Por MARIANA FONSECA E PATRÍCIA GOMES - PorVir (16/05/2012)
Intrigada com as inovações que a inclusão de atividades virtuais poderia trazer para a educação básica, uma pesquisadora do Innosight Institute, dos EUA, resolveu mapear modelos usados em 40 escolas americanas que tinham alguma proposta digital. A pesquisa mostrou que, apesar do amplo uso dos computadores no espaço escolar, a maior parte das instituições ainda não conseguiu explorar o potencial das novas tecnologias.
O formato mais encontrado por Heather Staker no estudo foi aquele em que o aluno tem aulas presenciais tradicionais e busca complementar seu aprendizado por meio das plataformas disponíveis on-line. Nele, a interação entre os dois momentos é baixa, mas é um primeiro passo para a adoção das novas tecnologias em sala de aula. Segundo a especialista, esse modelo é um exemplo, ainda que rudimentar, do que chama de blended learning.
O termo em inglês, ainda sem equivalente no Brasil, é usado para designar uma forma de educação mista, que inclui parte do aprendizado em ambiente on-line e parte em salas de aula físicas, nos moldes mais tradicionais. O formato, acredita Staker, tem potencial para revolucionar a educação. Mas, para isso ocorrer, as escolas deverão usar as ferramentas digitais para transformar e não apenas para incrementar as aulas.
Um dos principais pilares do blended learning que pode ajudar nesse processo é a autonomia que as novas tecnologias podem dar aos alunos, que passam a ter controle sobre o tempo, o lugar, o caminho ou o ritmo de seu próprio aprendizado. “A autonomia é crucial para distinguir o blended learning de formatos mais tradicionais”, diz Staker.
A preocupação de colocar o aluno como protagonista do aprendizado não é apenas de Staker ou das 40 escolas americanas que a especialistas monitorou. Aqui no Brasil, o assunto será o tema central do painel de abertura da Educatec, fórum sobre inovação em educação da feira Educar Educador, que ocorre de hoje a sábado em São Paulo.
Na prática, é mais fácil inovar no ensino fundamental do que no médio, quando há a cobrança da preparação para o vestibular
Cristiana de Assumpção, que vai participar do debate e é coordenadora de tecnologias educacionais do colégio Bandeirantes, considera que as melhores oportunidades de levar o aluno ao protagonismo da aprendizagem estão em propostas de atividades completamente novas, sempre combinando as oportunidades que a tecnologia traz com orientações presenciais – oblended learning de Staker. Esses projetos inovadores, afirma a professora, não podem ser fechados, completamente programados pelos professores, mas devem prever espaço para a intervenção natural dos alunos.
Assumpção cita como exemplo um jornal que alunos do ensino fundamental do colégio onde leciona fizeram. Os jovens usaram iPads para coletar informações no pátio da escola, lançaram mão de um aplicativo para enquetes e produziram os textos. O projeto contou com a ajuda e a orientação de professores de várias disciplinas. “Nesse caso, os alunos foram os protagonistas. Eles encontraram a informação, transformaram e divulgaram.”
Um grande entrave para a adoção de propostas de aprendizado mais inovadoras, afirma Assumpção, está nos currículos amarrados. Por isso, a especialista diz que, na prática, é mais fácil inovar no ensino fundamental do que no médio, quando há a cobrança da preparação para o vestibular.
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