é coerente ou não para o seu objetivo.
Esse exercício de aprendizagem seria a leitura crítica da mídia?
Exatamente, pois os meios informacionais e computacionais são muito dinâmicos e massivos, por isso o seu uso acaba gerando muita discrepância e inconsistência. Com isso, por exemplo, para uma simples pesquisa na internet é necessário o senso crítico e muita dedicação na construção deste conhecimento. Quando eu recebo uma informação é preciso avaliar se é pertinente, coerente e relevante. Se ela é relevante como um texto atual, pertinente para o contexto e coerente com os meus valores e princípios e com o que estou buscando para o projeto proposto pelo educador. O educando também pode ser um propositor de novos caminhos, ressignificando a proposta lançada pela escola. Acredito que esse seja o grande salto que a educação precisa dar: proporcionar ao aluno a participação nas decisões.
A educominicação segue esta linha de pensamento: estimular o protagonismo da ação entre os alunos. Isto é, que os jovens sejam, além de consumidores, produtores da informação. Você acredita que a escola já está aberta para essa proposta, ou ainda é muito difícil romper o sistema?
O sistema ainda é muito forte, pois é preciso mudar a cultura da escola. O que é necessário articular para que as coisas comecem a acontecer na educação de forma consistente é trabalhar a cultura das pessoas e da organização de maneira que seja possível uma convergência de culturas que valorize as diferenças. E a educomunicação proporciona esse contato com a diversidade. Se tivermos acesso ao diferente e valorizarmos essa oportunidade, iremos reunir o melhor de todos os mundos. Além disso, a educomunicação proporciona um espaço seguro para o debate e para o exercício da argumentação.
Nunca se produziu tanta informação como hoje, mas ao mesmo tempo com muita desorientação. Essa ‘esquizofrenia’ comunicacional invadiu várias instituições: meios de comunicação, escola, família. O que o educador pode fazer para começar a encontrar um sentido neste ‘bombardeio’?
Precisamos comemorar essa democratização da informação que estamos vivemos. No entanto, quando temos muitas escolhas é mais fácil se perder. Por isso é importante, de novo, o pensamento crítico, a análise da informação e o entendimento para onde quero ir com tudo isso que estou tendo acesso. Não basta instrumentalizar, ter a tecnologia como fim, mas sim como meio. O aluno espera essa orientação, essa mediação do educador. Mas, a meu ver, a educação carece de profissionais multidisciplinares. Novos olhares são necessários, como a sociologia, a filosofia e a própria educomunicação, que faz o meio de campo entre a sociedade e a escola, bem como dá sentido entre a tecnologia e o que fazer com esse instrumento.
Como os pais podem motivar seus filhos a também produzirem informação dentro de casa, e não apenas atuarem como consumidores?
Existe uma infinidade de sites que incentivam a construção do conhecimento e do aprendizado. O próprio youtube é uma ferramenta de disseminação de ideias, de projetos e de invenções que as crianças em seu dia a dia constroem. E até nessa divulgação do que foi construído é preciso senso crítico. É necessário questionar: “vou publicar em qual site, para atingir quem? Estou preparado para receber críticas e sugestões?”. Tudo isso encoraja para que a criança exponha a sua criatividade, ideias e pensamentos.
Patrícia Melo é jornalista desde 2001 e há oito anos atua em benefício da Educação por meio da Comunicação. Hoje, também é empreendedora, com a Presença – Comunicação Educacional, que tem como objetivo a produção de textos, entrevistas, reportagens e projetos comunicacionais direcionados especialmente ao universo educacional. Dessa forma, contribui para um diálogo mais consistente e criativo entre a Escola e a Família.
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